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Coletivos promovem primeira Calourada Preta Unificada

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A UFJF vai sediar, pela primeira vez, a Calourada Preta Unificada, que já acontece em outras universidades pelo país e é, muitas vezes, organizada por alunos que ingressaram nas instituições por meio das políticas de ações afirmativas. A iniciativa visa refletir sobre contextos atuais de dentro e de fora dos muros da universidade, como misoginia, racismo institucional, trajetória acadêmica, moda, expressão corporal, entre outros assuntos, reunindo artistas, intelectuais, pesquisadores e ativistas negros. Composta por atividades gratuitas, a programação tem início nesta quarta (22) e segue até sexta-feira (24), em diversos pontos do campus. É necessário fazer inscrição online, pelas páginas da Calourada, já que a participação está sujeita à lotação dos espaços onde as atividades serão realizadas. Os participantes receberão certificados.

A acolhida aos novos estudantes cria, fomenta e fortalece uma rede entre os discentes negros, para enfrentar os contextos de dificuldade que tocam desde o ingresso até a permanência na instituição. Neste contexto, a Calourada reúne os Coletivos Laboratório Descolônia, Práxis Negra, Negro Resistência Viva e As Ruths e reforça a necessidade do diálogo e da troca de saberes. “A unificação partiu da necessidade de apoiar e também divulgar os grupos que se organizam e lutam pela causa durante todo o ano, sendo uma oportunidade para criar parcerias e também para aprendermos uns com os outros”, explica Renata Dorea, artista e uma das organizadoras do evento.

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O desejo, de acordo com ela, é de que as comunidades externa e interna tenham consciência das pautas e também da existência das poéticas negras, “assim como da história de vida de ativistas, artistas, intelectuais e das pessoas próximas da causa, desta maneira, inteirando o contexto atual, no qual a juventude negra está lutando para sair das estatísticas infelizes do genocídio e da violência.”

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Combate ao racismo

O combate ao racismo institucional é o principal fio condutor de criação dos coletivos e reforça a necessidade de um movimento negro atuante, segundo Renata. “Vidas negras importam tanto quanto a memória de nossos ancestrais. Por conta disso, o racismo entranhado em nossa história pós-colonial tem resquícios extremamente tóxicos. A necessidade de apontar esse problema é emergencial para tomarmos medidas em relação ao seu enfrentamento, por uma sociedade mais justa e igualitária.”

O evento se insere em um momento em que discussões recentes sobre casos de racismo e de fraudes no sistema de cotas raciais se destacaram na instituição, e os coletivos acompanham atentos os desdobramentos dessas situações. “Passamos no primeiro semestre de 2018 pelo desmascaramento de fraude nas cotas, fato que já acontecia e acontece, privando a entrada de negros no ambiente universitário. Atos racistas por parte de discentes, docentes e servidores são cotidianos. Escutar relatos e vivenciar (atos racistas) em meio a comentários ou subjugamentos no ambiente acadêmico não deve ser tolerado”, afirma Renata.

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