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Três pessoas ficam soterradas após deslizamento de terra no Aracy

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Bombeiros trabalham no resgate das vítimas
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Um deslizamento de terra ocorrido em uma obra na manhã desta sexta-feira (21) deixou três pessoas feridas no Bairro Aracy, na Zona Sudeste de Juiz de Fora. A operação de resgate contou com os trabalhos da Polícia Militar (PM), Corpo de Bombeiros, Samu e ajuda de populares. O acidente aconteceu por volta das 9h30, na construção da base de uma casa na Rua Bárbara Campagnacci Borboni, ao lado do número 80. Lenilson Marques Castorino, 43 anos, e Gilmar Martins, 29, foram rapidamente resgatados. Já Gean Claudio de Moraes, 41, ficou soterrado por cerca de duas horas. Ele foi retirado pelos bombeiros por volta das 11h30 sob aplausos da população, que estava bastante mobilizada e acompanhava aflita a situação.

Local do desmoronamento (Foto: Reprodução/NDR Oficial)

Um dos sobreviventes, Gilmar Martins, trabalha em uma serralheria próxima ao local e tentou resgatar Gean, mas acabou ficando soterrado devido a um segundo deslizamento, junto com Lenilson, que também auxiliava. “De repente começamos a escutar gritos de ‘ajuda, ajuda’. Vimos que tinha caído terra em cima do rapaz e fomos ajudar. Pegamos a pá para tirar a terra de cima dele e descobrimos o rosto, para ele poder respirar.” Logo depois, eles foram avisados de que havia mais terra caindo. “Mas não esquentamos a cabeça, porque queríamos tirar ele lá de dentro. Aconteceu de desmoronar, soterrando nós dois.”

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Ainda conforme Gilmar, cerca de quatro pessoas trabalhavam na obra no momento do desastre. Ele teve o corpo todo encoberto. “Só minha cabeça ficou do lado de fora. Quem me ajudou mais a sair foi meu pai. Devo muito a ele. Graças a Deus está comigo em todos os momentos. A terra estava fazendo muita pressão e quase quebrando a minha perna.” A vítima foi resgatada com ferimentos na cabeça, ombro e costas. Gilmar foi atendido no local pelo Samu e liberado.

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Já Lenilson, que ficou soterrado do tronco para baixo e sofreu escoriações, foi encaminhado pelo Samu para atendimento no HPS. Gean, o último homem a ser retirado, recebeu oxigênio no local e também foi conduzido ao mesmo hospital. De acordo com a Secretaria de Saúde, Gean não apresentou fraturas. Lenilson também passou por atendimento e continuou hospitalizado no mesmo setor. Todos foram liberados no início da noite de sexta (21).

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Ligação direta de oxigênio

O tenente responsável pela coordenação dos bombeiros, Iuri Éder Caetano, contou como foram as manobras para garantir o sucesso do resgate dos três homens. “As nossas guarnições chegaram primeiramente ao local e havia duas vítimas parcialmente soterradas, que foram rapidamente retiradas. A terceira estava totalmente soterrada, mas o pessoal conseguiu acesso a ela por meio de um cano de PVC e, tão logo conseguiu descobrir a cabeça dela, fez ligação direta de oxigênio. Os militares mantiveram contato durante todo o tempo e, na sequência, demos início à retirada da terra, junto com a Polícia Militar e o Samu. Depois fizemos a imobilização do senhor e sua retirada.”

Segundo Caetano, graças ao bom treinamento, a equipe conseguiu manter a calma para resgatar com vida o homem de um buraco escavado para a estrutura conhecida como tubulão – tipo de fundação profunda de concreto, com diâmetro da base maior que o do restante. “Nossa maior dificuldade foi mesmo a questão da terra sobre ele. Tivemos que usar vários baldes. Ele sentia muitas dores nas pernas e costas, teve câimbra, mas estava consciente e orientado.”

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‘Comecei escavando com as próprias mãos’

O sargento Rony Praxedes Vieira, do Corpo de Bombeiros, foi o primeiro a ter contato com Gean, quando ele ainda estava totalmente soterrado. “Comecei escavando com as próprias mãos.” Depois, com auxílio de baldes cedidos pela própria população, foi sendo retirada a terra. “Ele estava soterrado a uma profundidade aproximada de cinco metros. Conversei com ele o tempo inteiro. Consegui colocar um tubo de PVC e monitorar o oxigênio para que ele permanecesse estável no buraco. Falei com ele, ‘vamos sair daqui juntos’.”

Charles Oliveira e o bombeiro Rony Praxedes após o resgate (Foto: Felipe Couri)

Com 25 anos de dedicação à corporação, Praxedes comenta que, para ele, é como se fosse o primeiro salvamento de sua vida. “Foi um trabalho da equipe, que precisou ser realizado com muito profissionalismo, sem medir esforços. A satisfação é muito grande de chegar e conseguir salvar um trabalhador desse jeito.” O sargento comenta que foi um procedimento delicado, do início ao fim, “mas não perdi a esperança de tirá-lo de lá. Assim que o vi vivo, carregado para a ambulância, foi a maior alegria que eu tive.”

Enquanto carregava baldes, Charles da Silva Oliveira, 18 anos, também não escondia a alegria de ver que todo o esforço para ajudar no resgate foi bem-sucedido. “Estava ao lado e houve o primeiro desabamento. Comecei a gritar e fui tirando terra com as mãos. Conseguimos retirar a cabeça dele (Gean). Mas voltou a cair terra, tapou o rosto dele de novo. Foi quando os Bombeiros chegaram. Foram dois deslizamentos. Todo mundo da rua ajudou.”

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Obra embargada

Por volta das 11h, uma equipe da Defesa Civil chegou ao local para avaliar a situação e embargou a obra até que toda documentação necessária seja apresentada. O técnico Onofre Chaves Júnior disse que foi realizada uma escavação embaixo de uma encosta sem a devida sustentação. “A escora que está lá agora foi feita pelos bombeiros. Infelizmente, as pessoas subestimam os riscos de obra, e aconteceu.” Para ele, a placa afixada no local já é um “bom indício” de que a construção estaria regular. “Mas até comprovarem toda a situação e regularizarem a parte de segurança, a obra vai ficar embargada.” Pela avaliação do técnico, a escavação não afeta residências vizinhas.

Em entrevista à Tribuna, a proprietária da obra, Marcília da Glória Oliveira Souza, informou que no local estava sendo construída a base para uma casa. “Depois seriam feitas mais duas residências na frente, com uma garagem por cima da base, que teria que ser bem forte.” Segundo ela, os trabalhos começaram há cerca de três semanas e eram realizados por cinco ou seis homens. Ainda conforme a mulher, há engenheiro responsável e alvará para a construção.

Conforme a assessoria da Defesa Civil, a obra tem placa de responsável técnico, o qual deverá dar condições para estabilização do talude. “Os bombeiros fizeram uma barreira física para os funcionários poderem trabalhar na parte de baixo, em segurança. Na segunda-feira, o responsável irá apresentar a documentação, como a licença da obra, na Defesa Civil. Caso essa documentação não exista, a fiscalização da Semaur (Secretaria de Meio Ambiente e Ordenamento Urbano) será acionada. Lembrando que trata-se de obra particular, portanto, o responsável técnico responde por qualquer problema que ocorra na obra.” Ainda de acordo com a pasta, se na segunda-feira for comprovada a regularidade da construção, os funcionários poderão voltar a trabalhar, “com a devida segurança”.

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