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Marmita sim, senhor!

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O relógio avisa: meio-dia. Nesta hora muita gente se resolve como pode para matar a fome. Enquanto alguns buscam restaurantes e lanchonetes, tem uma turma investindo na marmita, um hábito antigo que voltou a ser praticado por quem busca uma vida mais saudável ou quer ter mais segurança alimentar e economizar.

O publicitário Pedro Paulo Marques, 22 anos, sempre foi adepto do fast-food e optava por este tipo de lanche sempre que podia. Há dois anos ele iniciou uma dieta para controlar o peso e a comida caseira foi a saída. “Achava que levar marmita era algo meio cafona, mas, depois que comecei a trabalhar, vi que ela é vida! Onde trabalho muita gente traz comida de casa. Apesar de não ser tão prático, tenho mais segurança naquilo que estou comendo. Como faço uma dieta mais protéica, sempre como uma salada, carne ou omelete no almoço. Conto com a ajuda da minha mãe para preparar as refeições”, diz.

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Beatriz é adepta da marmita desde a infância e não liga de levá-la para todos os lugares (Foto: Olavo Prazeres)

 

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A estudante Beatriz Braida, 21, sempre foi adapta da marmita. Desde criança ela levava algo de casa para comer no recreio. E hoje, por conta das aulas e do estágio, carrega sua lancheira para todo lugar. “Mesmo mais velha, quando as pessoas achavam ‘pagação de mico’ levar potinho com lanche de casa, eu sempre levei o meu”, conta Beatriz, que traz de casa o almoço e lanches da tarde e da noite. A estudante ainda considera a marmita um hábito de família. “A minha mãe conta que sempre levou lanche de casa, seja para a escola ou para o trabalho. Quem faz a comida são meus avós. A marmita hoje, pra mim, representa uma economia, pois está muito caro comer na rua. Além disso, ao levar comida de casa, minha alimentação melhorou bastante, e eu já sinto algumas diferenças no meu organismo por conta dessa regularidade”, comenta.

Vida saudável

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Preocupada com a saúde, a também estudante Larissa Lima, 23, procura ler sobre os alimentos e botar a mão na massa, testando receitas para garantir bons hábitos alimentares. Por conta da rotina de exercícios físicos, estudos e estágio, sempre tem à mão lanches para comer ao longo do dia. Em sua bolsa térmica sempre tem uma fruta, frango, ovo e batata doce. “Meus pais sempre buscaram ser saudáveis, inclusive, vamos voltar a cultivar a nossa horta esse ano. Me sinto bem quando consigo comer bem. Estou me aproximando aos poucos da cozinha e quero melhorar. Vejo que fazer a comida em casa é sinônimo de economia.”

Quem ‘marmita’ come melhor

Ter sempre alimentos trazidos de casa ao alcance das mãos é uma maneira de não fugir da dieta e evitar cair de boca em produtos industrializados. De acordo com a nutricionista Jéssica Hinkelmann, a longo prazo, a ingestão de alimentos processados, dado ao teor elevado de aditivos como corantes, açúcares e gorduras, pode causar uma série de problemas no organismo, como envelhecimento precoce da pele, doenças autoimunes, excesso de peso, alteração da glicemia, pressão arterial e mudanças na flora intestinal. “Quando a pessoa decide adotar uma alimentação mais saudável, ela passa a conhecer novos alimentos e a sentir o sabor real deles, sem alteração do paladar causada pelos aditivos. Há melhora na disposição, na aparência física e nos sintomas gastrointestinais, além de economia financeira. É um estímulo para que as pessoas continuem a produzir seus próprios alimentos”, alerta Jéssica.

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Outro benefício da marmita, segundo a nutricionista, é ter mais qualidade nutricional e segurança no que se come, pois é possível saber a procedência dos alimentos, selecionar ingredientes e higienizá-los de maneira correta. “Ao preparar sua própria refeição, a pessoa tem a oportunidade de escolher os temperos, preferindo ervas naturais, alho, cebola que auxiliam na prevenção de doenças e funcionamento adequado do organismo, ao contrário dos temperos industrializados, com alto teor de sódio e conservantes. Outra vantagem é poder comprar alimentos orgânicos, livres de agrotóxicos e com maior teor de vitaminas e minerais. Quem está começando a ‘marmitar’, o segredo é ter organização e planejamento, reservando um dia da semana para ir à feira, ao supermercado e para preparar os alimentos. Este é o segredo para não desistir e comer um fast-food”, recomenda.

Para não sair da dieta, Pedro Paulo conta com o apoio da mãe para cozinhar e garantir a marmita (Foto: Olavo Prazeres)

Mercados aquecidos

Ao começar a fazer as lancheiras, Kris mirou nas crianças, mas acertou nos adultos. O produto, hoje, está entre os mais procurados (Foto: Leonardo Costa)

 

A artesã Kristina Costa Albuquerque incorporou, há cinco anos, as lancheiras em seu rol de produtos. Na época, a ideia era destinar o modelo ao público infantil, aproveitando a volta às aulas. Mas, para sua surpresa, o item conquistou mesmo foi o coração dos adultos. “Noventa por cento das lancheiras que produzo são destinadas ao público adulto. Ela está entre os itens mais procurados. As pessoas querem não só para almoço, mas para armazenar lanches do dia, como frutas, bolos, barrinhas de cereal”, conta Kristina, que produz quatro modelos de lancheiras, inclusive térmicas. A artesã conta que, no último ano, os homens também passaram a se interessar pelas lancheiras. “Hoje preciso diversificar bem nas estampas e tecidos, inserindo cores mais sóbrias.”

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Outro nicho que vem se destacando é o de marmitas personalizadas, direcionadas a pessoas que não têm tempo para preparar a comida, entregues na hora e no local combinado. Criado há cinco anos pela nutricionista Sther Brum Peralva, o Na Medida é um modelo de negócio que facilita a vida de quem está em processo de reeducação alimentar e faz dietas com porções regradas. “Trabalhamos com protocolos personalizados que atendem desde pessoas fitness até quem tem problemas de saúde e necessitam de uma alimentação mais específica”, explica Sther, destacando que os programas de refeições podem abranger do café da manhã até ceia, conforme a necessidade da pessoa. A nutricionista ressalta que a elaboração das refeições pode partir de uma dieta estabelecida por profissional da área ou de preferências alimentares da pessoa ou da família. “Nosso diferencial é que focamos em alimentos selecionados e sem produtos industrializados, o que traz mais confiabilidade naquilo que se está comendo. Temos planos, inclusive, que a pessoa recebe todas as refeições pela manhã e as consome ao longo do dia.”

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