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Ato pede liberação da ‘pílula do câncer’

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Atualizada às 19h41

Ato, que aconteceu em outras cidades do país, pretende recolher um milhão de assinaturas (Foto: Marcelo Ribeiro/21-03-16)

“Eu tenho um filho com câncer em fase de metástase. Esse medicamento é a minha única esperança”, desabafa Mirian Siqueira, 51 anos, uma das organizadoras de um ato público realizado nesta segunda-feira (21), no Calçadão da Rua Halfeld, que pedia a aprovação, no Plenário do Senado, do uso da fosfoetanolamina sintética por pacientes diagnosticados com câncer, antes do registro pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A liberação do composto deve ser discutida nesta terça, em Brasília. Se aprovada, segue para sanção da presidente Dilma Rousseff. O composto, que ficou conhecido como “pílula do câncer”, era produzido pela Universidade de São Paulo (USP) e distribuído para a população que buscava o produto. Em pré-testes, a substância obteve bons resultados. No entanto, por ainda não haver estudos que comprovem a sua eficácia, a distribuição foi proibida. Ainda assim, pacientes em estágios avançados da doença têm conseguido liminar na Justiça para obter a substância. “Em Juiz de Fora, não soube de ninguém que conseguiu liminar. Temos relatos de pacientes que faleceram tentando conseguir acesso a esse medicamento. Algumas pessoas no país conseguem a liminar, mas como não há produção em escala, têm dificuldade para ter acesso ao produto”, relata Mirian. Inicialmente, apenas pacientes em estágio avançado do câncer poderiam ter acesso ao composto. “Temos relatos de pacientes que tomaram o medicamento e foram melhorando. Se o remédio fizer o câncer estacionar, já propicia uma qualidade de vida”, avalia Katia Rizzo, 40, também organizadora do ato. Receio Enquanto pacientes e familiares colocam suas expectativas na “pílula do câncer”, a classe médica vê com receio o composto. Conforme a oncologista Christiane Meurer, não há nada publicado sobre o medicamento, estando seu estudo ainda em fase inicial. “Ele pode ser válido para alguém, mas ainda não há estudos para identificarmos. É preciso um estudo com um grupo sob controle para saber qual o benefício. Todas as drogas começam em pacientes com doença avançada. Se tiver benefício, trazemos para etapas anteriores.” O especialista em clínica médica com área de atuação em medicina paliativa Bruno Reis concorda com a oncologista. “Devido à falta de estudos clínicos de qualidade, não há como dizer se o medicamento é realmente eficaz. A medicina paliativa busca a qualidade de vida de pacientes e familiares diante de doenças crônicas, avançadas e em progressão. O foco é amenizar ao máximo o sofrimento utilizando as abordagens específicas dos diversos profissionais da equipe e medicamentos consagrados e seguros. Voltarmos nossa atenção para esse medicamento ainda sem embasamento científico comprovado apenas retira o foco do cuidado necessário nesse momento tão difícil, permitindo que o sofrimento se perpetue e o cuidado paliativo seja deixado de lado.”

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