De acordo com a última atualização do painel de monitoramento de arboviroses da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), Juiz de Fora registrou 802 casos prováveis de dengue em 2024. Os novos dados foram divulgados na terça-feira (20) e mostram também que 698 casos foram confirmados no município. Até o momento, um óbito por complicações da doença é investigado pela pasta.
Em relação aos casos de chikungunya, a cidade contabiliza cinco suspeitas e quatro confirmações. Já a respeito da zika, não foram confirmados casos e também não há suspeitos.
Em Minas Gerais, ainda conforme o levantamento, foram registrados 250.164 casos prováveis de dengue, sendo que 86.184 já foram confirmados. Até então, no estado, há 26 óbitos pela doença confirmados e 147 em investigação.
Sintomas da dengue
A dengue pode variar desde uma doença assintomática (ou seja, sem manifestação de sintomas), até quadros graves com hemorragia e choque. A maioria dos doentes se recupera, mas pode progredir para formas graves, inclusive virem a óbito. Todas as faixas etárias são igualmente suscetíveis à doença, mas pessoas com condições preexistentes, mulheres grávidas, lactentes, crianças (até 2 anos) e maiores de 65 anos têm maiores riscos de desenvolver complicações.
Normalmente, o primeiro sintoma da dengue é a febre alta (39° a 40°C) de início repentino, que geralmente dura de dois a sete dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos e erupções cutâneas. Também é comum ocorrerem náuseas e vômitos, que resultam em perda de peso.
Nessa fase febril, é difícil diferenciar a doença de outras enfermidades. Por isso, é importante consultar um médico em caso de suspeita para obter tratamento. No entanto, o Ministério da Saúde alerta que após o período febril deve-se ficar atento. Com o declínio da febre (entre 3° e o 7° dia do início da doença), sinais de alarme podem estar presentes e marcar o início da piora no indivíduo. Esses sinais indicam o extravasamento de plasma dos vasos sanguíneos, hemorragias severas ou comprometimento grave de órgãos, que podem evoluir para o óbito do indivíduo. Eles são:
- Dor abdominal intensa e contínua, ou dor quando o abdome é tocado;
- Vômitos persistentes;
- Acúmulo de líquidos;
- Sangramento de mucosas (principalmente nariz e gengivas);
- Letargia (perda de sensibilidade e movimentos) ou irritabilidade;
- Hipotensão postural (tontura e queda de pressão em determinadas posições)
- Hepatomegalia (aumento do fígado) maior do que 2 cm;
- Aumento progressivo do hematócrito (porcentagem de glóbulos vermelhos ou hemácias no sangue).
De acordo com o Ministério da Saúde, não existe necessidade da realização de exames específicos para o tratamento da doença, uma vez que o diagnóstico é baseado nas manifestações clínicas apresentadas. Entretanto, para apoiar o diagnóstico clínico existem disponíveis técnicas laboratoriais para identificação do vírus até o 5° dia de início da doença e pesquisa de anticorpos, realizada a partir do 6° dia de início dos sintomas.
Tratamento
Independentemente do estágio, é preciso procurar a orientação de um médico, que pode recomendar um acompanhamento ambulatorial nos casos mais simples, até encaminhar o paciente para internação em unidade de terapia intensiva nas ocorrências mais graves. Como não existem medicamentos específicos para combater o vírus, nos casos de menor gravidade, quando não há sinais de alarme, a recomendação é fazer repouso e ingerir bastante líquido.
Além disso, uma das orientações do Ministério da Saúde é a não automedicação. A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) alertou que o ácido acetilsalicílico, ou AAS, conhecido popularmente como aspirina, afeta a coagulação de pacientes com o vírus da dengue, o que leva ao aumento do risco de sangramentos e o agravamento da doença. Medicamentos que integram a categoria chamada de anti-inflamatórios não esteroidais, como ibuprofeno e nimesulida, também aumentam as chances de sangramento e não devem ser usados no tratamento dos sintomas da dengue. Os corticoides, casos da prednisona, prednisolona, dexametasona e hidrocortisona também são contraindicados, assim como a ivermectina.
Prevenção
Em dezembro de 2023, a vacina contra a dengue foi incorporada no Sistema Único de Saúde (SUS). Embora exista a vacina contra a dengue, o controle do vetor, o mosquito fêmea do Aedes aegypti, é o principal método para a prevenção e controle para a dengue e outras arboviroses urbanas, como chikungunya e zika, seja pelo manejo integrado de vetores ou pela prevenção dentro dos domicílios.
Além das ações realizada pelos agentes de saúde, a população pode utilizar de outras medidas:
- uso de telas nas janelas e repelentes em áreas de reconhecida transmissão;
- remoção de recipientes nos domicílios que possam se transformar em criadouros de mosquitos;
- vedação dos reservatórios e caixas de água;
- desobstrução de calhas, lajes e ralos.
*Estagiária sob a supervisão do editor Bruno Kaehler