“Foi como um tsunami”. É assim que o empresário Guilherme Duarte, de Juiz de Fora, define como foi a tragédia que devastou Petrópolis (RJ) na última terça-feira (15). Guilherme tem seis empreendimentos na cidade localizada a 120 quilômetros de Juiz de Fora, e teve três lojas localizadas na Rua do Imperador invadidas pela água. Uma semana depois da inundação, ele e os funcionários ainda contabilizam prejuízos.
O empresário relata que a força da água era impressionante. “Foi tudo muito rápido. As imagens de circuitos de segurança do entorno mostram que a água atingiu 1,9 metro em apenas quatro minutos. O efeito foi devastador”, diz Guilherme. Ele conta que as chuvas começaram no horário comercial. Quando perceberam que a água estava subindo, os funcionários fecharam as portas e colocaram comportas para conter a enxurrada, mas não adiantou. As lojas ficaram completamente cheias d’água. “Foi como um tsunami. Mesmo com as portas fechadas, a água rompeu com tudo.”
Ao verem o nível da água subir, os trabalhadores se abrigaram nas sobrelojas. Nenhum deles se feriu, e todos seguem nos trabalhos para limpar a sujeira deixada pela enchente. Nas lojas, entretanto, ficou o rastro da destruição. “Das seis unidades que temos na cidade, três ficaram praticamente destruídas, desde móveis, equipamentos, computadores, até os produtos, tudo acabou. Realmente é muito triste. No nosso caso, ainda temos outras unidades, até em outras cidades, mas muita gente só tinha um ponto comercial que sobrevivia daquilo, eles perderam tudo.” De acordo com ele, não houve comércio na Rua do Imperador que não tenha sido afetado pela água. Alguns em maior grau, outros em menor, mas a água invadiu todos os estabelecimentos, sem exceção.
Apesar do prejuízo material, o empresário se diz aliviado por saber que seus funcionários e familiares não ficaram feridos. “Olhando para o cenário de Petrópolis e percebendo que nenhum dos nossos funcionários perdeu a vida e nenhum familiar próximo, percebemos que que a tragédia poderia ter sido muito pior (…). Quando você chega e observa que o problema se resumiu à perda material, dá uma tristeza, mas, ao mesmo tempo, quando soube que nenhum dos trabalhadores perdeu a vida, foi um alívio enorme.”
‘As pessoas estão muito fragilizadas’
Conforme Guilherme, mesmo que os trabalhos para limpar as principais vias seja incessante, o cenário ainda é de horror. “A cidade está imersa em um clima terrível de consternação, muitas pessoas perderam suas casas, suas vidas. Eu nunca tinha visto nada nessa proporção em 20 anos presente na cidade de Petrópolis.”
Ainda de acordo com Guilherme, o impacto maior é sobre o psicológico e o emocional das pessoas que testemunharam os momentos de horror da enchente. “Aquelas cenas, com corpos das pessoas que morreram nas principais ruas e avenidas da cidade jamais vão sair da cabeça. Quem presenciou tudo aquilo está terrivelmente marcado. As pessoas contam e narram o que aconteceu e estão muito sensibilizadas, muito fragilizadas.”
O alento da solidariedade
Apesar do luto vivenciado por toda a cidade, algo que impressionou Guilherme foi a resposta que o país deu à tragédia, com a mobilização ágil que foi criada imediatamente após os acontecimentos. “O Brasil inteiro está sendo solidário com Petrópolis. É impressionante o volume de carros e caminhões com donativos para minimizar os problemas das pessoas que perderam familiares, o teto e não sabem como e por onde recomeçar. O sentimento de solidariedade é muito grande. O ser humano mostra o que tem de melhor nesses momentos.”
Guilherme ressalta que, embora o trabalho para a reconstrução dos locais afetados pela tragédia ocorra desde a quarta-feira (16), a população aguarda iniciativas do Poder Público, como a concessão de linhas de crédito, para que as pessoas tenham como começar a buscar meios de retomar a vida.