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Delegado e seis investigadores da Polícia Civil estão entre os presos em ação do MPMG

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A “Operação Transformers”, movida pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) em Juiz de Fora e nas cidades de Esmeralda, Botelhos e Três Corações nesta quinta-feira (20), resultou na prisão de 25 suspeitos de integrar uma organização criminosa que teria ligação com tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, adulteração veicular, entre outros crimes. Entre os alvos da investigação estavam um delegado e seis investigadores da Polícia Civil de Juiz de Fora. Ao todo, foram cumpridos 250 mandados, sendo 31 de prisão preventiva, 61 de busca e apreensão, 148 de sequestro de veículos e dez de sequestro e indisponibilidade de imóveis.

Além dos mandados, houve também apreensão e indisponibilidade financeira na ordem de R$ 55 milhões. “É uma investigação que ainda está em andamento e terá outros desdobramentos. Neste núcleo que foi combatido hoje (20), houve essa movimentação, mas quando associamos esse grupo à movimentação de grupos de outras investigações, nos aproximamos de um montante de R$ 1 bilhão em movimentação financeira identificada nos últimos cinco anos”, explicou o promotor de justiça Thiago Fernandes de Carvalho, durante entrevista coletiva realizada na tarde desta quinta-feira no 4° Departamento de Polícia Civil, em Juiz de Fora.

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Conforme o representante do MPMG, a investigação teve início há cerca de dois anos, a partir da suspeita de roubo e adulteração de veículos. Estes eram modificados a partir de peças de carros roubados e usados para o tráfico de drogas, seja como transporte ou mesmo como forma de pagamento. “Não estamos falando de um tráfico de drogas de aglomerado, de ponto de droga. Não é esse tipo de tráfico de drogas que estamos tratando aqui. É um tráfico mais volumoso, um tráfico que abastece o mercado e que tem ramificação em todo o território nacional”, explica Carvalho.

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Comandante da 4ª Cia da PM, Tenente Coronel Caetano, promotor Thiago Fernandes, delegada Flávia Murta e diretor regional da Polícia Penal, Silvio Martins durante entrevista coletiva no 4° Departamento de Polícia Civil (Foto: Luísa Junqueira)

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Lavagem de dinheiro

A organização criminosa investigada ainda atuava com lavagem de dinheiro. Em Juiz de Fora, por exemplo, o crime foi observado em eventos artísticos e casas de comércio de diversos segmentos, como roupas e alimentos. Entre os alvos dos mandados de prisão estavam empresários e comerciantes, além de dois advogados. “No núcleo que identificamos, havia um braço de logística, um braço financeiro, um braço de corrupção de agente público”, exemplificou o promotor.

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De acordo com o MPMG, o setor de logística envolve o fornecimento de veículos para o transporte e pagamentos de cargas de drogas; já o setor financeiro seria responsável pela parte gerencial da atividade econômica, no caso, do tráfico de drogas e da lavagem de dinheiro; enquanto o setor de corrupção seria responsável pela proteção dos negócios ilícitos com informações privilegiadas de atividades policiais e demais condutas para evitar a responsabilização de integrantes da organização. Além disso, o grupo também teria um núcleo de liderança para coordenar e controlar as atividades.

Cooperação

As investigações também descobriram que o grupo atuava em outras associações criminosas para a prática de diversas atividades ilícitas, entre elas, o comércio ilegal de peças de veículos provenientes de crime, corrupção de agentes públicos e lavagem de dinheiro.

A ação também contou com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e as polícias Civil, Militar, Rodoviária Federal e Penal. Os mandados foram expedidos pela 1ª Vara Criminal de Juiz de Fora, e a operação contou com a participação de oito promotores de Justiça, 24 agentes policiais do Gaeco, seis servidores do MPMG e 250 policiais das forças de segurança, dentre eles, 17 equipes da Corregedoria-Geral da Polícia Civil.

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O trabalho conjunto entre as forças de segurança pública foi um ponto destacado pelo promotor de justiça Thiago Fernandes de Carvalho. “O nosso ideal aqui é sempre fazer um trabalho em cooperação, porque a criminalidade é extremamente sofisticada e complexa. Se nós não unirmos as nossas ‘expertises’ e as qualidades que cada instituição tem, nós não conseguimos fazer frente a essa atividade, e é isso que aconteceu hoje.”

Policiais civis são presos durante operação

Um delegado e seis investigadores da Polícia Civil estavam entre os alvos de mandados de prisão preventiva da “Operação Transformers”. Os nomes dos policiais envolvidos não foram divulgados. Eles foram encaminhados pela Corregedoria da Polícia Civil para a Casa de Custódia da Polícia Civil em Belo Horizonte, para apurações em nível administrativo em relação a transgressões disciplinares.

“A Polícia Civil não coaduna com desvio de conduta e, sempre que ocorrer, a Corregedoria estará à frente para que possamos fazer uma apuração transparente e dar a eles o direito de defesa, obviamente. Mas, estamos sempre à frente demonstrando que nós não somos complacentes com relação a isso”, informou a chefe do 4º Departamento de Polícia Civil em Juiz de Fora, Flávia Mara Camargo Murta. Como esclarecido por Flávia, o delegado e os investigadores presos integravam a mesma equipe de trabalho na Polícia Civil.

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Por meio de nota encaminhada à Tribuna na tarde desta quinta, a Polícia Civil confirmou que os policiais civis são investigados por “suposto envolvimento em crimes de tráfico de drogas e corrupção passiva”, reforçando, ainda, que “além do processo criminal, os servidores responderão a procedimentos administrativos disciplinares na Corregedoria”.

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