Desde segunda-feira (19), o juiz-forano observa uma névoa escura pairando sobre o município. A nebulosidade pode estar relacionada aos incêndios registrados na região nos últimos dias. Em agosto de 2018, o Corpo de Bombeiros atendeu 34 ocorrências em Juiz de Fora e região. Este ano, do dia 1º até esta segunda, foram 73 episódios de queimadas. Ou seja, nos primeiros 19 dias do mês, o número de focos de incêndio mais que dobrou em comparação aos 31 dias de agosto do ano passado.
Segundo o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Claudenir de Azevedo, as queimadas nas proximidades de Juiz de Fora podem ser responsáveis pelo nevoeiro observado no município neste início de semana. O período de estiagem, comum durante o inverno brasileiro, contribui para o crescimento dos focos de incêndio nesta época, já que, na ausência das chuvas, o solo fica com pouca umidade.
A situação na região acompanha o cenário estadual e nacional. Em agosto, até esta terça-feira (20), o Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), detectou 942 focos ativos em Minas Gerais, 389 a mais ante todo o mês de agosto de 2018, quando foram registrados 553, aumento de 70% nos focos de incêndio. Até agora, Minas Gerais somou 2.680 focos ativos ao longo de 2019. Já no ano passado, os oito primeiros meses registraram 1.749 focos.
No Brasil, de 1º de janeiro ao último domingo (18), foram registrados 71.497 focos, alta de 82% em relação ao mesmo período do ano passado. O recorde anterior era de 2016, com 66.622 registros no intervalo, conforme dados do Inpe. Na última sexta-feira (16), o Governo do Acre declarou estado de alerta ambiental por causa de incêndios em matas, seguindo o Governo do Amazonas, que publicou decreto em 2 de agosto manifestando situação semelhante para a região metropolitana de Manaus e região Sul do Estado, em decorrência do desmatamento ilegal e de queimadas florestais.
Incêndios de grandes proporções
No início deste mês, em menos de 24 horas, Juiz de Fora registrou diversos focos de incêndio, sendo dois deles de grandes proporções. No dia 1º, uma queimada atingiu a vegetação do Morro do Imperador. O fogo teve início no período da manhã e se estendeu ao longo do dia, mobilizando 12 bombeiros militares, cinco veículos da corporação, um helicóptero e 20 mil litros de água para debelar as chamas. O Corpo de Bombeiros estima que entre 40 mil e 50 mil metros quadrados de vegetação tenham sido consumidos pelo fogo, o que corresponde, aproximadamente, a sete campos de futebol.
Paralelamente a esta ocorrência, a corporação também teve de combater outro incêndio em uma mata do Bairro Recanto dos Lagos, na Zona Nordeste. No dia seguinte, os militares precisaram retornar ao local, onde ocorreu um novo incêndio. Boa parte da vegetação foi consumida pelo fogo, que teve início na Rua Oliveira Pires de Carvalho e se estendeu até a Rua José da Silva Atalaia. Os bombeiros trabalharam cerca de seis horas para combater as chamas.
Na mesma data, a corporação atendeu outro foco de queimada na Cidade Alta. No local, parte da vegetação foi atingida por incêndio no Bairro Dom Orione, nas imediações do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU/UFJF). O fogo iniciou pela manhã e só foi controlado no fim da tarde. A Tribuna ainda flagrou outros focos de incêndio em vegetação, sendo um deles às margens do Rio Paraibuna, na altura do Bairro Poço Rico, na região Sudeste, e outro em via de acesso que liga o Poço Rico ao Guaruá, na Zona Sul.
Frente fria atua no município
O meteorologista Claudenir de Azevedo reforçou que, por outro lado, as nuvens cinzas são decorrência de uma frente fria que atua pelo litoral Sudeste do país. De acordo com o Inmet, a frente fria aumenta as áreas de instabilidade e propicia condições de chuvas isoladas. Em contrapartida, há uma massa de ar seco atuante sobre todo o território nacional, que mantém o tempo seco com baixos níveis de umidade do ar.
Nesta terça, o céu permaneceu dublado em Juiz de Fora, com pancadas de chuva. Os termômetros variaram entre 15 e 23 graus. Ao longo da semana, as temperaturas devem permanecer amenas. Até sexta-feira (23), os termômetros não devem passar os 23 graus.