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A cada 25 horas, uma pessoa é atropelada em Juiz de Fora

ATROPELAMENTO capa Felipe Couri
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Nos três primeiros meses de 2023, Juiz de Fora já registrou, pelo menos, 84 atropelamentos. Os dados, disponibilizados pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp-MG), mostram que a tendência é de quase uma ocorrência desta natureza a cada 25 horas na cidade. O número registrado entre janeiro e março representa dez casos a mais do que o observado no mesmo período no ano passado, quando foram 74 ocorrências. Durante todo o ano de 2022, foram 340 atropelamentos.

Dois casos registrados recentemente chamaram a atenção por terem vítimas fatais. Na última terça-feira (18), uma idosa de 75 anos morreu ao ser atropelada por um ônibus na Avenida dos Andradas, próximo da Igreja da Glória, no Morro da Glória, região central de Juiz de Fora. Conforme informações da ocorrência policial, uma testemunha relatou que, ao tentar atravessar a via, a vítima teria chocado-se contra a quina do ônibus, desequilibrando e caindo. Aos policiais, o condutor do veículo informou que não viu a vítima e só percebeu sua presença no momento do impacto.

Já na madrugada do último dia 12, um homem, de idade não informada, morreu após ser atingido por uma moto na Avenida Juiz de Fora, na altura do Bairro Parque Guarani, Zona Nordeste da cidade. O Samu foi acionado, mas o óbito foi constatado no local. O acidente teria acontecido quando o pedestre atravessava a avenida.

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Diminuir velocidade das vias e fiscalização mais efetiva são medidas que podem contribuir para evitar acidentes, avalia especialista (Foto: Felipe Couri)

Especialista defende redução de velocidade das vias

Diminuir a velocidade das vias e realizar uma fiscalização de trânsito mais efetiva são algumas medidas que podem contribuir para a redução no número de acidentes, incluindo atropelamentos, na visão do mestre em Engenharia de Transportes e observador certificado do Observatório Nacional de Segurança Viária, José Luiz Britto Bastos. Como exemplo, o especialista cita as “Zonas 30”, comuns na Europa, mas ainda raras no Brasil.

“Na área central das cidades da Europa, a velocidade estabelecida para as vias é de 30 km/h. Com 30 km/h, a possibilidade de acidente grave é muito menor. A 40, 50 ou 60 km/h [como observado no Brasil], a possibilidade de aumentar a gravidade do acidente é muito maior”, explica.

Na visão de Bastos, Juiz de Fora ainda enfrenta outro problema relacionado ao respeito no trânsito, especialmente em questão de velocidade e no que tange aos pedestres. “Em Juiz de Fora, observa-se, de um modo geral, que motoristas e motociclistas sempre andam acima da velocidade estabelecida para a via. Ora, isso aumenta consideravelmente a possibilidade de acidentes, sem contar que eles realmente não respeitam o pedestre”, diz o especialista. “Se o pedestre estiver fazendo uma travessia, os motoristas não esperam que ele a conclua. Vamos supor que não tenha um semáforo: não tendo semáforo, aí que eles não param, tanto nas faixas quanto fora das faixas de pedestre.”

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Um ponto observado pelo mestre em Engenharia de Transportes é que a mobilidade urbana na cidade é voltada para os veículos, sendo que os pedestres acabam ficando em segundo plano. “Em Juiz de Fora, o automóvel tem prioridade em todos os aspectos. Você pode até fazer uma comparação entre as vias dos automóveis e as vias que o pedestre usa, que são as calçadas”, exemplifica. “Procuram melhorar as vias de toda maneira, mas a calçada está abandonada, deixada de lado, com degraus, com inclinações super acentuadas, rampas feitas na própria calçada ao invés de serem feitas dentro do terreno do proprietário”, aponta.

Educação para o trânsito

Conforme Bastos, os princípios do Observatório Nacional de Segurança Viária prevêem a educação para o trânsito como algo que merece investimento para um trânsito mais seguro e com um número menor de acidentes.

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“As cidades foram feitas para as pessoas. Os veículos entraram para auxiliar nos seus deslocamentos, mas, como resultado, vieram os acidentes de trânsito. O que temos hoje é essa quantidade toda de acidente de trânsito no Brasil e fora do Brasil, só que aqui é um absurdo que chega a quase 40 mil pessoas mortas por ano”, diz. “É preciso ter nas escolas, desde o primeiro grau, essa atenção especial para a educação para o trânsito. Aí sim você vai modificar o comportamento das crianças de hoje para que elas possam ter uma conduta melhor no trânsito no futuro.”

Detran-MG dá orientações para evitar atropelamentos

Para garantir a segurança e evitar acidentes, em especial, relacionados a atropelamentos, o Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG) encaminhou à Tribuna uma série de orientações para pedestres e motoristas. Para quem se desloca a pé, a instrução é sempre atravessar em locais apropriados, de preferência nas faixas de pedestre, em linha reta e perpendicular à calçada, ou em passarelas. O órgão ainda reforça a importância de olhar para os lados antes de atravessar, além de evitar correr.

Em casos onde não houver lugar apropriado para a travessia, o pedestre deve passar por um local que garanta sua visibilidade. A atenção deve estar voltada para o trânsito, sendo assim, deve-se evitar utilizar celular ou fone de ouvido ao atravessar uma via. Se o pedestre estiver acompanhado de uma criança, a orientação é que segure sua mão com firmeza. Ainda conforme o Detran-MG, é necessário evitar andar nas vias de circulação de veículos, dando sempre preferência para a calçada.

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No caso dos motoristas, o órgão chama a atenção para o respeito aos limites de velocidade e às sinalizações de trânsito. É necessário fazer uso de setas e pisca alerta para indicar suas intenções aos pedestres e demais condutores, além de reduzir a velocidade ao se aproximar de uma faixa de pedestres, cedendo a passagem aos mesmos. Conforme o Detran-MG, estacionar ou parar em faixa de pedestres pode dificultar a visibilidade, o que aumenta o risco de acidentes.

Além destes pontos, o órgão também orienta a não conduzir o veículo alcoolizado, nem utilizar o celular enquanto estiver dirigindo. No primeiro caso, a capacidade de reação é alterada, enquanto no segundo, o aparelho telefônico diminui a atenção que deve estar voltada totalmente para o trânsito.

“Lembre-se: os veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos menores, os motorizados pelos não motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres”, reforça o Detran-MG.

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