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Falso caso de desafio da Baleia Azul assusta pais em JF

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Uma brincadeira de mau gosto, relacionada ao desafio da Baleia Azul, despertou a preocupação de pais de alunos de escolas de Juiz de Fora. Uma mensagem começou a circular no WhatsApp dos responsáveis pelos estudantes do Colégio Academia, dizendo que um dos alunos de 15 anos estava no “jogo” e o 19º desafio colocado para ele incluía entregar balas envenenadas a crianças pequenas na mesma instituição e também de outros dois estabelecimentos de ensino da cidade. O boato foi identificado e, logo em seguida, esclarecido. Um colega, que não pertence à Academia e que postou a mensagem no Facebook, fez um pedido de desculpas dedicado à família e ao alvo da brincadeira, confirmando que o garoto não estava associado ao jogo.

“Foi uma brincadeira de muito mau gosto. Ela é perigosa, justamente, porque espalha o pânico. Da mesma forma que foi divulgada como uma brincadeira, podia se tratar de uma ameaça real. Nosso aluno aparecia nomeado na mensagem, como se estivesse participando do desafio”, destaca a diretora-geral da Academia, Maria Rinaldi. Os pais que tiveram acesso ao texto começaram a buscar informações preocupados com a saída das crianças menores. No entanto, o assunto foi esclarecido antes que as aulas terminassem.

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Os pais do estudante vítima do boato registraram ocorrência na noite de ontem, na 7ª Delegacia. O inquérito deve ser aberto hoje, de acordo com o pai do adolescente. “Precisamos que o caso do meu filho sirva de alerta. Estamos muito assustados com a repercussão que essa ação tomou. É algo muito sério, muito grave. Ele (o autor do boato) assumiu junto aos pais dele, e eles nos pediram desculpas”, contou. O pai da vítima, assim como a maioria das pessoas do convívio do aluno, ficou sabendo do caso pelas redes sociais. Familiares e amigos começaram a acioná-lo pelo telefone.

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“O efeito dessas notícias falsas que se espalham pelo Whatsapp é assustador. Tanto para nós, pais, quanto para os nossos filhos. O rapaz ainda não teve ideia do alcance da ação dele. Não devemos esquecer que ele também é uma criança. Ele é muito esperto, fez algo com detalhes, incluindo, por exemplo, o nome do nosso cachorro, mas continua sendo uma criança. Espero que essa situação sirva de exemplo, para que outros adolescentes não façam esse tipo de coisa. Vamos tentar resolver a situação da melhor maneira possível”, atesta.

 

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Situações semelhantes

Ainda na delegacia, os pais do estudante tiveram informação, por meio do delegado, de uma situação semelhante que aconteceu em Ipanema de Minas, a cerca de 400 quilômetros de Juiz de Fora. Com exatamente o mesmo texto divulgado pelo WhatsApp aqui, apenas com nomes das escolas e do participante do desafio modificados. A Polícia Militar recebeu denúncias e confirmou que se tratava de um boato.

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Na avaliação da diretora-geral da Academia, Maria Rinaldi, o adolescente foi vítima de ciberbullying. Ela explica que a instituição não tolera o bullying e que, desde as primeiras semanas de aula, orientadores passam nas turmas de ensino fundamental e ensino médio. “Trabalhamos a temática constantemente. Alertamos os alunos sobre as informações divulgadas nas redes sociais, principalmente sobre dados pessoais disponibilizados. Porque sabemos que qualquer tipo de postagem inocente pode ser usada por pessoas com más intenções. Elas podem descobrir dados sobre a rotina das famílias, por exemplo.”

 

Jogo indica que participante deve tirar a própria vida

O desafio da Baleia Azul se tornou viral na rede. De acordo com a psicóloga e professora do Centro de Ensino Superior (CES-JF), Vera Helena Barbosa Lima, o jovem é atraído por um link nas redes sociais. “A partir do momento do acesso, a pessoa está dentro daquele universo. Existem hackers por trás desses grupos. As informações dos jovens e das famílias deles são acessadas”, esclarece. Quando passa a fazer parte do ‘jogo’, ações são apontadas em uma lista e incluem, entre outras coisas, que os adolescentes se cortem de diversas formas, assistam filmes psicodélicos e de terror durante a madrugada e permaneçam em telhados de prédios altos por algum tempo. O último item da lista indica que o participante deve tirar a própria vida.

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Segundo Vera, o alerta contra o desafio é necessário. “Por trás de cada um desses desafios, há uma ameaça. É perigoso, porque os adolescentes se sentem capazes de fazer qualquer coisa contra a vida deles, sem qualquer motivo. Nesse momento da vida, eles ficam vulneráveis ao suicídio”, pontua. Ela reforça que os adolescentes não devem entrar nesse ciclo. “Se por algum acaso eles clicarem e entrarem, devem pedir ajuda imediatamente. Ele não pode se arriscar, a adesão a esse desafio não deve acontecer.” Os responsáveis devem sempre estar atento aos conteúdos acessados pelos filhos, conforme a psicóloga.

“Eles dominam a tecnologia e estão mais antenados. Os pais não acompanham, e, em sua maioria, são ausentes nas redes. Isso precisa mudar. As instituições de ensino também devem estar muito atentas e conversar com os estudantes sobre esses assuntos. É preciso usar depoimentos, dinâmicas interativas, que chamem a atenção dos adolescentes”, orienta.

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