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Especialistas alertam para importância da prevenção do câncer de colo de útero

Marco Lilas fernando priamo 3
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O mês de março, além do Dia Internacional da Mulher, também sedia a campanha Março Lilás, que tem por objetivo conscientizar e incentivar a prevenção do câncer de colo de útero. Os dados chamam atenção para a importância do cuidado com a doença. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de colo de útero é a terceira doença mais comum entre as mulheres e a quarta causa de morte feminina no Brasil. A Tribuna conversou com especialistas que esclareceram sobre dúvidas frequentes e alertaram sobre a importância da prevenção.

Para a ginecologista e especialista em patologia do trato genital inferior, Lucienne Lery, a principal forma de diminuir essa estatística é o investimento em campanhas de conscientização. “As pessoas deixam de fazer algo muito simples que é uma visita ao ginecologista uma vez por ano. Há três alternativas para se proteger do câncer de colo de útero: a vacina, o uso de preservativos em relações sexuais e o exame preventivo (papanicolau) anual, que estão ao alcance de qualquer mulher no sistema de saúde pública brasileiro”, informa.

Lucienne também é especialista em ginecologia oncológica e uma das responsáveis pelo ambulatório de câncer ginecológico da Ascomcer (Associação Feminina de Prevenção e Combate ao Câncer de Juiz de Fora). Segundo a assessoria do hospital, atualmente, apenas na Ascomcer, são atendidas 75 pacientes que estão em tratamento do câncer de colo de útero.

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Sintomas e diagnóstico

Conforme a especialista, o câncer de colo de útero é muitas vezes diagnosticado de forma assintomática. “O paciente não tem sintoma e vai fazer um exame de rotina e detecta o câncer”.

Porém, os casos mais avançados apresentam sintomas, como sangramento vaginal de forma irregular, fora do período menstrual; sangramento vaginal após relações sexuais; e dor abdominal associada a queixas urinárias ou intestinais.

Para diagnosticar a doença, é necessário realizar o exame preventivo conhecido como papanicolau, no qual é possível identificar lesões pré cancerosas ou a presença do HPV (Papiloma Vírus Humano), que pode provocar o câncer futuramente.

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De acordo com as recomendações do Ministério da Saúde, o exame deve ser oferecido às mulheres ou qualquer pessoa com colo do útero, entre 25 a 64 anos, que já tiveram atividade sexual. A ginecologista recomenda a realização do exame preventivo pelo menos uma vez ao ano.

Prevenção e tratamento

O médico e chefe do serviço de Oncologia do Hospital Universitário (HU), Alexandre Ferreira Oliveira, reforça as altas chances de prevenção da doença, que é altamente rastreável. De acordo com Alexandre, as possibilidades de cura nos estágios iniciais é de quase 100%.

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Alexandre explica que, atualmente, as cirurgias estão evoluindo para preservar a fertilidade da mulher. Nos casos em que o câncer é descoberto na fase inicial, a forma de tratamento é cirúrgica, com um procedimento chamado traquelectomia radical, que remove o tumor, mas preserva a fertilidade.

Já no estágio mais avançado da doença, o tratamento é feito por meio de radio e quimioterapia, com chances de cura em 60% a 70% dos casos.

Vacinação

Embora o câncer de colo de útero acometa mulheres na faixa etária de 45 a 50 anos, atualmente, o número de casos em mulheres jovens tem aumentado. A médica Lucienne Lery relata que o número de pacientes de 20 a 30 anos com o câncer avançado tem crescido ao longo dos anos. Por isso, reforça a importância da vacinação como forma de prevenção.

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“A vacina dá imunidade contra o HPV. Se você tiver o contato, não vai pegar o vírus, a doença. O imunizante é importante tanto para as meninas, quanto para os meninos, que transmitem a doença. Você evita a transmissão do câncer de colo de útero para a mulher vacinando o parceiro”, afirma a ginecologista. No entanto, ela ressalta que nenhuma vacina é 100%, por isso, mesmo vacinadas, as mulheres devem fazer o exame preventivo.

Em Juiz de Fora, a Secretaria de Saúde informou à Tribuna que todas as unidades que estão realizando a vacinação de rotina aplicam o imunizante contra o HPV. A vacina no sistema de saúde pública é destinada a meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. São duas doses com intervalo de seis meses entre elas.

De acordo com a Secretaria de Saúde, em 2021, a cobertura vacinal atingiu cerca de 35% do público-alvo. “Muitos jovens ainda não procuraram a vacina.” Para Alexandre, é preciso ter campanhas mais efetivas para incentivar a vacinação dos adolescentes. “A taxa de cobertura está baixa por falta de iniciativas visando à conscientização da população. Há um medo em relação a boatos infundados que surgem sobre a vacina. Acredito que os trabalhos devem começar nas escolas para mudar essa realidade”, opina.

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Locais de atendimento

A Secretaria Municipal de Saúde informou que a Atenção Primária à Saúde oferece, por meio dos atendimentos ambulatoriais ginecológicos, o exame citopatológico, conhecido como preventivo, para diagnosticar lesões no colo do útero, que possam vir a se tornar um câncer.

O Departamento de Saúde da mulher, gestante, criança e adolescente, localizado no Centro da cidade, também realiza o exame gratuito para pacientes que não possuem unidade básica de saúde no bairro em que moram.

Nos casos em que o preventivo apresenta alterações, o departamento oferece exames complementares, como a colposcopia ou até biópsia. As usuárias que realizam o atendimento no departamento, continuam realizando o acompanhamento no local.

Se o resultado da biópsia der positivo para câncer do colo uterino, a paciente é encaminhada para tratamento terciário da rede do SUS, nos hospitais habilitados como unidades de assistência de alta complexidade em oncologia em Juiz de Fora. Entre os institutos que realizam atendimento dentro da rede do SUS estão a Ascomcer, o Instituto Oncológico e o Instituto Brasileiro de Gestão – IBG Saúde.

Consultório de enfermagem da Estácio

Unidade realiza exames preventivos do câncer de colo do útero e das mamas (Foto: Divulgação/Estácio)

Além disso, o consultório de enfermagem do Centro Universitário Estácio Juiz de Fora realiza atendimento presencial e gratuito voltado para a saúde da mulher. A unidade faz os exames preventivos do câncer de colo do útero (papanicolau), assim como exames clínicos das mamas no período da noite, às segundas, terças, quintas e sextas-feiras, das 19h às 22h.

A coordenadora do curso de enfermagem, Luiza Vieira, explica que os atendimentos noturnos foram priorizados para atender as mulheres que trabalham durante o dia e não conseguem buscar o atendimento no horário de funcionamento das unidades básicas de saúde.

Para agendar o atendimento, basta entrar em contato pelo WhatsApp (32) 99161-1198 ou comparecer ao Centro Universitário Estácio Juiz de Fora, localizado à Avenida Presidente João Goulart 600, Bairro Cruzeiro do Sul.

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