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Em novo pico da pandemia, profissionais da saúde relatam esgotamento

profissionais da saude by rovena rosa agencia brasil 1
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“O volume de trabalho aumentou muito e, muitas vezes, por mais que você faça, não diminui. No outro dia, tem o dobro de pacientes, casos graves. A gente não consegue enxergar vitória. Quando isso vai acabar?”. Isso é o que pergunta Diego Martines Siqueira, médico que atua na UTI Covid do Hospital de Pronto Socorro Dr. Mozart Teixeira (HPS) desde o início da pandemia. Como ele, são muitos os profissionais que estão tendo que lidar, há quase dois anos, com o desgaste e o estresse de estar na linha de frente de uma doença imprevisível, de fácil contágio e que já matou mais de 600 mil brasileiros e 2.166 juiz-foranos. A Tribuna entrevistou nove profissionais da saúde que revelaram os desafios e dramas de quem continua imerso nessa batalha.

Lígia Novaes, médica radiologista, relata que 80% da sua equipe foi contaminada. Muitos, ao mesmo tempo (Foto: Arquivo Pessoal)

Bruno Pinheiro Valle, Deise Medeiros, Diego Martinez Siqueira, Lenir Romani, Lígia Novaes, Nelma Aparecida Daniel, Renata Fiuza, Renato Zibordi e Wildana Maia praticamente não tiveram descanso nestes últimos dois anos. Entre eles, foi unanimidade: não tiveram vida social, nem nos momentos em que aparentemente a situação melhorava. Poucos viram a família com frequência, deixaram pra trás aniversários e viveram entre casa e hospital. Com turnos maiores e cargas de horário exaustivas, o esgotamento foi uma realidade quase diária para eles. O novo aumento de casos, desde janeiro deste ano, trouxe também uma sensação de desesperança, pois muitos deles acreditavam que, em 2022, a realidade já seria outra para todos.

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Deise Medeiros, auxiliar de enfermagem, desabafa: “A sensação que dá é de extrema insegurança. Não temos como prever o que vai acontecer com o pico dos casos” (Foto: Arquivo Pessoal)

Deise Medeiros, auxiliar de enfermagem e diretora do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sinserpu), expõe: “A sensação que dá é de extrema insegurança. Não temos como prever o que vai acontecer com o pico dos casos, qual é o impacto disso na nossa realidade profissional. Ficamos ansiosos para isso acabar logo. Toda vez que os casos aumentam gera frustração, toda vez temos o sentimento de que estamos entrando numa guerra que não sabemos qual será o resultado”. Lenir Romani, profissional de enfermagem e diretora Sindicato Único dos Trabalhadores de Saúde em Minas Gerais (Sind-Saúde/MG), afirma o mesmo. “Com o novo aumento dos casos, a gente avalia que os profissionais estão muito cansados. O desgaste físico e mental está intenso”, diz.

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Entre eles, a sensação é de um medo que não passa, e que também não pode ser evitado. O médico Diego afirma que, como profissional da saúde, não pode se acomodar e ficar com medo, mas há uma sempre uma preocupação. “Não podemos deixar nosso trabalho. Outras pessoas dependem da gente pra seguir. Só que por outro lado, vemos o número de casos aumentando, os hospitais lotados, as dificuldades voltando. A gente fica assustado e quer se proteger também”.

Grande parte dos profissionais da saúde foi infectada

Se para alguns os cuidados de prevenção à Covid-19 já se flexibilizaram, para os profissionais da saúde, continuam intensos: higiene de mãos de forma adequada em cinco momentos do dia, utilização do avental e luvas no ambiente de trabalho, uso de máscara cirúrgica ou N-95 e óculos de proteção a todo momento. Mesmo assim, é quase impossível evitar o contágio.

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Renato Zibordi, condutor socorrista do Samu, lamenta que, muitas vezes, os pacientes não avisam que estão com Covid-19: “quem está na linha de frente fica mais vulnerável” (Foto: Arquivo Pessoal)

Foi o que aconteceu com Diego. Ele se infectou em fevereiro de 2021, quase um ano depois de quando tudo começou. Foram dez dias internado, um mês e meio afastado para se recuperar. O momento mais marcante da pandemia, para ele, foi justamente esse. “Quando fui internado, não quis deixar meus familiares chegarem perto de mim. Ninguém sabia o que ia acontecer, a gravidade com que aquilo ia evoluir, mas você quer proteger quem você gosta. É uma doença muito solitária”, diz.

Lígia Novaes, médica radiologista na linha de frente, também foi infectada recentemente, em fevereiro de 2022. Depois de dois anos trabalhando com Covid-19 e cumprindo todas as medidas de segurança, ela relata que sentiu medo de como a doença poderia evoluir.

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Além disso, o aumento dos casos impacta todo o atendimento à saúde. Lígia relata que muitos colegas se contaminaram. “Cerca de 80% da equipe já se contaminou. Muitos ao mesmo tempo. Então teve períodos em que ficávamos muito sobrecarregados, trabalhando com menos de 50% da equipe, porque os infectados estavam em casa, e não havia gente suficiente para repor os profissionais que estavam afastados pela Covid-19”, diz.

Rotinas exaustivas

O Brasil foi um dos países com maior número de casos no mundo. Isso resultou em uma demanda constante nos hospitais, que trouxe também rotinas exaustivas para os profissionais que estavam atendendo os pacientes. A enfermeira e técnica de enfermagem Nelma Aparecida Daniel explica que esse foi justamente o maior impacto que sentiu, já que em todos os seus anos de carreira nunca teve jornadas tão cansativas e longas. “Nós entrávamos no plantão 18h e havia dias que não tínhamos horário de descanso, mal comíamos. A gravidade dos pacientes era uma coisa surreal. Ainda que eu já tivesse trabalhado no centro de terapia intensiva (CTI) antes da Covid-19, o quadro que vivemos ali era atípico”, ela narra.

Nelma Daniel, enfermeira, relata que se apegou ainda mais à religião para passar por esse período, mas mesmo assim não foi fácil. “Estou mais abalada que antes, com esse aumento de internações e óbitos. Achava que a situação estaria melhor” (Foto: Arquivo Pessoal)

Wildana Maia, técnica de enfermagem no Hospital Dr. João Penido e Hospital HPS, tem uma experiência similar. Ela narra que a realidade da maioria dos profissionais da saúde, durante toda a pandemia, foi trabalhar em dois hospitais, consequentemente fazendo plantões longos.

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“Normalmente meu plantão é 24×24, mas eu trabalho em dois hospitais, assim como a maioria de nós. Cheguei a fazer plantões de 36×36. Cancelaram nossas férias, folga de eleição e natalícia pela demanda de trabalho e também para cobrir atestados e afastamentos. Vários de nós tiveram que se afastar, por motivo de comorbidades ou por terem se contaminado”.

Já para Renata Fiuza, chefe da Unidade da Vigilância em Saúde do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), que atua fazendo treinamentos para controle de infecção nos hospitais, o alerta foi constante, não só para se proteger, mas para proteger todos os colegas e pacientes. “Foi desafiador fazer esses treinamentos. Precisamos confiar nos órgãos, autoridades e normas que eram recomendadas. Mas foi muito difícil, em pouco tempo, as normas mudavam. Todo mês, praticamente, tinha mais uma atualização. Isso perdurou até o fim do ano passado”. Ela conta que são apenas três enfermeiras para exercer esse papel de atualizar e capacitar um hospital com mais de mil pessoas. Tamanha responsabilidade demanda atenção constante com os protocolos.

Renata Fiuza, chefe da Vigilância em Saúde do HU/UFJF, fala dos desafios de repassar as técnicas de segurança aos profissionais: “Todo mês tinha mais uma atualização” (Foto: Arquivo Pessoal)

“A primeira nota técnica da Anvisa foi em maio de 2020, e a última em setembro de 2021. Em uma semana, precisávamos treinar os colaboradores de uma forma, e na outra tínhamos que mudar a orientação ou ajustar, porque saía uma nova pesquisa”, narra. Lenir Romani chama a atenção para outra questão. “Somos uma maioria de mulheres na categoria de profissionais da enfermagem. Geralmente, trabalhamos em mais de um lugar e ainda temos as funções da casa, de cuidar de familiares”. Para ela, a rotina tripla, nesses casos, torna ainda mais cansativo ter que lidar com todos os deveres e obrigações. “Só gostaria que tivessem mais políticas para as trabalhadoras na enfermagem. Precisamos muito de um olhar diferenciado”, diz.

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A perda de colegas de trabalho e o medo pela família

Estando constantemente tão perto do vírus, fica impossível esquecer da gravidade do mesmo e dos que foram levados pela doença. O momento mais marcante para Wildana foi justamente esse. “Eu ainda não consigo superar a perda de vários amigos de trabalho. Em meio a tantos medos, incertezas e insegurança… Doeu muito. No meu caso, perdi um amigo que foi uns dos primeiros a falecer por Covid em Juiz de Fora. Nós trabalhamos juntos, conversávamos, fazíamos planos, sonhávamos. Era um cara novo, cheio de vida”. Segundo a enfermeira, ela e toda a equipe que trabalhava no setor acompanhou de perto todo o período de internação do colega. “Por mais que fizéssemos, éramos impotentes”, diz.

Renata revela que, durante todo esse tempo, ficou dois anos sem ver sua família, que mora em Salvador. O medo em relação ao que podia acontecer com eles era constante. “Em julho do ano passado, meu irmão ficou internado por 21 dias, sendo sete dias entubado. Eu vi uma pessoa jovem, de 44 anos, sem comorbidades, quase perdendo a vida. Eu quase perdi meu único irmão. Foi o pior momento da minha vida toda”, conta.

Busca por valorização profissional

De acordo com Wildana, o desafio maior está no cansaço mental e nas condições de trabalho. Ela ressalta que os profissionais da enfermagem têm trabalhado em dois hospitais. “Ficamos nessa correria. Estamos há 20 anos lutando por um piso salarial que nunca sai, não entra para votação no Congresso. Nem mesmo durante a pandemia, quando ficou ainda mais clara a importância da nossa mão de obra.”

Renato Zibordi, condutor socorrista e delegado sindical, narra que a situação no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) é igualmente difícil. “O primeiro grande desafio é a questão salarial. Os empregados públicos do Samu na macrorregião de Juiz de Fora lutam por melhores salários e qualidade de vida. Nós não temos plano de saúde. Isso acaba dificultando muito o dia a dia e nos ameaçando”. Os profissionais também queixam das condições existentes. “O nosso macacão, por exemplo, somos nós quem lavamos. Temos que levar esse macacão, muitas vezes contaminados não só pelo Covid, para dentro de casa. Não tenho máquina específica para lavar isso. Tenho que seguir todo um rito para poder lavar esse material, colocar água sanitária para não contaminar as pessoas e as outras roupas”. Esse tipo de situação gera ainda mais insegurança.

Wildana Maia, técnica de enfermagem, narra que a realidade da maioria dos profissionais na pandemia foi trabalhar em dois hospitais, fazendo plantões longos (Foto: Fernando Priamo)

Uma situação constante, segundo Renato, é que, muitas vezes, os pacientes nem avisam que estão com Covid-19 ao serem atendidos. “É pública e notória a falta de preocupação em se proteger e proteger outras pessoas. A gente vê que as pessoas nos chamam sem nem alertar que estão infectadas. Isso acaba passando direto pela regulação, e quem está na linha de frente fica mais vulnerável”.

Descrença da população e negacionismo

Entre os profissionais, também é unanimidade o desânimo frente às fake news e a descrença da população em relação a situações que eles vivem todos os dias no ambiente de trabalho. Para Bruno Pinheiro Valle, professor de Pneumologia da Faculdade de Medicina da UFJF e chefe da UTI do HU, é preciso “reconhecer que este problema existe e que a forma de combatê-lo é com estudo, para o melhor conhecimento da doença, e com educação da população.

Lenir Romani narra que sente exatamente isso ao ver comentários em redes sociais. “Muitos acreditaram em medicamentos ineficazes. Eu fiquei muito alarmada com a banalização da doença. Ela se transformou em um cabo de guerra entre quem acredita e quem não acredita. Com isso, muita gente tentou descredibilizar os órgãos públicos de saúde e as estatísticas que estavam sendo divulgadas pela mídia”. Além de prejudicarem a si mesmos, de acordo com ela, “os negacionistas aceleraram essa disseminação e a letalidade do vírus entre a população, e até no próprio seio familiar”.

Ciclo vacinal incompleto

De acordo com os especialistas da linha de frente, nesse atual momento, a maior parte dos casos que chegam às emergências são de indivíduos que não completaram o ciclo vacinal. Renato Zibordi conta sobre uma das situações mais difíceis que vive em sua profissão. “Eu já vi senhores idosos que disseram que não queriam tomar vacina, mas quando chegam na unidade de pronto atendimento (UPA) e veem aquilo lotado, já sentindo falta de ar, é triste ver como as pessoas se arrependem naquele momento. A vacina está aí pra ajudar. Ela não impede que a pessoa pegue a doença, mas ameniza. Eu vejo isso nos atendimentos, as pessoas falando que podiam ter tomado vacina e não tomaram. Agora falam: ‘Tô aqui me sentindo mal, com falta de ar’. É terrível a gente ver um ser humano tentando buscar ar e não conseguindo”.

O médico Diego Martines Siqueira sabe que não pode ficar com medo, mas afirma que há sempre uma preocupação: “a gente quer se proteger também” (Foto: Arquivo Pessoal)

Para Lígia Novaes, a situação também se torna difícil para os profissionais de saúde que, mesmo assim, tentam mostrar a realidade da doença para o paciente e fazê-lo enxergar as consequências de suas atitudes na própria vida e também na dos seus familiares. O mesmo expõe a enfermeira Nelma Aparecida Daniel, que ainda não entende como o movimento contra a vacina tomou tanta força.

“Eu não sei o que leva as pessoas a pensarem dessa maneira. Nós sempre nos vacinamos, muitas doenças foram erradicadas por conta disso. Tudo isso agora por questão política. Isso é o que desanima. Se não fosse a vacina, como estaria o quadro atual?”, questiona. Ela também evidencia o que considera ser o maior desafio de estar na linha de frente: “A gente dá a vida, a gente luta, a gente fica alegre com os pacientes melhorando e a gente se entristece com os que perdemos. O que dói é ver pessoas que, no meio disso tudo, não acreditam nem no vírus. Não acreditam na vacina. A falta de confiabilidade e crédito é o maior desafio, não o trabalho”.

Saúde mental

As rotinas exaustivas e o desgaste emocional geraram um aumento de problemas relacionados à saúde mental entre esses profissionais. “Eu tomo remédio para controlar a ansiedade. Adquiri TOCs com algumas coisas, tento usar papel descartável em tudo que encosto. Me sinto sempre vulnerável”, diz Renato Zibordi. Nelma Daniel, por sua vez, relata que se apegou ainda mais à religião, para passar por esse período, mas mesmo assim não foi fácil. “Nesse momento, estou mais abalada que antes, com esse aumento de internações e óbitos. Achava que a situação estaria melhor”.

Bruno Pinheiro Valle, professor de Pneumologia na UFJF, diz que, frente às fake news, é preciso combater o problema com estudo, para o melhor conhecimento da doença, e com educação da população (Foto: Arquivo Pessoal)

A psicóloga e professora da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Fabiane Rossi explica que os profissionais de saúde foram extremamente impactados pela pandemia em função das especificidades da sua rotina laboral, como contato constante com o sofrimento e a morte, risco do contágio, perda de colegas de trabalho. Em sua avaliação, a pandemia trouxe um aumento nos problemas relacionados à saúde mental destes trabalhadores, como presença de quadros de ansiedade, depressão, Síndrome de Burnout, estresse pós-traumático, o que está associado a demandas por afastamento do trabalho.

Para ela, essa necessidade de cumprimento rigoroso dos protocolos, há dois anos, aliada ainda ao cansaço, ao desgaste e à desmotivação por muitas vezes não observarem o cumprimento de condutas preventivas básicas entre a população, sem dúvida, impacta de forma significativa na saúde mental destes profissionais. Ela elucida, ainda, que esta nova onda trouxe de volta a sensação dos profissionais estarem vivendo de novo tudo de ruim que já tinham experimentado em 2022.

“A diferença agora é que há maior sensação de segurança em decorrência da vacinação, mas a sobrecarga de trabalho ainda é muito grande, aliada muitas vezes à falta de compreensão dos usuários, que chegam a agredir verbal ou fisicamente alguns profissionais em função da demora no atendimento, por exemplo, que ocorre em função desta grande procura pelos serviços de saúde”, explica.

Lenir Romani destaca que a maioria dos profissionais de enfermagem é composta por mulheres, que geralmente trabalham em mais de um lugar e ainda têm as funções da casa (Foto: Arquivo Pessoal)

Além desse desgaste constante ser muito prejudicial para os indivíduos, para ela, este cansaço pode interferir na qualidade da assistência prestada. Ela entende que isso pode gerar problemas como dificuldades de concentração e perda de motivação para o trabalho. “Por isso, é fundamental a compreensão e o acolhimento desses profissionais por parte dos usuários e da instituição onde atuam”, diz. Fabiane Rossi também percebe que esse novo momento tem sido novamente desafiador, porque chega depois de dois anos que já haviam sido especialmente desgastantes para o setor.

Há esperança?

Os profissionais entrevistados, em sua maioria, não enxergam a pandemia da Covid-19 acabando tão cedo. Ainda assim, tentam se manter esperançosos e confiar nos trabalhos que exercem. Para o professor da UFJF Bruno Pinheiro Valle, os maiores desafios seguem sendo a “manutenção da equipe motivada e atuante e a educação da população para que cada um faça sua parte no combate à pandemia”. A expectativa que tem, para o futuro, é que ao menos a situação se estabilize em um patamar de menor sobrecarga ao sistema de saúde.

Mas os dois anos de imersão nessa batalha sem tréguas já deixaram marcas. Para Deise, isso foi o que mais a afetou na pandemia. “Quando a pandemia começou, pensava que talvez ela tivesse vindo para mudar as pessoas. Mostrar que elas têm que dar mais valor à vida, a si mesmas, se colocarem no lugar do outro, se respeitarem, respeitarem o outro, acreditarem na vida. O que mais me abala agora é isto: percebo que as pessoas não se modificaram em nada. Pelo contrário,: as pessoas se tornaram ainda mais egoístas e mesquinhas”, diz.

Nelma também afirma que “a sensação é de tristeza. Nós achamos que em 2022 ia ser tudo diferente, principalmente por conta da vacina. Nós achamos que os casos iam estar diminuindo e que a internação por Covid ia se tornar ser esporádica. Mas ainda não é isso que está acontecendo”.

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