Nos primeiros 20 dias de janeiro, a Defesa Civil da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) atendeu a 415 ocorrências. Somente no dia 11, uma segunda-feira, a equipe chegou a registrar 106 notificações. A marca é reflexo das fortes chuvas que atingiram a cidade: conforme o levantamento realizado e divulgado pelo órgão nesta quarta-feira (20), em 11 dias choveu 99,8% de todo o volume esperado para o mês.
De acordo com a Defesa Civil, as regiões mais afetadas pelas chuvas foram a Norte e a Sul, que, somadas, representam cerca de 47% do total de ocorrências. Já o bairro com maior número de notificações foi o Santa Luzia, com 28 ocorrências registradas.
Além disso, quase 25% das demandas registradas no período foram de escorregamento de talude, conhecido como deslizamento do solo. Foram cem situações registradas. Com 33 registros, as ameaças de escorregamento de talude estão na segunda posição do balanço.
O servidor Luís Fernando Martins, que atua há três anos como engenheiro da Defesa Civil, atribui a grande quantidade de deslizamentos ao volume de chuva. “O volume de precipitação causa a saturação do solo e grande parte dos locais onde ocorre escorregamento de talude não tem nenhuma estrutura de contenção e nem sistema de drenagem”, informa, em texto divulgado pela PJF. Ele pontua ainda que, em muitos casos, o deslizamento acontece em encostas que sofreram alterações realizadas pelo homem, seja para construção de moradias ou de acesso para pedestres.
Outras demandas
As demandas que apresentavam situações mais complexas foram as de escorregamento do solo em áreas com residências próximas. Para a Defesa Civil, a dificuldade é em função do risco de atingir moradias e da possibilidade de novos deslizamentos no mesmo local. Os escorregamentos aconteceram, principalmente, nos bairros Santa Helena, São Mateus, Santa Luzia e Jardim Natal.
Para mediar todas as demandas causadas pelas chuvas, a Sala de Situação foi deslocada temporariamente para a Defesa Civil. O projeto monitora e mapeia informações para possibilitar que as respostas dadas pela administração sejam mais ágeis.
Ação conjunta
Na atual administração a Defesa Civil passou a ocupar lugar na pasta da Secretaria de Governo. Para o servidor Luís Fernando a mudança contribuiu para aumentar a motivação dos servidores. “A maior diferença que percebemos é a valorização do servidor efetivo, além da aproximação da Defesa Civil com a Secretaria de Governo e com as outras secretarias”, pontuou o engenheiro.
Além disso, está sendo promovida uma ação conjunta entre Defesa Civil, Secretaria de Obras, Secretaria de Meio Ambiente e Ordenamento Urbano (Semaur), Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra), Empresa Municipal de Pavimentação e Urbanização (Empav), Departamento Municipal de Limpeza Urbana (Demlurb) e Companhia de Saneamento Municipal (Cesama). A integração está sob coordenação da secretária de governo, Cidinha Louzada.
Ainda segundo o servidor, a mudança para a Secretaria de Governo também facilitou a articulação para que técnicos e engenheiros de outros setores da Prefeitura fossem cedidos para a Defesa Civil, em caráter emergencial, com base no decreto 13.503/18. O decreto existe desde 2018, entretanto, ainda não havia sido colocado em prática. “A demanda foi muito alta nos primeiros 11 dias do ano e, sem o apoio, a gente não conseguiria dar a resposta em tempo hábil à população”, destaca.
Outro feito inédito alcançado durante os primeiros 20 dias do ano foi a parceria firmada com a Defesa Civil Estadual para abastecer o estoque de materiais para doação. Os kits de limpeza, de higiene e de dormitório doados pela Defesa Civil Estadual foram utilizados para atender às famílias atingidas pela chuva no final de semana dos dias 9 e 10 de janeiro.