Um homem, 33 anos, denunciado por ter estuprado as duas filhas, de 9 e 10 anos, e ainda agredir a filha mais nova, 3, e a esposa, 29, foi preso em flagrante pela Polícia Militar nesta segunda-feira (19). Os abusos aconteciam de forma alternada, no quintal da casa onde moravam, na Zona Norte de Juiz de Fora, e, segundo contou as meninas, elas eram estupradas há, pelo menos, dois anos, ou seja, quando tinham 7 e 8 anos. Conforme a denúncia, as vítimas eram obrigadas a tomar medicamentos para inibir a dor durante o ato sexual e, após a conjunção carnal, o homem dava a elas medicamentos para dormir.
As meninas contaram os episódios para a avó materna, 65, e esta, por sua vez, procurou auxílio na escola onde as crianças estudam. Segundo o Registro de Eventos de Defesa Social (Reds), após tomar conhecimento do fato, a diretora da instituição, acompanhada da avó e de policiais, seguiu para a residência do suspeito. Ao chegar no endereço, encontrou a mais velha deitada na cama e a mais nova desacordada em virtude dos efeitos do remédio dado pelo pai. Em pânico, a menina de 10 anos revelou que o pai abusava sexualmente dela e de sua irmã. As agressões aconteciam em dias alternados e, nesta madrugada, a irmã havia sido a vítima do estupro ocorrido no quintal, onde os cachorros da família dormem.
Uma das filhas contou à PM que os abusos tiveram início em forma de brincadeira, quando ainda residiam em outro endereço, na região Sul da cidade. O suspeito acariciava o corpo das crianças, principalmente as partes íntimas. No ano de 2016, quando mudaram para o atual endereço, elas continuaram a ser violentadas havendo ainda conjunção carnal “realizada de forma vaginal e anal”. No último domingo, “além das duas formas sexuais já citadas, foi realizado sexo oral”.
Homem teria oferecido maconha às meninas antes dos abusos
Consta ainda, no registro policial, que o homem obrigava as filhas a usarem pomadas anestésicas durante o ato sexual, como forma de diminuir a dor. A medicação foi localizada embaixo de uma pilha de tijolos, apontada pelas próprias vítimas, em uma casa abandonada, no mesmo terreno onde mora a família. Segundo disse uma das filhas, no momento em que o homem era procurado pela polícia, ele foi até a casa, trocou de roupa e pediu que ela falasse que tinha um “namoradinho na escola” e que já mantinha relação sexual com ele. Em determinado momento, os policiais conseguiram acordar a garota mais nova, abusada na madrugada anterior. No seu relato, ela contou que o pai a molestou acariciando seus seios. O homem teria oferecido a elas maconha, antes do ato sexual, no entanto, as meninas não aceitaram fazer o uso da droga.
A fim de garantir o sigilo da violência sexual, o homem ameaçava as filhas dizendo que, caso elas contassem para alguém, tanto ele quanto a mãe seriam presos, e as duas, assim como os irmãos mais novos, “jogados no orfanato”.
Questionada, a mãe das vítimas disse desconhecer os abusos mas afirmou desconfiar das atitudes do marido. De acordo com ela, o marido alimentava um ciúme excessivo pelas crianças e, há algum tempo, não permitia que elas frequentassem a escola, nem mesmo poderiam ir à rua, mantendo as duas dentro de casa. A mulher revelou também que as filhas eram obrigadas por ele a usarem roupas largas para não mostrar os corpos. Inclusive, na noite anterior, o casal havia discutido por conta do ciúme dele envolvendo as filhas. Na mesma data, o suspeito a agarrou pelos braços de forma violenta e disse palavras de baixo calão.
Segundo a esposa, além das agressões, as ameaças também são constantes às filhas, incluindo a menor, de 3 anos. As vítimas foram conduzidas pela PM até o HPS, onde foram submetidas a exames, conforme o Protocolo de Atendimento ao Risco Biológico Ocupacional e Sexual (Parbos). Segundo o boletim de ocorrência, foi confirmada a prática de conjunção carnal anterior para a garota de 10 anos e negativo, para a de 9 anos. O suspeito também foi encaminhado à unidade de saúde a fim de realizar exame de sangue que deverá constatar os abusos.
Os resultados dos exames serão enviados para a Polícia Civil, que irá investigar o caso. O homem foi preso quando saía de casa e levado para a delegacia, onde prestou depoimento. Na casa do suspeito, a PM apreendeu cartelas de remédios para dor, além de frascos de medicamentos, vaselina e pomadas anestésicas. O homem poderá ser enquadrado no crime de estupro de vulnerável, previsto no artigo 217-A da Lei de Crimes Sexuais, já que as vítimas são crianças. A norma prevê prisão de oito a 15 anos para quem tiver conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos, além de responder por lesão corporal e ameaça.