Atualizada dia 20/10, às 10h20
No mesmo dia em que a Delegacia Especializada de Homicídios apresentou sete suspeitos de crimes contra a vida, mais um assassinato foi registrado na cidade, elevando para 120 o número de mortes violentas este ano, conforme levantamento da Tribuna. O caso aconteceu na manhã de ontem no Bairro Ponte Preta, Zona Norte. Um aposentado de 66 anos saiu de casa para comprar pão e foi atingido por um tiro fatal na cabeça, por volta das 9h. O corpo de Pedro Rodrigues de Oliveira ficou caído entre os trilhos da linha férrea e a passarela de pedestres, próximo à Avenida JK. O assassinato em plena luz do dia e na principal entrada do bairro chocou moradores, já que a vítima era uma pessoa querida na área e não teria qualquer histórico de violência.
A Polícia Militar confirmou que o homem era morador do Ponte Preta e não teria nenhuma desavença ou envolvimento em crimes. Parentes e amigos também relataram que ele não sofria ameaças de morte e acreditam em uma possível tentativa de roubo. Inicialmente, a polícia trabalha com a hipótese de bala perdida ou latrocínio. Uma sacola com pães e ovos foi encontrada ao lado do corpo. A vítima estaria com alguns arranhões que, de acordo com os militares, podem ter sido causados em uma reação. O tiro teria sido feito contra a testa do idoso e transfixou a cabeça.
“A polícia foi acionada para atender a uma ocorrência de troca de tiros. No local, deparamos com o cidadão alvejado por um disparo na cabeça. Não encontramos suspeitos e nem testemunhas. Ele podia estar passando na hora errada e ter sido atingido por bala perdida. Mas apresentava arranhões como se tivesse entrado em luta corporal”, analisou o policial responsável pela ocorrência, sargento André Luís Silva. A vítima estava com seu celular no bolso e nenhum roubo foi confirmado.
O Samu foi acionado e constatou o óbito. Muitos curiosos se aglomeraram no local para acompanhar o trabalho da perícia. Funcionários da MRS, concessionária que administra a ferrovia, também fizeram levantamentos, já que o crime aconteceu às margens da via férrea. O corpo foi encaminhado para necropsia no Instituto Médico Legal (IML). O caso segue em investigação.
Insegurança
O local onde aconteceu o crime é alvo de muitas reclamações por parte dos moradores. A insegurança seria causada pela linha férrea, que corta o bairro e é cercada por um terreno baldio, onde ainda há construções abandonadas, que seriam usadas por usuários de drogas. Professora e mãe de duas filhas, Joana D’arc de Almeida Lopes, 44, mostrou indignação. “Essa passarela que fizeram é muito longa, não tem acessibilidade. À noite, não há iluminação e ficamos com muito medo de passar por aqui.” Devido à dificuldade em cruzar os vários metros da estrutura, muitos residentes optam por passar sobre os trilhos, por meio de buracos feitos na grade da passarela.
Joana era amiga de Pedro e acredita que ele tenha reagido a um roubo. O genro da vítima Arthur Fabiano de Oliveira Neto, 44, também aposta na hipótese. “Com certeza tentaram assaltá-lo. Ele ficou arranhado no peito e no braço, provavelmente porque entrou em luta corporal. Ele não tinha inimizades e nunca foi ameaçado.” Segundo o familiar, Pedro deixou seis filhos e sete netos.
Em nota, a MRS informou que as questões de segurança pública são um problema frequente tanto para a concessionária, quanto para as comunidades pelas quais passa. “No entanto, a ação direta só pode ser exercida pelas autoridades públicas de segurança. A MRS não tem, por questões éticas, legais e técnicas, poder de polícia, mas em casos críticos, o setor de segurança patrimonial da empresa aciona imediatamente as autoridades responsáveis.”
Sobre a extensão da passarela, a concessionária esclareceu que as atuais “são mais longas que as antigas porque cumprem as exigências das normas técnicas, incluindo as mais recentes, de acessibilidade, que garantem o acesso de cadeirantes e idosos. Por isso, as rampas (inclinações) não podem ser muito acentuadas.”