Ícone do site Tribuna de Minas

JF teve 645 queimadas este ano

incendio leo
PUBLICIDADE

Seiscentos e quarenta e cinco queimadas já foram registradas em Juiz de Fora de janeiro até ontem pelo 4º Batalhão de Bombeiros Militar (4º BBM). O número ultrapassa em 51% os casos ocorridos em todo o ano passado, quando foram contabilizadas 426. Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), cerca de 90% dos incêndios em vegetação em Minas são provocados pela ação do homem e poderiam ser evitados. Entretanto, as autoridades relatam que é difícil identificar, denunciar e prender envolvidos. Na maioria das vezes, o início das chamas é provocado pela prática de colocar fogo em pastos, lotes ou lixos e ainda por cigarros jogados nas margens das rodovias. Na última quarta-feira, vigilantes da UFJF conseguiram impedir que três adolescentes ateassem fogo nas proximidades da estação meteorológica da instituição. O caso foi encaminhado para a Polícia Civil.

Segundo o capitão Marcos Santiago, assessor de comunicação do 4º BBM, os números refletem a falta de consciência ambiental da população, já que a maioria dos registros parte de ação negligente do homem. “As pessoas não calculam a proporção dos danos ao ambiente. Muitos animais morrem, a flora é destruída, afeta a nascente dos rios, fere a camada de ozônio, isso causa desequilíbrio na natureza e interfere na qualidade de vida dos moradores.” O capitão cita, ainda, que as chamas trazem risco de morte nas estradas e vias, pois a fumaça atrapalha a visibilidade dos motoristas.

PUBLICIDADE

Por meio de nota encaminhada pela assessoria da Semad, o diretor de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais da pasta, Rodrigo Bueno Belo, diz que queimadas irregulares sem autorização do órgão ambiental, acidentes com fogos de artifícios, cigarros e rituais religiosos com utilização de fogo também contribuem para o aumento do índice de queimadas em Minas Gerais. Este ano, há um aumento de 130,4% de ocorrências de incêndios florestais em comparação com a média histórica do estado, que considera os anos de 2009 a 2013. A assessoria da Semad também informa que as suspeitas de ação criminosa são encaminhadas para apuração na Polícia Civil.

PUBLICIDADE

Crime

A Lei Federal 9.605, que regula os crimes ambientais, diz, no artigo 41, que “provocar incêndio em mata ou floresta” é crime. A Semad alerta que para garantir a condenação dos culpados, a lei exige comprovação do vínculo existente entre a ação do agente e o resultado causado por ela. Em incêndios florestais, conforme a secretaria, é quase impossível demonstrar essa relação.

PUBLICIDADE

O capitão do 4º BBM confirma que chegar à autoria dos focos é uma tarefa difícil para a corporação, que vem trabalhando com campanhas educativas para a prevenção das queimadas irregulares e com a eficácia no combates às chamas para evitar perda ambiental em grandes proporções.

Na quarta-feira, um possível desastre foi evitado quando um vigilante da UFJF flagrou a tentativa de três adolescentes, com idades entre 12 e 15 anos, de colocar fogo na vegetação próxima à estação meteorológica da instituição. Os bombeiros foram acionados e os encaminharam, junto com os respectivos responsáveis, para a delegacia. Conforme o boletim de ocorrência da Polícia Militar, os jovens relataram que foram até o local para fumar, e lá decidiram atear fogo na vegetação.

PUBLICIDADE

Clima seco

A escassez de chuvas é outro fator que contribuiu para o aumento do número de queimadas em 2014, especialmente em setembro. No dia 11, foi registrado o menor índice do ano de umidade relativa do ar na cidade, 20%. Com a vegetação seca, a fogo se espalha rapidamente.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, nos dias mais críticos de estiagem, a corporação chegou a atender até 18 chamados. Os danos causados pelas queimadas, muitas vezes são irreversíveis. “Perdemos muitos animais e insetos que são importantes para o equilíbrio ecológico e árvores com troncos calibrosos, que demoram dezenas de anos para atingir o ponto em que estavam”, completa o capitão Santiago.

PUBLICIDADE

As queimadas também consumiram cerca de 50% de uma reserva particular, o que corresponde oito hectares, no distrito de Conceição de Ibitipoca. O fogo teve início na noite da última terça-feira devido a uma descarga elétrica e só foi controlado na tarde de ontem. As chamas também atingiram um hectare da região Sul do Parque Estadual do Ibitipoca. A ação movimentou 50 brigadistas e o helicóptero Pégasus da PM.

Sair da versão mobile