Um adolescente de 12 anos morreu atropelado no Bairro Nova Era, Zona Norte de Juiz de Fora, na manhã desta segunda-feira (19), por volta das 11h. As informações da Polícia Militar (PM) apontam que a vítima, João Eder Oliveira de Souza, foi atropelada por um ônibus da Linha 766 – Zona Norte/Centro, que trafegava na Rua Doutor Dias Cruz, no sentido do Bairro Santa Cruz, próximo ao número 490. O garoto era aluno do quinto ano da Escola Municipal Cecília Meirelles, que fica na mesma via.
Segundo o diretor do colégio, Fábio Beraldo Ciano, o acidente ocorreu no horário de saída dos alunos. O menino estava acompanhado do primo, de 10 anos, e, enquanto brincava, teria tropeçado e caído na via pública no momento exato em que o coletivo passava. O primo foi o responsável por gritar por socorro, e pessoas da vizinhança ligaram para o Samu, que fez o atendimento, constatando o óbito. Como eram moradores do entorno da escola, os pais da vítima, que era filho único, chegaram minutos após o acidente e permaneceram no local durante toda a ação da polícia.
Conforme informações iniciais da PM, o motorista do ônibus teria saído do local sem prestar socorro, mas se apresentou em uma companhia da corporação distante cerca de cinco quilômetros da Rua Doutor Dias Cruz. A direção da Ansal afirma que o motorista não parou porque não percebeu o acidente. Ainda de acordo com a empresa, ele só soube o que havia ocorrido quando foi abordado por uma viatura da PM, já no Bairro Santa Cruz. Até por volta das 21h, o boletim de ocorrência ainda não havia sido finalizado.
Ainda segundo a PM, testes imediatamente posteriores ao fato apontaram negativo para a presença de álcool no organismo do condutor, que foi encaminhado para prestar depoimento na delegacia de Santa Terezinha. A polícia recolheu imagens da câmera de segurança de um estabelecimento comercial, que teria registrado o momento do atropelamento, para análises. O ônibus, pertencente à Ansal, também possui câmeras próprias, que, posteriormente, serão analisadas pelos militares.
A Secretaria de Educação lamentou profundamente o falecimento de João Eder Oliveira de Souza. A pasta informou que, assim que a direção da escola teve conhecimento do fato, tomou todas as providências de atendimento junto aos órgãos competentes para a apuração dos fatos. Ainda segundo a Secretaria, a subsecretária de Articulação das Políticas Educacionais e a gerente do Departamento de Ensino Fundamental estiveram na escola, após o ocorrido, para prestar o suporte necessário, em conjunto com a direção da unidade escolar, aos familiares do aluno.
Moradores afirmam que acidentes são frequentes no local
A falta de quebra-molas e de sinalização na região, que tem ainda outras duas escolas, foi destacada por moradores do entorno, membros da associação de moradores e pelo corpo diretivo da escola em que a criança estudava. Relatos de populares dão conta de que a Rua Doutor Dias da Cruz é local frequente de acidentes, sendo ponto de tráfego de, ao menos, duas linhas urbanas de transporte coletivo. A via também teria fluxo constante de ônibus de empresas particulares, conforme os moradores.
“A escola e a comunidade já vêm cobrando sinalização há muito tempo, por se tratar de uma via com grande fluxo de carros. É uma preocupação grande nossa pelo volume de alunos, tanto no horário de entrada quanto no de saída dos turnos, e já tínhamos feito pedidos, em gestões anteriores, para, pelo menos, reduzir a velocidade nas ruas do entorno”, contou o diretor Fábio Ciano. A Escola Municipal Cecília Meirelles tem cerca de 350 estudantes da educação infantil e fundamental só no turno da manhã. Outras duas escolas também estão localizadas nas proximidades.
Tio da vítima e pai da criança que acompanhava João Eder no momento do ocorrido, Álvaro Soares Fernandes contou que costumava levar os estudantes para escola, mas, neste ano, eles passaram a voltar sozinhos para casa. “Todo dia eu trazia ele e meu filho para a escola, e falava para eles tomarem cuidado, porque muitos carros passavam rápidos ali. Mas eles eram muito atentos na rua”, conta Fernandes, que também é padrinho e vizinho da vítima. De acordo com Álvaro, seu filho tinha convivência frequente com João Eder, que não tinha irmãos.
O tio da vítima também pediu para que a administração pública realize mudanças no tráfego e coloque quebra-molas no local. “Eu não sei nem falar porque aconteceu isso, estou chocado até agora, e eu faço um apelo para colocar um quebra-molas nos dois lados, de subida e descida. Porta de colégio tem que ter quebra-mola”.
Posicionamentos
A Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra) afirmou que aguarda a confecção do boletim de ocorrência – que, até por volta das 21h, ainda não havia sido finalizado -, a perícia e a avaliação das câmeras de segurança do entorno, bem como a do próprio ônibus e do tacógrafo do veículo, para então avaliar o acidente ocorrido. A pasta ressaltou que agentes de trânsito acompanharam os desdobramentos desde as primeiras horas após o atropelamento, e que a equipe técnica de engenharia de tráfego realizará avaliações das vias próximas ao local do do acidente, após análise das câmeras e índices de acidentes, caso exista.
Ainda segundo a Settra, foi encaminhado, no final de julho, e-mail para todas as escolas da cidade, convidando para participarem do projeto “Volta às aulas”, programa educativo que oferece palestras sobre a segurança no trânsito para os alunos. Conforme a Secretaria, caso as escolas se interessem, basta entrar em contato com a Supervisão de Projetos de Educação para o Trânsito, por meio do telefone 3690-8235 ou do e-maileducatrans@pjf.mg.gov.br. As palestras podem ser ministradas para alunos da educação infantil até o ensino médio, com temáticas diferenciadas por faixa etária. O estudo tem duração de 20 a 40 minutos e utiliza material didático desenvolvido pela Settra.
Até o início da noite, o registro da ocorrência pela Polícia Militar ainda não havia sido concluído. Em posicionamento oficial, a Ansal afirmou que ainda não está provado se foi mesmo o ônibus da empresa que provocou o acidente, já que dois coletivos passaram pela rua no mesmo momento. Isso só deverá ser comprovado, segundo a companhia, após análise das imagens das câmeras de segurança. A Ansal disse que irá aguardar o resultado da perícia para se manifestar sobre o acidente e reforça que estará prestando toda assistência à família da vítima.