Uma juiz-forana denunciou ter sofrido injúria racial por meio de mensagens recebidas em uma rede social. Ela foi chamada de “macaca”, “suja”, “cabelo de tocha” e “portadora de HIV”. Segundo relatou à Tribuna, todas as ofensas foram proferidas devido ao seu biotipo físico, de uma mulher negra e magra. O autor das mensagens é desconhecido, e também ameaçou hackear o perfil da vítima e fazer com que ela perdesse acesso à conta, em que compartilha sobre sua vida e trabalho como cabeleireira especializada em cabelos crespos e cacheados. O caso aconteceu em maio, mas com a falta de respostas de órgãos públicos sobre o ocorrido, a vítima decidiu vir a público expor a situação.
Luciana Lino Miranda, 39, relatou ao jornal que toda a situação começou quando ela publicou um meme em suas redes sociais. A postagem tinha a legenda “Eu num dia chuvoso sobrevivendo sem carinho”, com uma foto de um mico enrolado em cobertas e com feição triste. Em seguida, ela recebeu um comentário de um usuário que não conhecia, afirmando que a imagem se parecia mesmo com ela e com emojis de risada. Ela respondeu e, em seguida, o homem comentou outra publicação dizendo que qualquer homem “colocaria chifre nela” e dizendo que ela era “fim de noite”. Também afirmou que parecia que o rosto da mulher “pegou fogo e apagaram com o chinelo”.
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As ofensas continuaram em uma conversa entre os dois pelo chat, na mesma rede social, enquanto ela se defendia das ofensas e questionava quem era o indivíduo que enviava as mensagens. Nessas conversas, o perfil enviou mensagens dizendo que a mulher parecia “portadora de HIV”, é “magrela e sem sal” e que deveria pedir para “arrumarem sua juba”, entre diversas outras ofensas. A conta ainda enviou mensagens afirmando ser um engenheiro elétrico, com padrão de vida que a mulher “não imagina”.
Usuário afirmou que denuncia não surtiria efeito
Ao final da troca de mensagens, a mulher afirmou que iria denunciar o usuário, ao que ele respondeu que a denúncia “não daria em nada”, e que poderia hackear a conta da mulher se assim desejasse. Toda a conversa foi relatada à Polícia Militar. Ela fez o Boletim de Ocorrência, ao qual a Tribuna teve acesso, mas afirma que a investigação não avançou.
A sensação de impunidade foi o que a motivou a vítima vir a público, já que não obteve respostas sobre avanços no caso. “Trouxe a público pois quero que as pessoas saibam que isso é um crime e não pode passar despercebido”, conta. As ofensas foram proferidas três dias antes da denúncia, e a mulher também conta que demorou um tempo para entender o que tinha acontecido, fato que deixou marcas em sua vida. “Eu tinha uma premiação no mês seguinte e quase não fui, porque me senti um lixo. Quis me esconder por tamanha vergonha”, relata.
À Tribuna, a Polícia Civil informou que o caso está em apuração na 3ª Delegacia, sob responsabilidade do delegado Daniel Buchmüller.