O comandante da 4ª Região de Polícia Militar, coronel Alexandre Nocelli, apresentou, na manhã desta quarta-feira (19), um balanço sobre o trabalho que vem sendo desenvolvido no combate aos crimes violentos em Juiz de Fora e nos outros 85 municípios da Zona da Mata sob responsabilidade da 4ª RPM, compreendendo uma população de cerca de dois milhões de habitantes. De modo geral, crimes como estupro consumado, estupro de vulnerável, homicídio consumado e tentado, roubos e sequestro e cárcere privado, entre outros, diminuíram 14,94% em Juiz de Fora e 8,45% na região, quando se comparam os números do primeiro semestre de 2017 com o mesmo período do ano passado.
Conforme Nocelli, esse recuo de crimes violentos é o primeiro registrado nos últimos cinco anos. Como motivação dessa queda, o oficial atribui ao trabalho que vem sendo desempenhado pelas unidades da PM e também ao apoio do Poder Judiciário e do Ministério Público. “A Polícia Militar é combativa, não vamos permitir que Juiz de Fora fique refém da marginalidade. Os comandantes têm feito grande trabalho nas unidades, e vamos continuar nas ruas, atuando com repressão qualificada e prevenção inteligente da violência”, ressaltou o comandante, em coletiva à imprensa.
Segundo levantamento da corporação, os casos de roubo consumado reduziram 15% em Juiz de Fora e 10% em toda a Zona da Mata. Para Nocelli, o saldo positivo é resultado do trabalho de monitoramento de infratores contumazes feito por todas as companhias da PM. “Ao elencar esses autores, nosso trabalho de prevenção tem tido muito resultado, pois temos retirado de circulação esses infratores. Além disso, temos ações preventivas com a colocação de viaturas em locais de maior incidência”, afirmou o coronel.
Índices negativos
Apesar da diminuição dos casos de modo geral, a PM tem preocupação com algumas modalidades criminosas que apresentaram aumento, como as ocorrências de furtos consumados, com 4.167 casos registrados até 30 de junho; e de furto de veículos, com 358. Segundo dados da 4ª RPM, esses crimes têm projeção de crescimento de 5,53% e 7,27%, respectivamente. “Algumas ações já estão direcionadas, inclusive de inteligência. Com a percepção da presença de carros clonados na cidade, já temos uma quadrilha sendo monitorada”, pontuou.
Outro crime que apresentou recrudescimento, acionando o sinal de alerta da corporação, é de estupro consumado de menores de 14 anos de idade. Na região, os números subiram 16,67%, e em Juiz de Fora, 17,39%. “Essa questão preocupa muito em razão da gravidade do crime, porque envolve vítimas indefesas. Fazemos um trabalho próximo às vítimas, mas é uma ação que perpassa muito pela conduta das pessoas. Eu costumo dizer que a gente não pode transferir a responsabilidade da segurança para as pessoas, mas é preciso olhar por onde se passa, ter atenção ao horário. A gente tem que adotar algumas medidas no mundo de hoje para tentar minimizar essas possibilidades. Essas modalidades criminosas que estão com aumento são objeto primeiro de nossa análise para tentar diminuir”, garantiu Nocelli.
Crimes contra a vida
Nas 86 cidades pertencentes à 4ª RPM, os homicídios consumados aumentaram 4,67%. Já em Juiz de Fora, a corporação contabiliza uma queda de 8,20%. Na cidade, conforme a estatística, foram 56 casos no período analisado, em 2017, contra 61 em 2016. “É uma pequena queda, mas é uma diminuição. É o crime mais grave, pois retira a vida de uma pessoa. Nos homicídios temos que trabalhar com uma série de variáveis para quebrar seu ciclo. O assassinato que acontece dentro de uma casa, que seja passional, pode ter começado com uma lesão corporal, então tentamos agir nesse ciclo”, ponderou o militar.
Outros crimes contra a vítima estão relacionados à questão da disputa de ponto de tráfico de drogas. “Há o trabalho de inteligência identificando esses grupos de infratores para tentar prendê-los antes que aconteça o homicídio. Hoje, a possibilidade da prisão é real, e o marginal sabe disso, o que também inibe a vontade de delinquir. Quando a prisão não acontece, há a identificação do infrator. Muitos reds (registro de eventos de defesa social) têm ido para a Polícia Civil já com os autores de homicídios identificados no próprio local da ocorrência. Isso acontece na ordem de 80% dos crimes de homicídio, para a Polícia Civil continuar o trabalho e depois efetuar a prisão preventiva desse infrator”.
A Tribuna de Minas faz um acompanhamento dos casos de mortes violentas registrados em Juiz de Fora e computa não só os óbitos assinalados nos boletins de ocorrência da PM, mas os ocorridos após, quando a vítima falece no hospital. Conforme os dados do jornal, até junho deste ano, foram 67 casos, contra 76 no mesmo período do ano anterior, verificando também um recuo.
Nocelli chamou a atenção para a maior frequência do uso de armas brancas nos crimes violentos. “Uma questão que está fazendo parte da nossa agenda é a apreensão de arma branca em Juiz de Fora, para evitar esses crimes que têm ocorrido com mais frequência”. De acordo com o coronel, em Juiz de Fora, foram apreendidas 261 armas de fogo em 2016 contra 260 no primeiro semestre deste ano. Na região, foram 604 apreensões em 2017 contra 669 no mesmo período do ano passado. Para o comandante, esta ação fez com que os infratores mudassem de estratégia.
Drogas
O comandante da 4ª Região de Polícia Militar observou que o tráfico fomenta crimes, como o homicídio e contra o patrimônio, posto que muitas vezes é praticado por pessoas que são dependentes de entorpecentes. “É um ponto de honra retirar traficantes de circulação, pois eles vendem a morte. Temos combatido de forma sistemática e muito agressiva o tráfico de drogas e tem surtido efeito”, destacou. Nocelli ainda acrescentou que em Muriaé e Viçosa, onde há uma preocupação particular com esse crime, está sendo feito um trabalho direcionado, com tropas especializadas, com o objetivo de diminuir também os números em toda a região. “O trabalho de combate à criminalidade precisa do envolvimento da PM, da comunidade, de outros órgãos, para que, juntos, possamos colher os melhores frutos em termos de qualidade de vida para comunidade”, finalizou.