Ícone do site Tribuna de Minas

Moradores e comerciantes contabilizam prejuízos no Santa Luzia

chuva santa luzia 2 leonardo costa
chuva santa luzia 3 leonardo costa
Apesar do rastro de lama deixado pela tempestade de sexta-feira, Defesa Civil afirma que não houve vítimas e nenhum morador está desabrigado ou desalojado (Foto: Leonardo Costa)
PUBLICIDADE

Este sábado (18) foi de organização e limpeza para os moradores do Bairro Santa Luzia e adjacências, na Zona Sul de Juiz de Fora, depois da forte chuva que atingiu a região, na noite de sexta-feira (17). Quem trafegou pela Rua Ibitiguaia, pode observar o rastro de lama deixado pela correnteza, provocado pelo transbordamento do Córrego Santa Luzia. Na noite anterior, como pode ser observado em diversos vídeos que circularam pelas redes sociais, era possível ver veículos, inclusive ônibus, tomados pelas águas. Alguns carros de passeio chegaram a ser arrastados pela força da água.

De acordo com a Defesa Civil da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), as chuvas de 50 milímetros que atingiram a Zona Sul do município, por cerca de uma hora, foram um fenômeno fora do comum, reflexo da mudança climática que afeta o mundo inteiro e que já vinha causando estragos nos últimos dias na Bahia, no Espírito Santo e em outras cidades de Minas Gerais. “A impermeabilização do solo, assim como a ocupação desorganizada, também contribuem para os impactos da chuva na cidade”, ressaltou a Defesa Civil, que já tinha emitido um alerta, na manhã de sexta, informando a possibilidade de transbordamento de rios e córregos que cortam o município.

PUBLICIDADE

A prefeita Margarida Salomão (PT), junto de outros secretários, visitou a Zona Sul da cidade, considerada a região mais atingida, com o objetivo de avaliar os impactos das chuvas e conversar com as famílias afetadas. Móveis do programa “Da minha casa para a sua” e de outros programas da PJF serão priorizados para as famílias atendidas pela Defesa Civil. Segundo a prefeita, o fenômeno que ocorreu na Zona Sul foi como uma “tromba d’água”, que caiu concentrada sobre a região. Lembrou que, ao longo deste ano, a Prefeitura realizou a limpeza do córrego de Santa Luzia e do Bairro Ipiranga, fato que, na sua opinião, amenizou os impactos, mas, ainda assim, a violência da chuva provocou o extravasamento das margens.

PUBLICIDADE

“O Demlurb está aqui, apoiando na limpeza das casas, retirando objetos, fazendo a limpeza das ruas. E é lógico que vamos continuar trabalhando para que essa situação não se repita mais”, ressaltou. Ela também chamou a atenção para o fluxo do córrego. “O fluxo é composto de terra, resultado do movimento de terra, o que demonstra que precisamos ter muito cuidado com o uso do solo, porque boa parte desse desastre decorre do fato de que as pessoas fazem desbarrancamento, movimentação de terra, neste período”, disse, afirmando que a PJF vai continuar trabalhando para despoluir o córrego de Santa Luzia. “Fazendo a recuperação de toda a bacia, para que possamos lidar com fenômenos naturais tão adversos e graves como esses que aconteceram.”

Oito ocorrências registradas

Altura da água já tinha diminuído neste sábado, mas estragos ainda podiam ser vistos (Foto: Leonardo Costa)

Conforme a Defesa Civil, foram oito ocorrências registradas entre a noite de sexta e o sábado. “Toda a noite e madrugada, a equipe do órgão monitorou a situação das chuvas, realizou vistorias e, diante da necessidade, acionou os bombeiros para resgatar a população que estava ilhada em Santa Luzia. Não há vítimas e nenhuma pessoa está desabrigada ou desalojada”, destacou.

PUBLICIDADE

O órgão também ressaltou que, no período de estiagem, foi realizado um amplo trabalho de prevenção pela PJF e que, devido às intervenções de limpeza no córrego, o alagamento no Bairro Democrata foi significativamente menor. No Córrego Ipiranga, do Bairro Santa Luzia, a limpeza foi iniciada em agosto, com serviço de roçada, capina e remoção de resíduos das margens.

A Defesa Civil também lembrou que, na manhã deste sábado, as equipes do Programa Boniteza atuaram para reparar os danos causados pela chuva. “O Demlurb realizou a limpeza em Santa Luzia e nos bairros adjacentes, a Empav atuou em Filgueiras, e a Cesama nos bairros Vila Ideal e Olavo Costa, na Zona Sudeste”, informou.

PUBLICIDADE

Ainda segundo o órgão, o Rio Paraibuna, na sexta, chegou a atingir o pico de 3,15 metros de volume de água.

<
>
(Foto: Leo Costa)

Comerciantes e moradores relatam prejuízos

Proprietário de uma loja de roupas na Ibitiguaia, Aladir Gonçalves de Oliveira teve o estabelecimento invadido pelas águas. “Na sexta, prevendo o que podia acontecer, deixamos um pouco de mercadoria no alto, mas, mesmo assim, perdemos de três mil a quatro mil peças”, disse, acrescentando que o valor do prejuízo é de cerca de R$ 20 mil. “Foi um momento de desespero, pois tivemos que voltar e ficamos das 21h às 3h da madrugada tirando barro. Pelos menos dois caminhões de barro tiramos daqui. Se fosse água até poderia ser mais tranquilo, mas era só barro mesmo. A gente espera que haja providências por parte da Prefeitura, porque sabemos que essa situação é recorrente e não podemos mais arcar com tantas perdas.”

Dono de uma oficina mecânica, Márcio Barros Ferreira Júnior lamentou que essa é uma situação antiga no bairro. “Infelizmente, tenho um monte de máquina que pode ter estragado com a água. O nosso elevador automotivo, por exemplo, não sei se vai ligar mais. Eu tinha um cimento guardado, pois estava fazendo um balcão, e foi todo perdido”, disse. O morador acrescentou que, depois da instalação de condomínios nas redondezas, a situação do córrego piorou, pois, segundo ele, o transbordamento ficou mais frequente.

PUBLICIDADE

Morador há 59 anos da Ibitiguaia, Amadiz Peixoto de Souza relatou que teve perdas na sua residência. “Poltrona e eletrodomésticos ficaram estragados”, disse, acrescentando que o córrego precisa de limpeza mais constante, assim como há necessidade de reparos nas bocas de lobo. “Em todos esses anos que moro aqui, a chuva desta sexta foi a pior que já presenciei, porque, das outras vezes, a água deixava de atingir certos pontos, mas, desta vez, a rua ficou tipo um mar.”

Sair da versão mobile