Os moradores do Bairro Poço Rico, região Sudeste de Juiz de Fora, estão insatisfeitos com o fechamento da passagem de nível do trem na esquina das ruas Pinto de Moura e da Bahia. A interrupção do fluxo de veículos deve ocorrer por conta da inauguração do Viaduto do Tupinambás, prevista para acontecer ainda este ano. A preocupação da população parte dos possíveis impactos que a mudança deve trazer para a mobilidade e o comércio local.
De acordo com o presidente da Associação de Moradores do Bairro Poço Rico, Alexandre Reis Silva, representantes da população estiveram em reunião com a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) há cerca de duas semanas, quando foi apresentado o projeto para a região. Como o mesmo não agradou os moradores por conta de novas dificuldades no trânsito, eles se reuniram novamente com a Secretaria de Transportes e Trânsito (Settra). “A ideia era mostrar a inviabilidade da conclusão do viaduto com o fechamento da Rua da Bahia com a Pinto de Moura, bem como a falta de um retorno ou rotatória na saída do viaduto. Pelo plano inicial que nos mostraram, quem está no Santa Tereza não conseguiria vir ao Poço Rico”, exemplifica.
Como destacado por Silva, a conexão entre os bairros ocorreria apenas em um trajeto que levasse os veículos até a Rua Espírito Santo, próximo à região central. “Nós, moradores, conseguimos mostrar que tem que ter uma volta no pé do viaduto para ficar um pouco melhor, depois do fechamento da Rua da Bahia. Há preocupação do comércio, que vive do movimento de todos que atravessam a Rua da Bahia”, explica o presidente da associação. “Fechando a passagem, não tem acesso para esse comércio, até para os próprios moradores que moram do outro lado [da linha férrea], eles não têm como vir aqui comprar.”
Elvio Rodrigues é um dos moradores e comerciantes da região que demonstra descontentamento com a interrupção do fluxo de veículos pela passagem que será fechada. “Isso vai causar uma série de transtornos. Foram decisões tomadas à distância, sem nenhuma consulta à população, aos comerciantes, sem nenhuma consulta às pessoas que moram há muito tempo aqui. Desconsideraram necessidades e dificuldades da população”, ressalta.
Acidentes
Conforme apontado por Alexandre, a população foi informada que o fechamento para veículos seria em função dos acidentes de trânsito que ocorrem no local. Porém, segundo o presidente da Associação dos Moradores, as ocorrências registradas estão relacionadas mais frequentemente a atropelamento de pedestres. “Para pedestre, [a passagem] continua liberada, mas para carro, fechada, sob a alegação de que acidentes de carro acontecem ali constantemente”, diz. “Grande parte dos acidentes que tiveram aqui foram de pedestres, mas vão fechar a linha por causa de acidentes com carro.”
À Tribuna, a Settra informou que a solicitação para fechamento da passagem de nível partiu da MRS Logística, por conta do número de acidentes no local. Já a MRS disse que as intervenções fazem parte do planejamento da PJF quanto ao novo sistema viário da cidade.
Nesta sexta-feira (18), após publicação da reportagem, a Settra voltou a se posicionar e informou que, juntamente com a Secretaria de Obras e em parceria com a MRS e o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT), desenvolveu projetos de um conjunto de obras cujo objetivo é reduzir o número de acidentes e conflitos com a linha férrea que passa por Juiz de Fora. “A Secretaria de Transportes e Trânsito sempre se pautou na boa fluidez do trânsito e na redução do número de acidentes nas vias do Município”, disse em nota. “Através de recursos federais, foram programadas construção de viadutos, sendo um deles o do bairro Santa Tereza. Na oportunidade, ressaltamos que, devido a falta de espaço físico, não foi possível construir um viaduto na Rua Pinto de Moura, porém, sabendo da necessidade de se manter os acessos preservados entre os bairros, foi possível, à época de sua concepção de projeto, criar um viaduto na rua Tenente Coronel Delfino Nonato, preservando, assim, a ligação entre os bairros Santa Tereza e Poço Rico.”