O Hospital Maternidade Therezinha de Jesus recebe, entre os dias 20 e 24 deste mês, o projeto “Laboratório Encantado”, que leva ciência, artes, livros e acolhimento para crianças em situação de atendimento ambulatorial e de doenças crônicas. Com espetáculo de bonecos, carrinho cenográfico, músicas e oficinas de criação, o público infantil será estimulado a entrar em contato com um universo de conhecimento e brincadeira por meio da Companhia Pia Fraus de Teatro, conhecida por já ter se apresentado nos principais festivais de teatro do mundo. Juiz de Fora é a última das seis cidades contempladas pelo projeto. Antes, foram visitadas Feira de Santana (BA), Piracicaba e Osasco (SP), Barra Mansa e Resende (RJ).
Durante a semana que permanecerá em Juiz de Fora, além da peça que encena um laboratório de ciências em local mágico e é apresentada todos os dias, haverá oficinas plurais com linguagem teatral e distribuição de kits de ciência, que contam com uma mochila e um livro desenvolvido especialmente para o projeto, que apresenta a história da peça em outra mídia e formato. A equipe que visita os hospitais é composta por uma atriz, um ator e um músico ator, assim como uma fotógrafa e um produtor. “Eles são sensíveis, cuidadosos e bem preparados para acolher e deixar as crianças e acompanhantes bem à vontade”, conta a produtora executiva Maysa Lepique.
O projeto, viabilizado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura, foi desenvolvido pela empresa Mina Cultural, com patrocínio da Fundação ArcelorMittal, e explora o tema da ciência para as experiências hospitalares infantis. De acordo com Maysa, a escolha da temática concentra-se em proporcionar ludicidade e poesia, de maneira que se vinculem à construção de conhecimento sobre aspectos que fazem parte daquele contexto e da vivência com o próprio corpo.
“A criança em situação de hospitalização não necessariamente tem noção do que está acontecendo com ela e, ao mesmo tempo, tem medo de sentir dor, de injeção, de passar mal. Somado a isso, tem a família se sentindo insegura e frágil. A possibilidade de brincar com esse assunto é uma forma de trazer mais empoderamento para as crianças e consciência sobre o próprio organismo, sobre aquele espaço onde ela está. O benefício de trazer o assunto da ciência, e não outro, é tratar de assuntos que são pertinentes à realidade dessas crianças. É possível entender o que está acontecendo de uma forma que não seja pesada”, afirma.
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O projeto e seus frutos
Ao longo deste primeiro ano de projeto, as sementes plantadas têm se desenvolvido. A construção coletiva de um momento de brincadeira tem o poder de gerar desconexão com a dor e o medo presentes. “Diria que um dos ganhos é ver as crianças que estão na situação de internação ou tratamento, que no geral ficam vulneráveis, podendo brincar e se divertir de forma efetiva, envolvidas com as atividades. Ou seja, para além da humanização e da escolha de uma abordagem mais poética neste contexto de tratamento de saúde, outras riquezas são exploradas, que são a fruição do teatro, o estímulo à criatividade, à cognição e à leitura, e também a possibilidade de, entre outras brincadeiras, a de fazer atividades manuais, confeccionando dinossauros, caleidoscópios, móbile com sistema solar e muito mais”, diz Maysa.
Outro fruto que vem se sobressaindo é a possibilidade de o projeto incentivar a formação de um público futuro para o teatro. “Nosso projeto é destinado a hospitais públicos ou que têm atendimento do SUS, então estamos falando de uma população que nem sempre tem acesso a programação cultural. O que a gente tem visto é que muitas crianças estão assistindo a uma peça pela primeira vez. Isso é muito rico, uma vez que o teatro é uma linguagem artística efetiva no sentido de trazer conexão entre a arte e o público, que é profunda, subjetiva, além de abrir um universo de imaginação e criatividade potente”, afirma.
Fase de captação de recursos
Com o desejo de ampliar sua atuação e expandir suas fronteiras, o projeto já foi novamente aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura e, em 2024, tem previsão inicial de visitar nove instituições. Para isso, garantir apoio é fundamental. “Estamos fazendo esse apelo em busca de mais apoiadores para continuar realizando esse trabalho de tamanha importância e impacto social”, compartilha Maysa.
*Bruna Furtado, estagiária sob supervisão do editor Wendell Guiducci