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Usuários da Av. dos Andradas voltam a enfrentar gargalos no trânsito

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Trafegar na Avenida dos Andradas pode ser um verdadeiro desafio para os juiz-foranos. Principalmente nos horários de pico, é possível ver o fluxo intenso de carros e as retenções que se estendem por toda a avenida, fazendo com que os usuários demorem muito mais tempo que o previsto para concluir o trajeto. Além disso, a região sofre com a má sinalização e as vias curtas para a passagem de pedestres. A Tribuna foi ao local na quarta-feira (10), entre 17h e 18h, e pôde conferir de perto o problema.

Nos horários de pico, principalmente entre 17h e 18h, grande fluxo de veículos torna tráfego lento e demorado (Foto: Fernando Priamo)

A Avenida dos Andradas é importante via de acesso para o Centro da cidade e as regiões Norte, Nordeste e Cidade Alta. E, por esse motivo, os condutores apontam a necessidade de uma logística que funcione melhor. O usuário Mateus Mineiro, que costuma passar pela avenida em horários de pico, afirma que o problema se agrava com a passagem do trem, já que muitos condutores desrespeitam a sinalização. Além disso, Mateus afirma que a falta de sinalização representa uma ameaça para a segurança dos usuários.

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Conforme observado pela Tribuna, é possível ver faixas de pedestre totalmente apagadas, aumentando o risco para os que passam pela região. Com o alto fluxo de carros, ainda mais no horário de saídas e entradas de escolas da área, acaba sendo muito difícil para os pedestres atravessarem as faixas com segurança.

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Travessias perigosas

No trecho da Avenida dos Andradas próximo ao Museu Mariano Procópio, é possível flagrar a travessia de pedestres sem nenhuma segurança, entre carros e caminhões, em vários momentos do dia. Na esquina com a Rua Cristovam Molinari, por exemplo, é possível ver que a faixa está apagada, o que acaba dificultando a passagem dos usuários. Com o tráfego intenso na região, os motoristas não param para que os pedestres atravessem. E muitas vezes, nem é possível ver que deveria haver a parada na área.

Falta de sinalização na travessia de pedestre na linha férrea traz riscos aos que transitam pela via (Foto: Fernando Priamo)

Para o empresário Narthan Fernandes, essa problemática se agrava à noite, período em que ele costuma passar pela avenida. Ele explica que, principalmente nesse momento, “a visibilidade dos motoristas fica muito prejudicada por conta da escuridão e da falta de sinalização”. Além disso, Narthan aponta que há buracos na via que aumentam as chances de acidentes ou danos aos veículos quando não são vistos a tempo. Ele também expressa a necessidade de realização das melhorias “antes de as aulas começarem de forma presencial, porque isso tende a intensificar muito o trânsito na avenida”.

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Resposta da SMU

Em nota, a assessoria da Secretaria da Mobilidade Urbana (SMU) afirmou que a revitalização da pintura das faixas de pedestres já está na programação da SMU. Porém, observa que “o serviço não pode ser executado durante o dia para não comprometer o trânsito e não é possível ser realizado em noites chuvosas ou excessivamente úmidas.” Além disso, foi pontuado que a Prefeitura já iniciou um projeto de construção de rampas de acesso em toda a cidade, que atenderá mais de 270 pontos e torna os trechos da calçada mais acessíveis.

Av. dos Andradas e o projeto de viaduto

Uma das iniciativas que visam a melhoria de tráfego na Avenida dos Andradas é o projeto de construção de um viaduto na região. Em 2011, a Prefeitura de Juiz de Fora anunciou a construção de um viaduto sobre a Rua Mariano Procópio, para melhorar o fluxo de trânsito em direção à avenida. Essa iniciativa pretende diminuir o número de carros na altura do Morro da Glória. Questionada sobre o andamento desse projeto, a Secretaria de Planejamento de Território e Participação Popular (SEPPOP) informou, por nota, que as obras de construção dos viadutos em Juiz de Fora obedecem um cronograma estipulado por outras administrações. Após a conclusão do Viaduto Hélio Fadel, a pasta esclarece que serão iniciadas as obras do viaduto Benjamin Constant e, por fim, serão iniciadas as ações para o viaduto do Mariano Procópio. “As demais obras serão dialogadas junto a MRS após a aprovação da concessão da linha ferroviária que está em trâmite no Congresso Nacional. O viaduto da Avenida dos Andradas faz parte desse segundo pacote de obras que dialoga com a MRS”.

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Na Rua Cristovam Molinari, que cruza a Avenida dos Andradas, faixa de pedestre está apagada. Em dias de trânsito intenso, acesso à avenida fica difícil (Foto: Fernando Priamo)

Transformar a mobilidade urbana na Av. dos Andradas

Sobre a problemática da Avenida dos Andradas, o especialista em mobilidade urbana, José Ricardo Daibert, aponta que os projetos de viaduto visam viabilizar as travessias históricas, hoje incompatíveis com o tamanho de Juiz de Fora. “Enquanto a cidade se desenvolvia em torno da malha ferroviária, fazia sentido, mas isso já passou. Estamos dando soluções antigas para problemas novos”.
Para ele, o problema da mobilidade urbana não pode ser resolvido pela construção de um viaduto na área. Apesar de ele reconhecer que essa obra pode ser uma solução temporária e interessante, José Ricardo aponta que a Avenida dos Andradas representa um dos gargalos de Juiz de Fora, mas não é um problema único. Uma obra como essa, ao seu ver, “pode eternizar o uso da malha ferroviária no meio urbano da cidade, o que não seria uma solução boa a longo prazo”.

Conforme José Ricardo, é preciso pensar essas questões em termos do que vai ser melhor para as pessoas e que caminhos a cidade quer tomar a respeito da sua mobilidade. Ele explica que projetos que tendem a tratar apenas da oferta acabam postergando o problema. Com a pandemia e a questão climática se agravando, o especialista também aponta a necessidade de entender o investimento como sendo importante para a qualidade de vida das pessoas. Muitas cidades ao redor do mundo já tomaram como meta acabar ou reduzir drasticamente o uso de transportes particulares e, para ele, essa parece ser mesmo a melhor saída. Apesar de ser um processo longo e custoso, José Ricardo aponta que trata-se de uma solução possível e bem mais sustentável.

O principal desafio apontado por José Ricardo é justamente fazer com que o poder público faça um alto investimento no financiamento público da mobilidade. Para ele, um primeiro passo seria pensar em um transporte público que não fosse inteiramente custeado pelos usuários, e ainda tornar essa questão como essencial para a qualidade de vida. Ele conclui que, apesar da solução parecer cara, a longo prazo, ela acaba sendo mais barata do que ter que providenciar constantemente apenas reparos paliativos.

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