Duas famílias terão que deixar suas casas na Rua Ignácio de Assis Vilaça, na Vila Olavo Costa, após interdição por risco de desabamento nesta quarta-feira (18). Uma cratera se formou na encosta que fica atrás da edificação. Conforme os moradores, o escorregamento de terra piorou depois da forte chuva de terça-feira (17).
A Defesa Civil interditou o edifício de três andares onde moram duas famílias, totalizando cinco pessoas. Os moradores pretendem ficar no local até que o auxílio moradia da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) seja liberado e eles possam alugar um outro imóvel.
A Tribuna esteve na Vila Olavo Costa na tarde desta quarta. Em contato com a reportagem, a proprietária da casa, Rosana Dias, de 43 anos, afirmou que a cratera nos fundos da residência já existe há muito tempo. Conforme Rosana, em dia de chuva forte, a água que desce das ruas de cima, como a Rua Padre Aloísio Jorgler, não tem vazão e acaba escoando por seu terreno. “Isso acontece desde que eu moro aqui, há mais de 30 anos.” Só que agora a situação está mais crítica. A erosão fez com que o buraco na encosta ficasse cada vez maior, colocando em risco a estrutura da casa. “Meu medo é que na próxima chuva isso tudo venha a baixo.”
Primeiro andar interditado em fevereiro
Em fevereiro deste ano, uma forte chuva fez descer pela encosta uma enxurrada que teve força para derrubar a parede do primeiro andar da construção. Na época, a filha de Rosana, Carolina, de 28 anos, morava com o marido e os filhos, que tinham 7 e 10 anos. Ela conta que, no final da tarde, a água desceu com força pelo barranco, trazendo entulho e parte da estrutura de uma outra casa, que foi danificada com a chuva. “Derrubou a parede e levou tudo o que tinha dentro. Meu marido teve que quebrar a janela do quarto para a gente passar para a casa do vizinho.”
O marido levou 37 pontos no braço e as crianças nunca mais visitaram a casa da avó. “Elas não vêm mais aqui. Ficaram traumatizadas. Até hoje morrem de medo da chuva”, conta Carolina. A Defesa Civil compareceu no local e interditou o primeiro andar da residência. Rosana conta que, na ocasião, foi informada que as colunas que dão sustentação aos outros andares não tinham sido danificadas e por isso não seria preciso interditar o segundo e terceiro andares.
Carolina foi contemplada com o auxílio moradia no valor de R$ 600 ao mês. Ela e a família puderam alugar uma outra casa no bairro. A mãe, Rosana, planeja fazer o mesmo. “Se eu puder ter o auxílio moradia vou alugar um outro lugar para morar. Aqui não dá mais. Mas, até lá, vamos ficando, porque não tenho para onde ir.” No segundo andar da casa vive sua outra filha, que está grávida, com o marido. Quando a reportagem foi até o bairro, ela não estava em casa, mas, segundo Rosana, o plano é o mesmo, conseguir o benefício da Prefeitura para poder mudar de residência.
Sem solução
Além da insegurança constante, Rosana e sua família convivem com a sensação de abandono por parte do Poder Público, pois, segundo ela, nenhuma solução é oferecida. A moradora diz que havia solicitado previamente à Prefeitura a construção de um muro de contenção, mas, segundo ela, não houve resposta.
A reportagem questionou a Prefeitura de Juiz de Fora a respeito da situação de Rosana e de sua família. Por meio de nota, o Município afirmou que os proprietários foram orientados pela equipe de Engenharia a deixar o imóvel e serão atendidos pela equipe de Serviço Social da Defesa Civil. O Executivo informou que, caso atenda aos critérios da legislação, a família será encaminhada para o programa auxílio moradia. Para receber o benefício, os moradores precisam ter renda de até três salários mínimos e estarem inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais.
De acordo com Rosana, a equipe do Serviço Social da Prefeitura está em contato com ela e a filha para agilizar a documentação e dar entrada no auxílio moradia.
Canos quebrados
Sobre a interdição do primeiro andar em fevereiro, a PJF afirmou, por nota, que, na ocasião, todos os proprietários foram orientados a realizar a contenção da encosta, a correção do esgoto e ajustar o direcionamento de água pluvial. Rosana afirma, no entanto, que está desempregada e não tem condições financeiras para realizar reparos no terreno. Com a enxurrada da última terça-feira, os canos de esgoto foram rompidos e a água está vazando diretamente no solo. “Ontem (na terça), quando a chuva continuou, eu tive que ficar até tarde da noite em pé, para o lado de fora, com medo de o barranco acabar de descer.”
Os estragos causados pela chuva são um problema que também afeta os moradores do entorno. Como conta Rosana, a lama que desce com a enxurrada também entra na casa dos vizinhos de frente. “Me disseram que isso aqui não tem solução. Não adianta fazer muro de contenção sem que obras na rua de cima sejam feitas. É preciso direcionar a água que desce com a chuva para que ela não caia no meu terreno, se não nenhuma obra vai ter efeito.”