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Adenilde Petrina recebe título de Honoris Causa

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Adenilde Petrina está entre os nomes confirmados para a Flijuf

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Fotos: Felipe Couri
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Existem afirmações que nos ajudam a definir e entender as pessoas. Uma das primeiras frases ditas por Adenilde Petrina Bispo, ao comentar o recebimento do título de doutora Honoris Causa concedido pela UFJF, é uma delas: “São os sonhos que nos mantêm de pé.” Acreditar nos sonhos e não correr de luta alguma. Motivações que ela encontra na periferia a quem dedica a honraria recebida em sessão no Museu de Arte Murilo Mendes, na noite desta sexta-feira (18).

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“Significa muito. Sempre vivi na periferia. Os movimentos sociais dos quais participei sempre vieram da periferia. Então, para mim, o grande significado é tirar a periferia da invisibilidade”, diz Adenilde. A homenagem reconhece a grande contribuição de Adenilde como liderança no movimento negro, do Hip Hop, e seu engajamento na luta pelo acesso da periferia a diversos serviços e pela democratização da comunicação.
A mudança do olhar que se dirige a quem vem da periferia é, segundo Adenilde, um ato de coragem. “A periferia no Brasil inteiro é o quarto de despejo das cidades. A gente ser pinçado desse quarto de despejo dá visibilidade à periferia, mostrando que não é um lugar feio e violento. Mas é um lugar que tem pessoas trabalhadoras, pessoas guerreiras, que lutam como todas aquelas que caminharam comigo a vida toda.”

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Adenilde é natural de Cachoeira do Campo, um dos distritos de Ouro Preto, e, desde os 12 anos, vive em Juiz de Fora. Graduada em Filosofia pela UFJF na década de 1970, ela lutou pelo acesso dos moradores do Bairro Santa Cândida a serviços básicos, como água e luz. Nesse sentido, todas as lutas que encampou tiveram a mesma importância.

“Todas elas foram importantes. Quando começamos a lutar pela água e pelo esgoto, enfrentamos muitas dificuldades, mas foi muito emocionante ver como conseguimos o que a gente queria. Cada luta em particular é importante e tem o seu significado, suas dificuldades e muita superação.” Ela não titubeia diante das que estão por vir. “Quero lutar em todas as lutas que eu puder.”

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Atualmente, ela se dedica ao Coletivo Vozes da Rua, um grupo de movimento negro, que se debruça sobre a questão por meio da cultura hip hop e por meio do estudo de autores negros. Por esses caminhos, os participantes estudam a realidade da periferia e do movimento em todo o país. “Precisamos ter esse conhecimento para tentar criar estratégias de mudança.”

 

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Conhecimento para contra atacar o retrocesso

Adenilde com MC Zói, DJ Nonô, Pena Pride e Paulo Cesar

 

No último fim de semana, imagens de uma marcha de pessoas associadas a grupos de extrema direita tomando as ruas da cidade de Charlottesville, nos Estados Unidos, chamaram a atenção do mundo. Mensagens e saudações fascistas foram utilizadas durante o protesto. Essa situação e as crises econômicas e políticas do Brasil são alguns dos temas discutidos dentro do Coletivo Vozes da Rua.

“Realmente vivemos um grande retrocesso. Nunca imaginei, depois de militar tanto pela democratização do Brasil na época da ditadura, que fôssemos cair em uma situação de retrocesso tão grande. Perdas para os trabalhadores, a volta de um racismo muito violento, nazistas e fascistas colocando a cabeça de fora, saindo do armário”, reflete.

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A conclusão a qual o grupo chegou por meio da reflexão implica em outra luta: a educação. “Temos que estudar bastante, conhecer muito bem a história do nosso país e de como esses movimentos foram germinados, para que possamos contra-atacar. Nossa luta para enfrentar a situação do país precisa levar muita informação. Nosso povo está muito desinformado. Sem informação e sem conhecimento não conseguimos fazer mudança alguma.”

Os grandes meios de comunicação, segundo ela, não mostram a realidade de quem é mais necessitado. Adenilde atuou na rádio comunitária Mega FM, localizada no Santa Cândida entre 1997 e 2006, onde mostrava as necessidades da comunidade. Agora o Vozes da Rua é o caminho pelo qual ela movimenta esse conhecimento.

 

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Sonho: motivação para a mudança

 

A militância ensinou a Adenilde que é preciso sonhar. A líder comunitária defende que o sonho mantém as pessoas vivas. “A gente sonha com uma sociedade mais justa, mais humana. Mesmo que a gente não vá viver nessa sociedade, seja pela idade, ou por outros fatores. Pretendemos deixar perspectivas melhores de vida para quem vem no futuro, uma luz no fim do túnel. Que as pessoas tenham sonhos e que a utopia seja a grande estrela da vida delas.” Ela ainda agradece à professora Cláudia Lahni, da Faculdade de Comunicação da UFJF pela indicação ao título e ao Flores Raras: Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação, Comunicação e Feminismos.

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