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Mudança do Mercado Municipal para estrutura provisória preocupa permissionários

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A Tribuna de Minas destacou na última terça-feira a informação de que a Prefeitura de Juiz de Fora lançou o edital de uma licitação para contratação de empresa especializada para a realização de uma obra de reforma do Mercado Municipal de Juiz de Fora. O custo inicial previsto para as obras é de R$ 10.715.010,25. A abertura das propostas de empresas interessadas está marcada para o dia 15 de junho. Com isso, a intenção do Município é iniciar as obras ainda no segundo semestre de 2023. A previsão é de que os trabalhos tenham duração de um ano. Nesse período, os diversos comércios que hoje funcionam no local serão transferidos para uma “mercado provisório”, a ser erguido no estacionamento do Mercado Municipal. A mudança preocupa os comerciantes, que temem amargar novas perdas financeiras, que já haviam sido registradas recentemente, durante a pandemia, por exemplo.

Atualmente, 29 comércios estão ativos no Mercado Municipal, que conta com muitas lojas fechadas. Ao final da reforma, entre lojas e boxes, serão 63 unidades de espaços voltados para atividades diversas. “A primeira parte que a empresa tem que fazer é a instalação do mercado provisório. Aí, os atuais ocupantes que assim desejarem migrarão para o novo espaço mediante a assinatura de um novo termo aditivo, e a empresa começa a mobilizar a obra de reforma”, explicou à Tribuna a secretária de Agropecuária, Pecuária e Abastecimento, Fabiola Paulino da Silva.

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Ainda de acordo com a secretária, a manutenção do mercado provisório será feita da mesma forma como é mantido o atual modelo do Mercado Municipal. “Hoje ele é executado a partir do pagamento que os permissionários fazem, mais o recolhimento da taxa comum. A partir disso, a administração faz a garantia de todo serviço que tem lá.”

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Questionamentos

Na última semana, a reportagem da Tribuna esteve no Mercado Municipal e ouviu um grupo de comerciantes que atuam no espaço, que se disseram favoráveis à realização da reforma e de melhorias no prédio. Porém, eles externam certa angústia com a provável mudança de suas atividades para uma estrutura provisória, em que, provavelmente, terão espaços menores para trabalharem, por um período de, pelo menos, um ano.

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Muitos manifestaram preocupações financeiras, pontuando que a maioria dos comércios que funcionam no local tem perfis familiares. Outros revelaram o temor de ter que demitir funcionários no período e, até mesmo, receios com relação a compromissos financeiros previamente assumidos, como empréstimos contratados para se manterem durante o período de restrições da pandemia. Eles ainda cobraram maior diálogo com a PJF, sugerindo que o Município escute alguns pleitos dos permissionários.

Entre essas reivindicações está a de que a obra fosse feita de forma modular, minimizando a necessidade e o tempo em que as atividades precisarão ser executadas fora da estrutura física do Mercado Municipal. Os comerciantes cogitaram até mesmo uma revisão do cronograma de obras, revelando o entendimento de que o “timing” escolhido para a realização da reforma não é o ideal, uma vez que, atualmente, eles já sofrem com as restrições impostas pela pandemia e também com o fechamento da Praça Antônio Carlos, que, desde junho do ano passado, passa por obras de revitalização. Com a previsão do início da obra de reforma prevista para o segundo semestre, quando também deve ocorrer a reabertura da Praça Antônio Carlos ao público, há o receio de que os comerciantes não possam se beneficiar de um possível aumento no movimento trazido pela entrega da obra de revitalização da praça.

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Houve ainda questionamentos mais específicos, principalmente dos estabelecimentos que têm atividades voltadas para o lazer e a gastronomia, como bares e restaurantes que operam no complexo do Mercado Municipal. Eles manifestaram a preocupação de que seus funcionamentos sejam severamente comprometidos durante o período em que as operações forem transferidas para o mercado provisório, entre outros pontos, por conta dos espaços que devem ser disponibilizados na estrutura temporária, que devem ser menores e mais precários que os disponíveis nas lojas atuais. De forma geral, os comerciantes ouvidos pela reportagem alegam ter pouco conhecimento sobre como serão transferidos e como funcionará a estrutura temporária.

Reforma do Mercado Municipal está orçada em mais de R$ 10 milhões e deve ter início no segundo semestre (Foto: Leonardo Costa)

PJF se posiciona sobre questionamentos

A reportagem levou os questionamentos a secretários da Prefeitura na tarde da última segunda-feira (15). O Município rechaçou as afirmações de falta de diálogo e afirma que o cronograma e os planejamentos, bem como outros detalhes do projeto, já haviam sido apresentados e discutidos com comerciantes em reuniões com representantes da PJF. A última delas teria acontecido no dia 18 de abril, quando foram tratadas questões relacionadas ao funcionamento do mercado provisório.

O Município se disse disposto a seguir ouvindo os permissionários para uma transição mais amena durante o período de obras, tentando respeitar as características de cada atividade, mas ressaltou que, de fato, nesse período, a tendência é de que os permissionários contem com espaços menores para desenvolver seus trabalhos. “É provisório e é reduzido em relação ao que é hoje”, afirma Fabíola.

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Sobre a sugestão de que a obra fosse feita em etapas, reduzindo a necessidade de transferência para a estrutura provisória, a PJF afirmou que a proposta já havia sido ouvida e discutida internamente pela Prefeitura, mas que foi descartada devido a riscos e aspectos técnicos, principalmente os ligados aos trabalhos elétricos e hidráulicos que serão realizados durante a reforma.

Com relação ao “timing” da obra, cujo início pode coincidir com a reabertura da Praça Antônio Carlos, a PJF afirma que a situação já havia sido apresentada aos permissionários e que o cronograma de revitalização do entorno do Espaço Mascarenhas é dividido em etapas previamente definidas. Como contrapartida, o Município sinaliza apoio na divulgação das atividades do mercado provisório e, até mesmo, para a realização de eventos para fomentar a presença do público no local durante os trabalhos de reformas.

Município prepara chamamento público para ocupar lojas

Para o retorno das atividades ao prédio, a Prefeitura irá realizar um chamamento público para definir a ocupação das lojas do Mercado Municipal após a reforma. “Vai funcionar igual estamos fazendo com as feiras agora. Isso também foi parte de um diálogo com o Ministério Público. A gente reconhece a história de quem já está lá, mas a gente não pode fazer um processo direcionado. Eles terão que concorrer, mas a gente consegue, dentro da legalidade, pontuar a experiência nesse setor.”

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Atualmente, segundo a Secretaria de Agropecuária, Pecuária e Abastecimento (Seapa), os comerciantes que atuam no espaço têm permissão para suas atividades consignadas em um termo aditivo com validade até o início das obras, em regularização prevista em Termo de Ajustamento de Conduta firmado pelo Município de Juiz de Fora e Ministério Público do Estado de Minas Gerais, após a instauração de um procedimento preparatório em junho de 2021. “Aqueles que se interessarem, assinarão um novo aditivo para mudança do provisório. O processo do chamamento vai ocorrer neste prazo da obra.”

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