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Juiz de Fora dá um passo importante para a despoluição do Rio Paraibuna

cid Esgoto LEONARDO COSTA
Para começar a operar, ETE União-Indústria ainda depende de vistoria do órgão ambiental (Fotos: Leonardo Costa)
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O Dia Mundial da Água, comemorado na próxima quinta-feira (22), ganhará um novo sentido este ano em Juiz de Fora. Nesta data, será inaugurada a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) União-Indústria, no Bairro Granjas Bethel, região Sudeste. Trata-se do mais importante passo, até o momento, do trabalho de despoluição do Rio Paraibuna, cujas intervenções mantêm-se ininterruptas desde 2013. Nos últimos cinco anos, muitas obras ocorreram, sendo parte delas longe dos olhos da população. A ETE é a principal, embora outras, ainda em andamento, tenham igual importância. Basicamente, as atividades desenvolvidas tiveram por objetivo interceptar o esgoto antes mesmo que ele caia nos córregos que, por sua vez, deságuam no rio. Trata-se de uma atividade ainda em andamento, mas que, nesta primeira fase, já resultará na duplicação da capacidade de tratamento do esgoto na cidade, dos atuais 10% (através das ETEs dos bairros Barreira do Triunfo e Barbosa Lage, ambos na Zona Norte) para 20%, beneficiando a região dos bairros Poço Rico e Vila Ideal, Zona Sudeste. A expectativa da Cesama é ainda mais audaciosa: chegar ao patamar de 50% até o fim de 2018, e, depois, subir este índice gradativamente. Se todo o planejamento for consolidado, em poucos anos, a cidade terá capacidade operacional para tirar até 100% do esgoto do rio.

O trabalho de despoluição do Rio Paraibuna não é finalizado da noite para o dia, tampouco as intervenções estruturais, por si só, conseguirão atingir este objetivo. A ETE de Granjas Bethel é, na verdade, o local que vai receber o esgoto gerado na cidade desde o Bairro Santa Terezinha, na Zona Nordeste, até a Vila Ideal. Mas, para isso acontecer, é preciso ainda concluir a etapa mais demorada do processo, que é separar a água pluvial do esgoto nas tubulações, rua por rua. Isso acontece porque o conceito construtivo de décadas atrás não tinha esta preocupação, e o rio era tratado como o despejo do esgoto, tendo os córregos o papel de transporte dos fluidos para o rio. Há ainda casos em que, clandestinamente, propriedades foram construídas ligando o esgoto à rede pluvial. O problema é que a ETE só consegue operar se o material orgânico chegar puro, sem estar diluído em água. Na região Norte, atendida pela ETE Barbosa Lage, esta separação está avançada do Bairro Ponte Preta até a estação de tratamento, mas ainda pouco desenvolvida desta direção até o Santa Terezinha.

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Poço Rico e Vila Ideal

Os bairros Poço Rico e Vila Ideal são onde a Cesama conseguiu avançar mais neste trabalho a partir de 2013, e por isso o transporte para a ETE será iniciado nesta região. A partir do início das operações, o esgoto destas localidades deixará de cair nos córregos e no rio, passando a ser desviado para uma rede construída chamada de coletora. Às margens da Avenida Brasil, está outra manilha, chamada de interceptora. É ela que está sendo construída ao redor de todo o lado direito do Paraibuna, há cinco anos. Do Viaduto Augusto Franco até a Vila Ideal, a rede interceptora está pronta, assim como a ligação com a própria ETE e as elevatórias (bombas) para fazer o fluido chegar à região. Para trás, ainda há frentes de obras em andamento, e outros trechos já concluídos.

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Paralelamente a mesma dinâmica é replicada nos córregos da Tapera (Zona Nordeste) e São Pedro (Cidade Alta), com expectativa de conclusão ainda este ano. Somada, toda esta rede possibilitará à Cesama tratar 50% do seu esgoto ainda este ano, sendo 40% na ETE União-Indústria. Depois, os trabalhos deverão ser concentrados nos demais córregos beneficiados que terão a ETE União-Indústria como referência, como o Matirumbide e Yung (Zona Leste) e Independência (região central e Zona Sul).

Na 1ª etapa da estação, esgoto é separado de detritos, como garrafas PET e outros sedimentos

“Ela está apta a operar, mas ainda vai faltar esta vistoria. A verdade é que o Dia Mundial da Água vai mostrar que Juiz de Fora cuida da preservação do Rio Paraibuna”

André Borges,
diretor-presidente da Cesama

Estrutura permite receber até 850 litros de esgoto por segundo

A Tribuna esteve na última segunda-feira (12) nas obras da ETE União-Indústria, no Bairro Granjas Bethel, Zona Sudeste. Embora ainda tenha intervenções pontuais em andamento, a estrutura está pronta para receber 70% do esgoto gerado na cidade, o que representa uma demanda de aproximadamente 850 litros de esgoto por segundo. Mas a contribuição inicial deverá ser de aproximadamente 200 litros por segundo, oriundas dos bairros Poço Rico e Vila Ideal. Para se ter ideia, atualmente a cidade produz aproximadamente 1.200 litros por segundo de esgoto, sendo que apenas 10% são tratados.

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A estrutura que permite o funcionamento da ETE é relativamente simples. A construída na região Sudeste é composta por oito reatores, que são tanques para tratamento do esgoto. Por meio de um processo anaeróbico, as bactérias consomem o material orgânico presente nesta água poluída, criando lodo no fundo dos tanques. Neste processo natural, gases também são gerados, canalizados e queimados na própria ETE, sem danos ao meio ambiente. Já o lodo é levado para uma centrífuga, semelhante à de uma máquina de lavar, para perder todo o líquido e terminar em um material seco, posteriormente transportado para um aterro controlado.

O que sobra deste processo, que leva entre 60 e 90 dias, é a água clarificada. Ela não está pronta para consumo, mas passa a atender as exigências ambientais para ser devolvida ao rio, sem cheiro e sem cor. O prazo que pode chegar a três meses é necessário para preencher pelo menos um dos tanques e desenvolver as colônias de bactérias anaeróbicas que farão o consumo do material orgânico.

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Inauguração sem esgoto

O diretor-presidente da Cesama, André Borges, informou que, nesta quinta-feira, no dia da inauguração, possivelmente a ETE ainda não estará recebendo esgoto. Segundo ele, todos os testes mecânicos e elétricos, além de estanqueidade das tubulações e reatores, já foram concluídos, mas ainda falta a vistoria do órgão ambiental para a operação ter início, o que deve ocorrer nos próximos dias. “Ela está apta a operar, mas ainda vai faltar esta vistoria. A verdade é que o Dia Mundial da Água vai mostrar que Juiz de Fora cuida da preservação do Rio Paraibuna.”

O diretor de Desenvolvimento e Expansão da companhia, Marcelo Mello do Amaral, acrescentou que “este período de testes é importante, pois uma vez iniciado o recebimento do esgoto, não é mais possível voltar atrás. Por isso todas estas fases são importantes e devem ser respeitadas”.
Seguindo o cronograma definido pela empresa pública, na sequência, segundo Marcelo, serão feitas as interligações dos córregos São Pedro e Tapera, o que não significa todo o entorno destes cursos d’água serão beneficiados de imediato, pois isso vai depender do processo gradativo de separação da rede.

Conforme a Cesama, em toda a cidade, a separação está de 50% a 60% concluídas, e o percentual restante refere-se a trechos de maior dificuldade técnica para execução.

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Projeto de despoluição já custou R$ 72 milhões

O projeto de despoluição do Rio Paraibuna tem custo estimado em R$ 130 milhões, sendo que R$ 22 milhões deles foram investidos na construção da ETE, e outros R$ 50 milhões nas obras das elevatórias e das redes coletoras e interceptoras. Ainda faltam R$ 58 milhões para finalizar o projeto, sendo que R$ 22 milhões já estão garantidos e contratados. O restante, segundo a Cesama, depende de liberação do Governo federal. Todo o recurso é fruto de contrapartida da própria Cesama, financiamento bancário junto à Caixa Econômica Federal e fundo perdido do Governo federal.

O montante que falta será investido na finalização das redes e na ampliação da ETE Barbosa Lage. Isso porque hoje ela opera com um terço de sua capacidade, que é estimada em 25% de todo o esgoto gerado na cidade. Com os 70% da ETE União-Indústria, ainda faltariam 5% para chegar aos 100% de atendimento. Este índice representa o esgoto gerado na região do Bairro Santa Luzia, região Sul. Por uma questão operacional, foi definido que seria melhor construir uma outra ETE, de menor capacidade, neste bairro. Para isso, a Cesama ainda aguarda recursos.

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Durante à visita às obras da ETE na última segunda-feira, o prefeito Bruno Siqueira (MDB) destacou a importância que é cuidar do Rio Paraibuna. “Estamos retirando o esgoto do rio e dos principais córregos da cidade, para, no futuro, o Paraibuna voltar a ser o que era antes de os homens o poluírem. Do ponto de vista financeiro, é a maior intervenção desta administração, e do ponto de vista da importância, posso destacar que é uma expectativa de toda a cidade.”

Perguntado se é o maior legado deixado por ele na cidade, Bruno prefere destacar outras obras e projetos desenvolvidos. “É um conjunto de legados, como foram as obras de abastecimento público, reformas das unidades de saúde, construção de escolas e creches e melhorias no sistema de transporte, com a licitação dos táxis e dos ônibus.”

Ação do homem

O prefeito também ressaltou que a população deverá fazer a sua parte para que o rio volte a ter vida. “A conscientização ambiental é muito importante para que a sujeira e o esgoto deixem de ser jogados no rio e nos córregos. Este é um processo relativamente novo, pois há 30 anos o Brasil não discutia preservação ambiental. A cada ano que passa, este conceito tem ganhado mais força, e as novas gerações já se preocupam muito mais que as anteriores.

O diretor de Desenvolvimento e Expansão da Cesama, Marcelo Mello do Amaral, o prefeito Bruno Siqueira e o diretor-presidente da Companhia, André Borges, visitam ETE às vésperas da inauguração

“Do ponto de vista financeiro, é a maior intervenção desta administração, e do ponto de vista da impor tância, posso destacar que é uma expectativa de toda a cidade”

Bruno Siqueira,
prefeito de JF
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