A juíza da Vara da Infância e Juventude, Maria Cecília Gollner Stephan, informou, nesta quarta-feira (18), que ainda aguarda, por parte da Secretaria de Saúde, os prontuários do Hospital de Pronto Socorro (HPS) e da UPA de Santa Luzia referentes aos atendimentos da menina Lady Dayane da Silva Otaviano, de 1 ano e 10 meses, morta depois de ser espancada e estuprada pelo homem que era seu guardião legal. De acordo com a magistrada, após o recebimento dos documentos, os mesmos serão encaminhados ao Ministério Público com solicitação de abertura de inquérito para apurar os procedimentos adotados por parte das duas unidades de saúde durante o atendimento à criança, que morreu no último dia 12. Ela estava sob a guarda da prima da mãe e do marido dela, que confessou ter praticado os abusos, que acabaram levando à morte da criança. A Secretaria de Saúde informou que foi notificada pela Vara da Infância e Juventude e que irá encaminhar os prontuários para a juíza na manhã desta quinta-feira.
Em entrevista à Tribuna, na última segunda-feira, a juíza apontou o fato de não ter sido comunicada sobre a primeira entrada da garota no HPS e na UPA de Santa Luzia, no dia 2 de janeiro, com uma fratura na perna. Segundo Maria Cecília, caso a Vara tivesse sido informada a respeito do atendimento à menina, uma equipe teria ido ao local e socorrido Lady Dayane. Ela esclareceu que a criança estava com a família da prima de sua mãe desde 2 de dezembro de 2015. Desde então, não se tinha nenhuma ocorrência envolvendo a nova família da criança. Até que a menina chegasse ao casal, morador do Bairro Ipiranga, viveu com outros familiares, como prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), tendo inclusive permanecido algumas horas em um abrigo antes de morar com parentes. Conforme a juíza, o casal que ficou com a guarda de Lady Dayane era acompanhado por psicólogos e assistentes sociais da Vara da Infância. Em agosto passado, o suspeito e sua esposa entraram com processo de adoção da menina, o procedimento estava sob análise do setor técnico da Vara.
Suspeito da violência está no Ceresp
Na manhã da última segunda-feira, a Polícia Civil apresentou o suspeito de ter violentado e matado Lady Dayane. Ele foi conduzido para o Ceresp, no dia 13, quando foi preso em flagrante ainda no IML, enquanto aguardava a liberação do corpo da menina. O rapaz confessou o crime ao titular da Delegacia de Homicídios, Rodrigo Rolli, que agora investiga o caso. O exame de necropsia apontou que Lady Dayane morreu em decorrência de hemorragia aguda grave causada por politraumatismo, possivelmente em decorrência de espancamento. Lady Dayane é irmã de Luana Silva da Rocha, de 2 anos, assassinada pelo padrasto em 2015. A mãe das vítimas também chegou a ser acusada da morte da menina mais velha, mas foi absolvida.