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Fitoterapia na saúde da mulher: projeto da UFJF une ciência com saber popular

fitoterapia
Projeto promove encontros no Jardim Botânico para discutir a aplicação da fitoterapia e da fitoenergética na saúde ginecológica. (Foto arquivo pessoal)
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Após oito anos de atuação no Serviço de Assistência Especializada (SAE) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) notaram que muitos dos problemas ginecológicos apresentados pelas mulheres podem ser tratados com o uso terapêutico de plantas medicinais. Assim surgiu o Projeto Semente, que, desde o ano passado, realiza encontros no Jardim Botânico com o propósito de unir o saber científico e o saber ancestral para discutir sobre a aplicação da fitoterapia e da fitoenergética na saúde ginecológica. 

A iniciativa integra Práticas Integrativas e Complementares (PIC), que tem ganhado cada vez mais destaque, com o objetivo de promover a desmedicalização do corpo feminino e reconhecer o cuidado ancestral do uso das plantas medicinais em sintonia com aquelas validadas cientificamente por artigos científicos, pela legislação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pelo Mapa de Evidência Científica da Organização Panamericana de Saúde. 

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A professora da Faculdade de Enfermagem da UFJF Zuleyce Lessa, coordenadora do Projeto Semente, destaca que os encontros no Jardim Botânico estão abertos a todas as mulheres que tiverem interesse. Como apontado por Zuleyce, as rodas de conversa são verdadeiras trocas sobre cuidados com o corpo feminino, com o olhar para as diversas fases da vida, discutindo a utilização das plantas medicinais seja no tratamento de afecções ginecológicas, ou, de algum distúrbio menstrual. As datas dos encontros são divulgadas no instagram da iniciativa. 

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Fitoterapia e afecções ginecológicas 

Plantas podem ajudar a amenizar problemas na saúde feminina. (Foto: arquivo pessoal)

A fitoterapia é uma técnica que utiliza plantas e seus derivados vegetais para tratar e prevenir doenças. No caso do projeto Semente, o foco é o uso terapêutico dessas plantas para auxiliar no tratamento de afecções ginecológicas. A pesquisadora cita, como exemplo, o alecrim (Rosmarinus officinalis L.) que pode ser usado para auxiliar no tratamento de distúrbios menstruais e síndromes do corrimento vaginal, aliviando as cólicas menstruais, e a calêndula (Calêndula officinalis L.), que regular o ciclo menstrual e trata a candidíase. Além disso, a copaíba (Copaifera langsdorffii Desf.) e a erva cidreira (Lippia alba) podem ser utilizadas no tratamento local de lesões causadas por herpes ou pela sífilis. 

“Abrangemos em nossos encontros o efeito da planta medicinal no organismo, o qual irá depender da sua posologia e da forma de preparo empregada, seu emprego portanto na ginecologia natural, e os benefícios que elas trazem ao nosso corpo”, exemplifica a professora.  

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A fitoterapia pode ajudar todas as mulheres a ter um equilíbrio hormonal e reduzir os desconfortos dos sintomas menstruais – como cólica e irregularidades no ciclo, além de atuarem na redução de inflamações e desconfortos associados às afecções ginecológicas. “A abordagem da ginecologia natural e o emprego das plantas medicinais por meio das ações  do nosso projeto são uma forma holística, respeitosa, ética, dialógica, de contribuir para a desmedicalização do corpo feminino, promover o reconhecimento do ciclo menstrual, os cuidados necessários para a promoção da saúde de modo geral, fortalecer o autocuidado e promover a autonomia destas mulheres reconhecendo e valorizando a utilização das plantas medicinais.” 

Saberes ancestrais e corpo feminino 

A professora ressalta que os saberes ancestrais relacionados ao uso de plantas medicinais carregam um conhecimento milenar que, por muitos anos e em muitos casos, foi marginalizada pelo avanço da medicina moderna e pelo processo de medicalização do corpo feminino. O Projeto Sementes tem o propósito de promover uma visão do tema mais equilibrada e desmistificada, mostrando que o uso das plantas medicinais pode ser feito, ao mesmo tempo, com a ciência moderna, além de ser uma maneira de proporcionar empoderamento e autocuidado para as mulheres. 

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“São conhecimentos transmitidos por gerações que oferecem alternativas de cuidado naturais que respeitam a ciclicidade e a fisiologia do corpo feminino. Assim, o projeto busca valorizar esses saberes, integrando-os às evidências científicas e mostrando que as plantas medicinais são opções viáveis ​​e seguras no tratamento de afecções ginecológicas e distúrbios menstruais”, explica Zuleyce. 

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