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Com chuva e sem mureta de proteção, córrego do Bairro Industrial transborda

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Sem a mureta que protegia o curso do córrego, preocupação é de que a água avance mais facilmente pelas casas; moradores temem também risco de acidentes (Foto: Fernando Priamo)
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Moradores do Bairro Industrial, na Zona Norte, voltaram a manifestar preocupação com a situação do Córrego Humaitá. A Tribuna compareceu no local na tarde desta sexta-feira (17) e constatou a insegurança causada pelo transbordamento do córrego, que interdita a passagem na via e ameaça atingir residências próximas em caso de mais chuva. Outra rua que também sofre com o alagamento do córrego é Henrique Simões, no mesmo bairro.

O risco é intensificado com a ausência de mureta de proteção que separava o córrego da via pública. A contenção cedeu há cerca de quatro meses, em decorrência da chuva. Com isso, a passagem da água para a rua é facilitada, visto que com a cheia do Rio Paraibuna, a água que vem do córrego não consegue escoar e fica represada na Avenida. Para esse fim de semana, a previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) é de fortes chuvas, o que poderá intensificar as cheias e o risco de alagamento de residências próximas.

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Situação recorrente

Moradores e comerciantes afirmam já estar habituados à situação, que é recorrente em todo período de chuva. Benedito de Oliveira é morador do Bairro Industrial há mais de oito anos, e afirma que chegou a trocar de casa por conta do alagamento. “Eu morava do outro lado da rua, depois que a mureta de contenção caiu, a situação lá ficou muito ruim e eu mudei para cá”, afirma. No entanto, mesmo na nova residência, Benedito ainda sofre com o problema das cheias. “A água do córrego chega até a entrada de meu portão, obstruindo a passagem de carros. Tenho que ir para o trabalho de bicicleta, porque de carro não dá. Eu moro aqui há algum tempo e é sempre a mesma coisa, essa situação começou hoje pela manhã, mas a gente sabe que vai continuar por, no mínimo, mais uma semana.”

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Vizinhança se preocupa, e moradores dizem estar alertas a todo momento (Foto: Fernando Priamo)

Comerciantes da Avenida também sofrem com o problema. Antônio Braga é proprietário de uma loja de rações, que fica nas proximidades do córrego. Ele afirma que em períodos de chuva é obrigado a ficar em alerta a todo momento, pois, dependendo da quantidade de chuva, o volume de água é tamanho que invade o comércio. “É sempre uma correria, quando a gente vê que vai encher muito, a gente corre para colocar tudo pra cima. Aqui na loja tem muita coisa perecível, já teve vezes que eu perdi mais de R$ 5 mil em produtos. Até compramos prateleiras mais altas, pois essa situação é comum, todo ano, pelo menos uma vez, nós temos que lidar com isso.”

Água contaminada

De acordo com o morador Renato Vieira Gama, 39, técnico de enfermagem, que acompanha de perto a situação, os vizinhos colocaram objetos nas portas de suas casas para impedir que a água suja entre dentro dos imóveis. “(A água) está totalmente contaminada e suja. O risco de doença é muito grande”.

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Rua Henrique Simões estava alagada no momento em que a Tribuna visitou o Bairro Industrial, na tarde desta sexta (Foto: Fernando Priamo)

Além dos prejuízos financeiros, o publicitário Erik Wagner Ferreira, 48, teme pela vida dos moradores. “O perigo de aumentar essa quantidade de água é realmente entrar nas casas e causar danos maiores do que todo mundo já espera. Ou até de algum carro se arriscar a passar por ali e não perceber a margem caída, podendo cair dentro do córrego. Há risco até de fatalidade.” Erik ressalta que “o bairro já tem esse histórico de enchentes, e os moradores estão até acostumados, mas dessa vez, sem a mureta, o impacto pode ser maior”. Para Renato, trata-se de “uma tragédia anunciada. Essa situação tem quatro meses, e não pode esperar mais”.

Do início da noite de quinta-feira (16) até o começo da manhã desta sexta-feira (17), a chuva em Juiz de Fora alcançou 26mm, ou seja, 8% do total previsto para todo mês de dezembro.

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PJF diz que monitora situação

Em resposta ao contato da Tribuna, a Defesa Civil informou que vistoriou o local e segue monitorando a situação. Para prevenir riscos, a Avenida Lúcio Bittencourt está interditada preventivamente desde a quarta-feira (15). Na via, não há circulação de ônibus urbano. Os moradores podem ter acesso à avenida interditada pelas ruas Sylvio Ribeiro Aragão e Augusto Mariani.”Além disso, o Programa Boniteza atuou no desassoreamento do Córrego Humaitá como forma de minimizar os alagamentos”, informou a pasta.

Sobre o projeto de reconstrução da mureta, o órgão informou que a licitação do projeto foi concluído esta semana. “A próxima etapa é a de contratação, que tem início previsto já para janeiro de 2022”.

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