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Padre Pierre celebra a última Missa do Impossível em 2018

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padre pierre Olavo Prazeres
Idealizador da Missa do Impossível, Padre Pierre espera mais de 20 mil pessoas para a última celebração do ano (Foto: Olavo Prazeres)
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Segundo o dicionário Aurélio, “impossível” é aquilo que não se consegue possuir ou obter; o que não pode ocorrer nem existir; algo que não se consegue fazer, ou que é difícil conseguir. Entretanto, para o padre Pierre Maurício, pároco da Igreja de São José, foi esta a palavra que começou a ser ponte para milagres e para a reafirmação de fé. Nesta terça-feira, o padre tem um encontro com mais de 20 mil fiéis, na última Missa do Impossível em 2018. A celebração está marcada para as 19h30, na Avenida Sete de Setembro, em frente à igreja. Para isso, será montado um esquema especial para o trânsito, que inclui o fechamento de ruas no entorno.

A ideia de promover a Missa do Impossível surgiu em 2014, após o religioso ouvir o desabafo de um jovem durante uma confissão. E foi exatamente a palavra “impossível” que despertou o padre. “Era uma tarde de terça-feira. Eu estava atendendo confissões na capela Santa Maria Eufrásia, que fica na Rua São João Nepomuceno (Centro), quando entrou um jovem. Após falar, ele terminou dizendo que o que ele queria era impossível e foi embora. Aquela palavra tocou muito forte em mim. Já durante a noite, quando eu fazia minhas orações habituais, abri a Bíblia e saiu o texto que dizia que, para Deus, nada é impossível. Aquilo pra mim foi um sinal. E faltavam exatamente nove terças para acabar o ano. Noveneiro como sou, e também precisando de uma graça muito grande, tive a ideia de fazer uma novena na capela, pelas próximas terças, pelos impossíveis”, contou.

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O que Pierre Maurício não esperava era a quantidade de impossíveis que virariam possíveis. Não por acaso, muitos chamam as bênçãos recebidas de milagres. “Ao longo da novena, o meu impossível aconteceu. Dei meu testemunho, outras pessoas foram se juntando a nós e muita gente acabou conseguindo o que buscava”, disse. Segundo o padre, logo depois, em janeiro, ele foi transferido para a Igreja de São José, onde está até hoje. “Eu então pensei: se terminei o ano com a novena, vamos começar o próximo fazendo outras nove terças-feiras”, disse.

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Porém, o que a princípio duraria nove semanas, já completa cinco anos. “Foi então que vi que não teria como mais acabar, e aí se tornou a Missa do Impossível”, afirmou.

Atmosfera de paz

O número de fiéis que acompanham a Missa do Impossível às terças, sempre às 19h30, impede que a celebração ocorra dentro da igreja. Por esta razão, foi montado um palco no pátio do templo, com barraquinhas de comidas e vendas de artigos religiosos para atender as cerca de cinco mil pessoas que, semanalmente, se deslocam até a Avenida Sete de Setembro, a partir de todas as regiões da cidade.

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São crianças, jovens, idosos e doentes, todos buscando uma ligação com Deus. “É uma atmosfera de paz, é entre você e Deus. Quem chega e se depara com a multidão tem a impressão de que não vai conseguir prestar atenção, que vai ter muita conversa. Mas quando a missa começa, instantaneamente, é um silêncio impressionante. Me chama muito a atenção o quanto as pessoas chegam querendo beber aquelas palavras. Eu percebo Deus muito forte, sei que Ele está ali, que está olhando para cada um. Muitas vezes durante a missa, eu olho para o céu e agradeço por Deus estar agindo. É uma oportunidade de louvar e agradecer a Deus, de ver que Ele realmente existe e está presente no meio de nós, na nossa vida”, se emociona Pierre.

“Eu percebo Deus muito forte, sei que ele está ali, que está olhando para cada um. Muitas vezes durante a missa, eu olho para o céu e agradeço por Deus estar agindo.”

O padre conta que muitos momentos o marcaram ao longo destes anos, mas alguns deles o modificaram. “Teve um caso de uma senhora bem comprometida por câncer na garganta. Ela chegou aqui com a filha, estava muito magra, já não comia e não falava. O médico já havia a desenganado. Aquilo que me tocou muito, eu a abracei e disse para ela crer. Foi uma emoção tão grande, ela chorou muito e eu também. Ela sumiu, não foi mais à missa, mas aquilo não me saiu da cabeça. Porém ela reapareceu após cerca de um mês, já comendo e falando. Eu não duvidava da cura, mas ver ela hoje nas missas, curada, com aquele impossível realizado, marca muito”, comentou.

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“Tudo isso é para Deus”

Depois que a missa se popularizou, o padre Pierre Maurício se tornou muito conhecido e referência para os fiéis. Muitos aguardam ansiosos a passagem dele em meio à multidão no dia da missa para ganhar um abraço, uma benção particular. “Sei que é uma responsabilidade muito grande, tenho consciência dela. Às vezes até me assusto. Sei que Deus utiliza de sinais, e sem merecimento nenhum, ele me utiliza como um canal. Através da minha palavra, que é a palavra de Deus, as pessoas crêem, confiam. E aí é mais uma oportunidade pra eu agradecer”, disse.

Padre Pierre conta que a ideia da Missa do Impossível surgiu após ouvir uma confissão (Foto: Olavo Prazeres)

Para o padre, conseguir reunir mais de 20 mil pessoas é um presente e uma reposta. “Pra mim isso é reafirmar e ressignificar minha fé. Eu sei que tudo isso é para Deus, é de Deus, é a ação de Deus. É uma satisfação enquanto pessoa reafirmar meu sim ao sacerdócio. Isso tudo é um reconhecimento ao trabalho e à dedicação, é dizer pra mim mesmo que vale a pena ser padre, que estou no caminho certo. Mas apesar disso, eu peço a Deus, todos os dias, para que me dê força, coragem e uma direção.”

Uma porta para milagres

Para a última missa do ano, o tema escolhido foi baseado na passagem do evangelho de Lucas: “Ao vê-la o Senhor se compadeceu dela e disse: não chores. E o impossível aconteceu”. Ao longo das últimas semanas, foram distribuídas milhares de portas de papel, onde os fiéis escrevem um pedido impossível e dois difíceis. A porta deve ser levada na missa para ser consagrada. Padre Pierre explicou o significado dela.

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“Esta passagem narra Jesus entrando na cidade de Naim, se encontrando com uma viúva e saindo com o seu filho morto sendo carregado. No tempo de Jesus, uma viúva era muito desconsiderada, e sem filho, então, era o fim da vida. Era não ser respeitada em nada em sua dignidade humana. E é aí, exatamente na porta da cidade, que Jesus padece dela e diz para não chorar, toca em seu filho e o ressuscita. Foi o grande impossível na vida daquela mulher”, disse.

Esquema especial de trânsito

Para a celebração, marcada para as 19h30, está sendo montada uma estrutura especial. Segundo o padre, serão colocados três telões ao longo da Avenida Sete, que terá também postos de atendimento médico e banheiros. Bombeiros civis e militares também apoiarão o evento.

Para a montagem do palco, a Avenida Sete de Setembro foi interditada nesta segunda-feira, no trecho entre as ruas São Geraldo e Major Delfino. Na terça à tarde, a Rua Costa Carvalho, entre a rua Major Delfino e Avenida Brasil, estará parcialmente fechada. Na Rua Olga Burnier será implantada mão única de circulação, entre as ruas São Geraldo e Major Delfino, neste sentido. Agentes de trânsito estarão na região ajudando no controle do tráfego.

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