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Pensando fora da caixa

Depoimentos de quem sofria e praticava bullying foram reunidos em caixa e, posteriormente, foram gravados em vídeo (Foto: Divulgação)
Depoimentos de quem sofria e praticava bullying foram reunidos em caixa e, posteriormente, foram gravados em vídeo (Foto: Gizelle Morais)
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Numa caixa podem caber muitas coisas: objetos, documentos, histórias… dores! E de lá podem sair outras tantas: sentimentos, reflexões, soluções… esperança! Foi com uma simples caixa que um grupo de estudantes da Escola Municipal Henrique José de Souza, no Bairro Cidade do Sol, Zona Norte de Juiz de Fora, começou a transformar a realidade dos colegas que sofriam e praticavam o bullying. Ao perceberem que esse era um dos principais problemas enfrentados por crianças e adolescentes do colégio, eles criaram o projeto “Meu jeito me basta”. Com uma caixa em mãos e sem medo de tocar em feridas, Letícia, Kaylaine e Gabriel visitaram as salas de aula e recolheram depoimentos de alunos do 6º ao 9º anos. Os estudantes foram convidados a relatar se sabiam o que era bullying e se já tinham sofrido ou praticado. Mais do que mensagens, a urna recebeu histórias que, por vezes, estavam enclausuradas apenas nas memórias dos alunos.

“Esse era um problema não só na minha escola, mas em todos os lugares. Quando nós coletamos os depoimentos, alguns anônimos e outros assinados, o que me surpreendeu é que não era só uma pessoa que sofria bullying, eram várias, inclusive pessoas próximas a mim”, relata a estudante e idealizadora do projeto, Letícia Nogueira, de 14 anos, que acaba de concluir o 6º ano.

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Algumas histórias narradas foram tão fortes que, de fato, provocaram alguma reflexão nos alunos. “O caso que mais me impressionou foi o de uma menina que chegou fazer uma cirurgia porque sofreu bullying. O que está faltando à humanidade é compaixão; bullying é, nada mais nada menos, que falta de amor “, diz a estudante Kaylaine Vitória de Paula Santana, 13, que também ajudou a colocar o projeto em prática.

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“A caixa é um símbolo do projeto. É transformadora de diálogos”, define Gizelle Morais, dinamizadora de leitura e uma das coordenadoras do projeto. “No início, achávamos que bullying já estava batido, um assunto que já estava sendo falado. Mas quando os depoimentos foram sendo colocados, foi uma experiência muito rica.”

A partir dos relatos da caixa, os professores trabalharam o tema do bullying em diversas frentes, como textos, vídeos, músicas e debates. “Motivamos os alunos a criar laços de amizade.Alguns, inclusive aqueles que praticavam bullying, nos auxiliaram em outros projetos da escola. Conseguimos trabalhar com a autoestima dos alunos, tanto os que sofriam, quanto os que praticavam. Por isso, batizamos o projeto de ‘Meu jeito me basta’. A partir do momento que o aluno se respeita, ele começa a respeitar o outro. Por outro lado, os pais que não participavam das reuniões e que não tinham muito interesse com a escola, também começaram a se mobilizar mais.”

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‘Uma nova era na escola’

Um dos integrantes do projeto, o estudante do 8º ano Gabriel Rodrigo, 14, já sentiu na pele o que é ser vítima do bullying. Por isso, resolveu ajudar outros jovens a perderem o medo de falar sobre o assunto. “O que me chamou mais a atenção foi que a caixa levou muita coragem para os alunos, e conseguimos entendê-los melhor. E também o fato de que o bullying que sofriam era mais por ofensas do que por violência”, diz. “A escola ficou mais unida. Claro que não acabou o bullying, estamos caminhando para que acabe, mas melhorou demais o convívio. Abrimos a mente de vários alunos e, na minha opinião, esse projeto foi uma porta para uma nova era na nossa escola”, completa.

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O projeto “Meu jeito me basta” concorreu ao desafio “Criativos da escola” e foi contemplado como destaque municipal da iniciativa, promovida pela Votorantim Metais Holding e Instituto Votorantim. No desafio, os alunos foram convidados a criar grupos e traçar um plano de ação que eles acreditavam que podia contribuir para melhorar algum problema identificado na escola, bairro ou cidade em que moram. Neste ano, foram 179 inscrições por meio do Programa Parceria Votorantim pela Educação, realizado em 17 municípios brasileiros. Só em Juiz de Fora, 23 projetos foram inscritos.

Outra ação da cidade que ganhou destaque no desafio foi o “Mãos na terra”, da Escola Municipal José Calil Ahouagi, no Bairro Marilândia, na Cidade Alta. O projeto, que envolveu toda a comunidade escolar, implementou uma horta em um local antes ocioso da escola. Agora, é possível colher mais de 30 espécies de frutas, hortaliças e leguminosas de diversos tipos.

Para a gerente de Desenvolvimento Humano e Organizacional da unidade Juiz de Fora da Votorantim Holding, Marisa Ulhoa, o desafio reforça o compromisso da empresa em apoiar projetos que buscam qualificar a educação em sua área de atuação. “Por meio dessa iniciativa, a Votorantim Metais Holding tem percebido a força do jovem na construção de uma comunidade mais participativa e envolvida em questões do interesse coletivo.”

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