O motorista socorrista do Samu/Cisdeste, de 50 anos, que estava sendo investigado pela Polícia Civil por crime sexual, foi desligado. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (17), pelo próprio consórcio, que afirmou, por meio de nota à imprensa, que o funcionário não faz mais parte do seu quadro de empregados. O desligamento, conforme o texto, foi realizado “respeitando o contraditório, a ampla defesa e todos os princípios que norteiam a administração pública, bem como os trâmites legais do Processo Administrativo Disciplinar.”
Também nesta quarta, a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher informou que concluiu o inquérito policial e indiciou o motorista socorrista pela prática de crime de importunação sexual. De acordo com a titular da Especializada, Alessandra Aparecida Azalim, o investigado e a vítima, uma técnica de enfermagem de 30 anos, estariam no mesmo turno de trabalho há cerca de nove meses. As apurações teriam indicado que importunações sexuais, tanto verbais quanto físicas, teriam ocorrido durante o turno e o descanso.
Segundo Alessandra, o inquérito policial já foi encaminhado à Justiça. “A pena máxima do crime é de cinco anos”, explicou. A delegada reforçou a importância das denúncias, principalmente, de casos envolvendo situações de assédio sexual praticado no ambiente de trabalho. “É um fato que tem crescido, e, às vezes, muitas mulheres se calam e se silenciam por medo de retaliação e de serem desacreditadas em seus relatos”, ressaltou, enfatizando que a Polícia Civil orienta sobre a importância de denunciar.
Denúncia
No início do mês de outubro deste ano, o homem começou a ser investigado pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher por crime sexual, depois de ser denunciado pela profissional de enfermagem, que alegou ter sido sofrido abuso físico da parte dele. Na época, o Cisdeste informou que o suspeito foi afastado preventivamente das suas atividades para que não houvesse interferências na tramitação do processo administrativo disciplinar instaurado na ocasião.
Como mostrou a reportagem da Tribuna publicada naquele mês, a técnica em enfermagem esteve na Delegacia da Mulher, acompanhada de uma psicóloga do Samu, e contou que trabalhava na área de atendimento de trauma, caso clínico e obstetrícia em unidade móvel, na qual o suspeito também atuava na função de condutor socorrista. Os dois estariam dividindo os mesmos plantões na ambulância.
Ela relatou que nos últimos três ou quatro meses tinha notado “algumas atitudes importunantes” do homem, que foram aumentando com o tempo. Como exemplo, a mulher citou que, em horários de descanso dos plantões, ele tentou beijá-la e deitar sobre ela, chegando, inclusive, a passar a mão sobre seu corpo. A técnica em enfermagem acrescentou que estava passando por diversos transtornos psicológicos por conta das investidas, sofrendo problemas de saúde, como transtornos de ansiedade e de imunidade, sendo necessário, inclusive, se afastar do trabalho.
O suspeito já havia sido denunciado, um ano antes, por outra enfermeira, 44, por assédio verbal no trabalho, e chegou a ficar 60 dias afastado de suas funções.