O Governo de Minas Gerais publicou recentemente o reajuste anual das passagens dos ônibus intermunicipais. As linhas que operam em rodovias asfaltadas ficaram 8,011% mais caras, enquanto os serviços que circulam em estradas de terra tiveram aumento de 7,349%. As novas tarifas entraram em vigor na segunda-feira (8) e não incluem taxas de embarque em rodoviárias nem pedágios. O índice ficou acima da inflação acumulada em 12 meses, de 5,13%.
Segundo a Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra-MG), os percentuais aplicados são inferiores aos solicitados pelas concessionárias, que pediam 11,66% para linhas asfaltadas e 12% para as não pavimentadas. “O cálculo levou em conta a variação de custos registrada entre junho de 2024 e julho de 2025, considerando a variação dos preços de insumos como combustíveis, peças de reposição, manutenção, depreciação do veículo, tributos e remuneração da mão de obra, entre outros”, informou a pasta.
A Seinfra destacou ainda que o reajuste está previsto no Decreto nº 44.603/2007, que regulamenta o transporte coletivo rodoviário intermunicipal e metropolitano em Minas, além de constar nos contratos de concessão firmados com as empresas.
Com o reajuste das tarifas intermunicipais, as passagens em Juiz de Fora tiveram aumentos que variam de R$ 0,55 a R$ 33,93. Os trajetos curtos, como Bicas e Goianá, tiveram acréscimos menores, de cerca de R$ 1,50 a R$ 2. Já nos destinos de média distância, como Belo Horizonte, Conselheiro Lafaiete, Muriaé, Leopoldina, Ponte Nova e Viçosa, os aumentos ficaram entre R$ 4 e R$ 10.
Nas rotas de longa distância, a variação foi mais significativa: a passagem para Uberlândia passou de R$ 436,20 para R$ 470,13, um acréscimo de R$ 33,93, enquanto para Perdões o valor subiu de R$ 138,00 para R$ 155,28, diferença de R$ 17,28. Em linhas curtas da região, como São João Nepomuceno e Rio Novo, os reajustes ficaram entre R$ 1,45 e R$ 3,15. Veja os valores na tabela a seguir.
| Empresa | Itinerário | Tarifa anterior | Tarifa atual |
| Viação Coordenadas | JF x Belo Horizonte | R$138,65 | R$149,20 |
| Viação Coordenadas | JF x conselheiro Laf. | R$ 87,95 | R$94,40 |
| Viação Paraibuna | JF x Muriaé | R$95,90 | R$102,95 |
| Viação Paraibuna | JF x Leopoldina | R$57,45 | R$61,85 |
| Viação José Maria R. | JF x Goianá | R$25,95 | R$26,50 |
| Viação José Maria R. | JF x Rio Novo | R$26,00 | R$27,45 |
| Viação Unida | JF x Ponte Nova | R$121,00 | R$126,25 |
| Viação Unida | JF x Viçosa | R$96,50 | R$101,75 |
| Viação Gontijo | JF x Uberlândia | R$436,20 | R$470,13 |
| Viação Gontijo | JF x Perdões | R$138,00 | R$155,28 |
| Viação Bassamar | JF X São João Nepomuceno | R$41,05 | R$44,20 |
| Viação Bassamar | JF x Bicas | R$25,50 | R$27,50 |
Nos últimos anos, os reajustes das passagens intermunicipais em Minas Gerais variaram. Em 2020, não houve alteração nos preços. No ano seguinte, as linhas convencionais rodoviárias tiveram aumento médio de 5,82%, enquanto os serviços de padrão comercial registraram reajuste de 3,55%. Em 2022, os índices foram de 17,54% para as linhas que operam em rodovias asfaltadas e de 16,84% para aquelas em estradas não pavimentadas. Já em 2023, os percentuais aplicados foram de 6,652% nos serviços convencionais e de 5,462% nas estradas de terra. Em 2024, as tarifas subiram 7,99% nas linhas que utilizam rodovias asfaltadas e 7,84% nas vias não pavimentadas.
Usuários relatam impacto após aumento
Após o reajuste nas tarifas de ônibus intermunicipais, passageiros de Juiz de Fora relataram mudanças na rotina e no orçamento. A Tribuna esteve em um ponto de embarque e desembarque de passageiros na cidade. Um motorista e um cobrador, que preferiram não ser identificados, relataram que a procura diminuiu. Naquele horário, o ônibus sempre ia cheio, com 40 pessoas, mas no dia, foram apenas 30. “As pessoas têm reclamado muito, parece que é a gente que aumenta”, relatam.
Entre os usuários afetados estão José de Fátima e Ana Maria, que aguardavam o ônibus para Ewbank da Câmara, a 45 quilômetros de Juiz de Fora. Eles explicaram que precisam pagar a passagem direta até Santos Dumont, cujo valor passou de R$ 16,55 para R$ 17,85. Ana Maria, de 70 anos, faz fisioterapia três vezes por semana em Juiz de Fora e, por isso, é acompanhada pelo marido. O casal ressaltou que o impacto mensal será significativo e, por isso, planeja reduzir as sessões para duas vezes por semana.
Elisa Castello Branco, moradora de Santos Dumont, também utiliza o transporte para trabalhar em Juiz de Fora. Para ela, o aumento não compromete tanto o orçamento, mas ainda pesa. “Não é barato. Se pensar em uma pessoa que vem todo dia, fica puxado”, disse.
Já Guilherme Porto, residente em Juiz de Fora e natural de Leopoldina, destacou problemas na qualidade do serviço. “É uma linha de ônibus não muito confortável, muitas vezes os veículos não têm higienização adequada, o ar condicionado de alguns não funciona. No meio do ano, minha mãe precisou ir para lá, e a janela da poltrona dela estava toda remendada, com pedaço de pau e fita adesiva, porque quebrou e não trocaram. Muitas vezes, o cinto de segurança não encaixa direito. Você se sente inseguro”, relatou.
Antes do reajuste, ele costumava visitar a cidade natal a cada dois meses. Agora, projeta reduzir as viagens para uma vez a cada seis meses ou optar por alternativas, como aplicativos de carona. “No início de 2024, paguei R$ 52 na passagem. No próximo fim de semana, vou desembolsar, pelo menos, R$ 60, porque ainda tem a taxa de embarque da rodoviária”, conclui.