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Quase 6,7 mil pessoas ainda não buscaram a segunda dose da vacina em JF

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Cerca de 6.698 pessoas que já estão aptas para tomar a segunda dose da vacina contra a Covid-19 podem não ter buscado um posto de vacinação para concluir a imunização em Juiz de Fora. O dado é do Painel de Vacinação Covid-19, plataforma criada por um consórcio de universidades brasileiras e disponibilizada pela Universidade Federal de São Paulo (USP) a partir de dados do Ministério da Saúde sobre vacinas aplicadas no país. Deste total, 6.439 pessoas estariam com as segundas doses da Coronavac em atraso no município, enquanto 259 também não teriam comparecido na data prevista para serem imunizadas com a segunda dosagem da Astrazeneca até esta terça-feira (15). O chamado abandono vacinal, principalmente em relação à imunização contra a Covid-19, preocupa autoridades em saúde e médicos, uma vez que a imunização completa do indivíduo, aliada a demais cuidados, é o que garantirá a proteção coletiva contra o coronavírus.

Embora o painel indique que a base de dados contém informações sobre vacinados no Plano Nacional de Vacinação da Covid-19 e que esta é atualizada diariamente, há discrepância entre o número total de segundas doses aplicadas pela Prefeitura de Juiz de Fora e a quantidade contabilizada pelo Ministério da Saúde. De acordo com o vacinômetro da PJF, até esta terça-feira (15), 88.029 segundas doses haviam sido aplicadas na cidade. A plataforma da USP, no entanto, computa 55.312 segundas doses administradas, ou seja, 32.717 a menos. Isso pode ocorrer devido a um atraso na computação dos dados por parte do Ministério da Saúde, devido à sistemática de notificação adotada.

O Painel de Vacinação da Covid-19, disponibilizado pela USP, é aberto e está disponível para toda a população. O usuário consegue obter dados municipais, regionais ou de todo o país. Além do abandono vacinal, também é possível acessar a projeção para o fim da vacinação, detalhes sobre doses aplicadas por dia, demanda diária, vacinação precoce, dentre outros. De acordo com a plataforma, a base de dados da campanha nacional de imunização utilizada para o levantamento é uma base de dados pessoais anonimizada, de acesso público, e que pode ser obtida no site do Data SUS.

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Posicionamento da PJF

A Tribuna solicitou à Prefeitura (PJF) a quantidade de pessoas que estariam com a segunda dose atrasada em Juiz de Fora. Em nota, Secretaria de Saúde informou que, no momento, avalia ser cedo para estimar faltosos, “considerando que nesta semana temos aprazados um número expressivo de vacinados com segunda dose. Só após, será possível uma avaliação”, afirma a pasta. A Secretaria de Saúde da PJF ainda informou que os dados são extraídos do sistema do Ministério da Saúde, Conecte SUS, “que ficou instável durante alguns dias.”

Ainda segundo a pasta, “a imunização com a AstraZeneca começou a ser utilizada com maior frequência no mês de abril, e o aprazamento (data da segunda dose) é um pouco maior. A Secretaria de Saúde vem vacinando nas últimas semanas, com maior continuidade, um número importante de pessoas com segunda dose, que demonstra a boa aceitação da nossa campanha sobre a imunização ser feita de maneira completa.”

A secretaria pontuou também que, desde o início da campanha de imunização contra o coronavírus, tem reafirmado a importância da aplicação da segunda dose. “A Secretária de Saúde, Ana Pimentel, já esclareceu que a segunda dose é fundamental para a proteção ideal. Os fabricantes das vacinas utilizadas na cidade também reforçam o pedido de aplicação de duas doses contra a Covid-19 e, de preferência, dentro do prazo.”

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Ainda em nota, o Município destacou que a campanha de vacinação contra a Covid-19 em Juiz de Fora segue acima das médias nacional e estadual, tanto na aplicação de primeiras quanto de segundas doses.

“Aplicamos, ao menos, uma dose de vacinas contra Covid em 33,46% da nossa população total, enquanto as médias nacional e estadual estão, respectivamente, em 26,88% e 25,87%. A alta procura pela vacinação em Juiz de Fora é resultado da forte atuação da PJF na imunização contra Covid-19 e também da bem sucedida divulgação para que as pessoas busquem a segunda dose no tempo certo”, informa o texto.
De acordo com o vacinômetro da PJF, até esta quarta, 191.854 primeiras doses também haviam sido aplicadas na cidade, além de 91.238 segundas doses.

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Segunda dose é essencial, mas cuidados devem ser mantidos

Os imunizantes contra a Covid-19 utilizados no Brasil até agora são compostos por duas doses, sendo a segunda essencial para completar a imunização contra o coronavírus. O Instituto Butantan, que produz a vacina Coronavac, recomenda que a segunda aplicação desta vacina deve ser realizada em um período entre 14 e 28 dias após a primeira. Já quem recebeu a dose da vacina AstraZeneca, fabricada no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o período recomendado é de três meses (12 semanas). Já a bula da vacina da farmacêutica norte-americana Pfizer recomenda o intervalo de 21 dias entre as doses. No Brasil, a recomendação do Ministério da Saúde é de haja um intervalo de três meses (12 semanas). Entretanto, mesmo que os prazos já tenham passado, as pessoas devem se vacinar com a segunda dose assim que possível.

“Para ser considera imunizada, a pessoa tem que tomar as duas doses. A segunda dose, além de aumentar a eficácia da primeira, também aumenta a duração da proteção (contra a Covid-19)”, ressalta o infectologista e chefe do setor de Gestão da Qualidade e Vigilância em Saúde do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Rodrigo Daniel de Souza. Conforme o médico, a primeira dose pode gerar um percentual de proteção em relação à doença, o que, entretanto, não garante a imunização total, aumentando o risco para quem só tomou uma dose, em comparação com as pessoas que receberam as duas doses do imunizante.

Apesar disso, o infectologista ainda destaca a importância de a população vacinada manter os cuidados de prevenção mesmo após receber a segunda dose da vacina. Conforme explica, os imunizantes usados atualmente no Brasil reduzem bastante as chances de um paciente evoluir de forma grave com a Covid-19. As vacinas, entretanto, ainda não garantem que as pessoas não vão se contaminar com o vírus. “Portanto, mesmo vacinadas com as duas doses, as pessoas ainda podem se contaminar com o vírus. Todos os cuidados devem ser mantidos. A higienização da mãos, associada à vacinação, ao distanciamento social e à utilização de máscaras, é que nos dará uma chance maior de controle desta pandemia.”

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Outro alerta do especialista é em relação à falsa sensação de proteção que parte das pessoas que recebe somente a primeira dose tem. Conforme Rodrigo Daniel, as chances de a pessoa se infectar com o vírus após a primeira dose, até mesmo por um descuido em relação aos cuidados preconizados, é relativamente alta. Neste cenário, além do risco para o próprio indivíduo, há a possibilidade de transmissão a outras pessoas. “Muitas pessoas, ainda que vacinadas, se contaminam e apresentam a doença de forma assintomática ou com poucos sintomas. Nesta época do ano, elas podem confundi-los com sintomas de gripes e resfriado. Portanto, a vigilância tem que ser constante, já que um dos piores momentos para a transmissão da doença é pouco antes de aparecerem os sintomas, na fase pré-sintomática. Por isso, todas as pessoas, mesmo as imunizadas e assintomáticas, devem manter todos os cuidados, inclusive com distanciamento social”, recomenda.

Comissão de Saúde pede realização de campanhas educativas

Em entrevista à Tribuna, o vereador Marlon Siqueira (PP), presidente da Comissão de Saúde Pública e Bem-Estar Social da Câmara Municipal de Juiz de Fora, afirmou que, desde abril, o comitê tem articulado ideias para conscientização da população em relação à importância da imunização completa contra a Covid-19. O parlamentar, que também é líder do Governo na Câmara, informou, inclusive, que a comissão tem levado essa preocupação à PJF.

“A Comissão já levou essa preocupação para a Secretaria de Saúde, e estamos pedindo o máximo possível de comunicação da Prefeitura. Precisamos intensificar a conscientização das pessoas sobre a importância da vacinação e também da segunda dose em locais públicos, como nos ônibus. A Própria JFTV Câmara pode incluir na sua programação campanhas que possam elucidar a população.”

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O parlamentar informou que solicitou, em requerimento, a realização de uma campanha educativa “pelos canais de comunicação da Câmara Municipal de Juiz de Fora e da PJF, inclusive com publicidade institucional via imprensa, sobre a necessidade da vacinação de segunda dose contra a Covid-19, prazos e recomendações de saúde para o cidadão comparecer a um posto credenciado. Tal medida é essencial para que, quem já tenha sido vacinado uma vez, complete o ciclo de imunização com a segunda dose.” O requerimento deve ser lido na seção desta quinta-feira (17).

Orientações para segunda dose

O dia indicado para a pessoa receber a segunda dose da vacina contra a Covid-19 consta no cartão de vacinação entregue após a aplicação da primeira dose. De acordo com a Secretaria de Saúde, no momento de aplicação da segunda dose, é necessário apresentar apenas apresentar o cartão de vacina comprovando o recebimento da primeira dose, além de documento original com foto, como documento de identidade e carteira de motorista, por exemplo.

Com o objetivo de avançar na aplicação de segundas doses, as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do Bairro de Lourdes, Benfica, Centro Sul, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora das Graças, Santa Luzia, São Pedro e Vila Ideal passam a vacinar contra a Covid-19 em dois períodos a partir de sexta-feira (18): durante a manhã, das 8h às 11h, e à tarde, das 13h às 16h. As demais 38 UBSs vão manter a vacinação contra Covid-19 no período da manhã, das 8h às 11h, e aplicam vacinas contra a Influenza ao longo da tarde. As segundas doses de Astrazeneca e da Coronavac também são aplicadas no Sport Club, das 8h às 16h. Excepcionalmente às quintas, as UBSs têm horário de funcionamento até às 14h.

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