A suposta participação de policiais militares e civis de Juiz de Fora em um esquema de exploração de jogo do bicho e de máquinas caça-níqueis deverá ser investigada por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O deputado estadual sargento Rodrigues (PDT) protocolou nesta terça-feira (17), junto à mesa diretora da casa, o pedido com 40 assinaturas. Se instalada – o que pode ocorrer até semana que vem – a CPI vai apurar as suspeitas de que policiais da cidade estariam recebendo propina para permitir o funcionamento de pontos de jogos de azar. A denúncia foi publicada ontem pelo jornal "Hoje em Dia", de Belo Horizonte, com base no depoimento de três policiais militares de Juiz de Fora, que garantem não ter aderido ao esquema criminoso. As declarações foram prestadas no dia 28 de março ao procurador do Centro de Apoio ao Crime Organizado do Ministério Público Estadual, André Ubaldino, e aos deputados sargento Rodrigues (PDT), Luiz Carlos Miranda (PDT) e Rômulo Viegas (PSDB).
De acordo com o depoimento de um dos militares, veiculado no jornal da capital, o empresário juiz-forano Frederico Márcio Arbex, que seria dono de pontos de exploração de jogos de azar, atuaria realizando pagamentos a policiais, incluindo nomes da cúpula das polícias Civil e Militar. Conforme o "Hoje em Dia", estariam incluídos no esquema o ex-comandante da 4ª Região da Polícia Militar (4ª RPM), responsável pelo policiamento em Juiz de Fora e outros 85 municípios, coronel da reserva Anselmo Fenandes; o atual comandante da 4ª Companhia Independente de Meio Ambiente e Trânsito (4ª CiaIndMat), major Renato Sampaio Preste; o delegado de Polícia Civil Fernando Camarota; além de outros dois policiais militares.
Por meio de nota, o comandante da 4ª Região da PM, coronel Ronaldo Nazareth, confirmou que já havia instaurado procedimento apuratório regular para esclarecer o que foi denunciado. Já a assessoria de comunicação da 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil informou que não houve em Juiz de Fora formalização de denúncia envolvendo a conduta de qualquer policial civil da região ou procedimento administrativo anterior que apure o envolvimento de servidores com jogo do bicho ou caça-níquel na cidade.
O coronel Anselmo negou as acusações e garantiu que não conhece o empresário Frederico Arbex. "Não conheço, nunca vi, não sou sócio, e, principalmente, não estou envolvido em qualquer quadrilha." Apesar de se considerar "perplexo" com as denúncias, Anselmo disse que está tranquilo quanto a sua defesa. Já o major Preste não foi encontrado para comentar as acusações.
O delegado Fernando Camarota disse que não tem conhecimento oficial das denúncias e que ficou sabendo das acusações apenas pelo jornal de Belo Horizonte. O advogado do empresário Frederico Márcio Arbex, William Castro Borboni, disse que o cliente nega as acusações de que pagaria policiais para ter liberada a exploração de jogos ilegais na cidade.
Matéria detalhada amanhã na edição impressa e no site da Tribuna de Minas.