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Aedes aegypti: entenda as diferenças entre as doenças transmitidas pelo mosquito

Aedes aegypti

Mosquito Aedes aegypti (Foto: Fiocruz)

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O Brasil passou de 1,6 milhão de casos (prováveis e confirmados) de dengue em 2024. Segundo dados do Painel de Arboviroses do Ministério da Saúde, atualizados na última sexta-feira (16). Além disso, até o momento, 513 mortes foram confirmadas desde janeiro. Ainda conforme dados do Painel de Monitoramento das Arboviroses, Minas Gerais lidera com o maior número de casos prováveis em números absolutos, com 576.949 notificações.

Isso significa que o país vive uma epidemia de dengue desde o ano passado, com incidência de 753,9 casos a cada 100 mil habitantes. O vírus da dengue é transmitido por mosquitos fêmea, principalmente da espécie Aedes aegypti. Esse mosquito também pode transmitir os vírus da zika, chikungunya, febre amarela e o verme da dirofilariose. A Tribuna conversou com um infectologista para tirar as principais dúvidas sobre essas doenças, como sintomas, diagnósticos e prevenção.

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Para o médico infectologista e chefe do Setor de Gestão da Qualidade do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora, Rodrigo Daniel de Souza, as principais diferenças entre a dengue, chikungunya e a zika são em relação à febre, dor, coceira e olhos. Mas, ele alerta que existem outros sintomas, ressaltando que a dengue é uma doença mais grave quando comparada às outras, uma vez que pode provocar hemorragias, que podem ocasionar óbito. Por isso, é importante consultar um médico em caso de suspeita para obter um tratamento correto.

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Segundo o médico, a febre na dengue e na chikungunya tende a ser uma febre alta (39° a 40°C) de início repentino, já na zika normalmente é uma febre moderada baixa, mas que vai aumentando progressivamente. Em relação a dor, na dengue e zika são principalmente musculares, enquanto na chikungunya a dor costuma ser articular, isto é, dor nas juntas.

Na dengue pode aparecer coceira e manchas vermelhas, mas que desaparecem em alguns dias. Na chikungunya, esses sintomas tendem a surgir no começo do quadro, assim como na zika. Estas podem ser de moderadas a intensas, com uma intensidade maior que na da dengue. Em geral, na dengue os olhos não estão avermelhados, enquanto nas outras doenças eles ficam mais vermelhos.

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Quadro com as diferenças entre os sintomas das doenças (Fonte: Fiocruz)

A febre amarela é uma doença infecciosa grave, causada por vírus e transmitida por vetores, principalmente o mosquito Aedes aegypti no meio urbano. De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), geralmente, quem contrai este vírus não chega a apresentar sintomas ou são fracos.

As primeiras manifestações da doença são repentinas: febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, náuseas e vômitos por cerca de três dias. A forma mais grave da doença é rara e costuma aparecer após um breve período de bem-estar (até dois dias), quando podem ocorrer insuficiências hepática e renal, icterícia (olhos e pele amarelados), manifestações hemorrágicas e cansaço intenso. A maioria dos infectados se recupera bem e adquire imunização permanente contra a febre amarela.

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Além disso, não é possível ter chikungunya e febre amarela mais de uma vez, pois depois de infectada, a pessoa fica imune pelo resto da vida, o que as diferencia das outras doenças.

Diagnósticos das doenças 

Os sintomas iniciais das doenças causadas por arbovírus são muito semelhantes, o que dificulta o diagnóstico clínico, explica o médico. “Para diagnosticar essas doenças pode ser feito um teste de Reação em Cadeia da Polimerase em Tempo Real (RT-PCR) até o sexto dia de sintomas. Quando passa desse tempo é feita a sorologia (IgM Elisa), que detecta a presença de anticorpos produzidos pelo sistema imunológico em resposta à infecção viral. Este teste é realizado por meio de coleta de sangue e possui alta eficácia para identificar a doença na fase aguda ou após a cura do indivíduo.”

Existe também o Teste Rápido de dengue feito a partir da coleta do sangue, que identifica a presença do antígeno NS1, uma proteína produzida pelo vírus durante a fase aguda da infecção. A grande vantagem desse método de diagnóstico é a agilidade, trazendo o resultado em torno de 20 minutos, mas a eficácia é menor que o exame molecular RT-PCR.

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O médico infectologista destacou que os exames estão disponíveis gratuitamente no sistema de saúde da cidade. Dois laboratórios da Universidade Federal de Juiz de Fora têm realizado as análises de testes moleculares para os resultados saírem mais rápido.

Circulação dos vírus

Apesar de serem transmitidas pelo mesmo mosquito, o Brasil não passa por uma epidemia dessas outras doenças, pois geralmente esses vírus competem entre si. Os virologistas explicam que existe um fenômeno chamado “fitness epidemiológico”, que é a capacidade de um vírus sobreviver em um nicho ecológico. No caso desses vírus, o nicho envolve dois organismos: o do mosquito e o humano. O vírus tem de estar bem adaptado à população de ambos.

Contudo, ainda há ainda fenômenos ecológicos que modulam esse “fitness”. Se chove muito e a temperatura está mais elevada, a população de mosquitos cresce e aumenta a chance de um vírus ou outro predominar, o que varia de acordo com a imunização das pessoas.
“Como temos mais pessoas com dengue, a tendência maior é de ter um número maior de casos neste momento. No entanto, em outro ano pode ter uma inversão, por causa dos anticorpos criados na população”, explica o infectologista. Para Rodrigo, é natural que os casos diminuam depois de uma epidemia, e outras doenças transmitidas pelo mesmo mosquito aumentem.

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Prevenção

O controle do vetor, o mosquito fêmea do Aedes aegypti, é o principal método para a prevenção dessas arboviroses. Para eliminar possíveis criadouros as pessoas podem vedar os reservatórios e caixas d’ água, desobstruir calhas, lajes e ralos, auxiliando as ações dos agentes de saúde. Os médicos recomendam o uso de telas nas janelas, inseticidas e repelentes em áreas de reconhecida transmissão.

A dengue e a febre amarela são as únicas que possuem vacinas. A da dengue foi incorporada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em dezembro de 2023, mas ainda não está disponível em todas as cidades. A vacina da febre amarela é gratuita e está disponível nos postos de saúde em qualquer época do ano, sendo administrada em dose única a partir dos 9 meses de idade e é válida por 10 anos.

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