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Atendimento a crianças com síndrome respiratória aumenta em JF

Criancas atendimento PAI fernando priamo
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Para quem passa pela Avenida dos Andradas, no Centro, é notável o número de mães e pais que aguardam atendimento para seus filhos no Pronto Atendimento Infantil (PAI). Durante todo o dia, há filas na porta do local, que aumentaram ao longo das últimas semanas. O motivo parece ser o mesmo: crianças com sintomas respiratórios ou com viroses. Na esteira da disparada de casos de Covid-19 e de síndrome respiratória registrada no início do ano em todo o país, os sintomas têm preocupado pais, que não têm hesitado em se deslocar até uma unidade de pronto atendimento. À Tribuna, a Secretaria de Saúde admitiu que o PAI tem registrado maior demanda de atendimento a crianças com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e reforçou a importância da vacinação.

Assim como no PAI, conforme constatou a Tribuna, também era alto o quantitativo de crianças que aguardava atendimento na UPA São Pedro, na Cidade Alta, na quarta-feira (16). No local, entretanto, conforme apurado pela reportagem, o tempo de espera estava em torno de uma hora e meia. No PAI, a espera era de horas. A dona de casa Caroline Cristine Leonel, 18 anos, aguardava atendimento para o filho de 2 anos. Ela afirma ter chegado ao PAI às 7h, entretanto, até as 16h30, quando conversou com a Tribuna, não havia sido atendida. “Saí lá do Vivendas da Serra (Zona Nordeste) e trouxe meu filho porque está com tosse e peito cheio desde o dia anterior. Mas o atendimento está demorando muito. Cheguei às 7h e só passei pela triagem às 13h. Até agora (16h30) não fomos chamados. Aqui está sempre lotado”, reclama.

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A esteticista Clara Queller Souza Ferreira, 28, moradora do Bairro Cerâmica, Zona Norte, levou a filha, 10, e o filho, 8, ambos com sintomas respiratórios, para serem atendidos no PAI. “Chegamos aqui por volta das 13h40 e até agora (16h30) não passamos nem pela triagem. Está bem demorado. Eu vi que só tem uma médica para atender todo mundo, e a demanda está bem alta”, analisa. Ainda na avaliação dela, as condições de atendimento no local não estão adequadas. “Lá dentro é bem apertado, não tem espaço, então as pessoas estão aglomeradas. Por isso muita gente acaba ficando aqui fora esperando.”

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A dona de casa Gilmara da Silva Inácio, 23, levou a filha de nove meses, que também está com sintomas gripais, para ser atendida na unidade. Moradora do Bairro Vila Ideal, Região Sudeste, ela chegou às 14h e também não havia passado pela triagem até as 16h30. “Não sabemos porque está demorando tanto, até para a triagem ser feita. Tem muitas crianças para serem atendidas, mas a espera está muito grande”, reclama.

Sintomas recorrentes

Não é de hoje que a empregada doméstica Luciana da Rocha, 39, está preocupada com as filhas de 4 e 5 anos. Após conseguir que elas fossem atendidas na UPA São Pedro, Luciana relatou à reportagem que, em um intervalo de cerca de 20 dias, precisou procurar a unidade de saúde duas vezes, já que as meninas têm tido sintomas respiratórios e gripais recorrentes. “Estão com febre e garganta inflamada. Mas graças a Deus não é Covid”, diz, aliviada.

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PJF admite aumento de atendimentos

A Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) admitiu aumento no número de atendimentos no PAI. Apesar do tempo de espera para atendimento no local, a pasta informou que “a unidade está funcionando normalmente, com equipe completa”. A secretaria ainda informou que o PAI registrou uma maior demanda de crianças com Síndrome Respiratória Aguda (SRAG). “Por isso, reforçamos a importância dos pais e responsáveis vacinarem as crianças contra a Covid-19, mantendo a caderneta de vacinação infantil sempre atualizada.”

Em entrevista à Rádio Transamérica Juiz de Fora, nesta quinta-feira (17), a prefeita Margarida Salomão disse que soube, por meio de médicas que atendem no PAI, sobre a incidência elevada de casos de doenças respiratórias que chegam na unidade. Segundo ela, os casos não se tratam, a maioria, de Covid-19, mas de “um tipo de pneumonia”. “Estamos tentando identificar do que se trata. Mas há uma grande concentração de problemas respiratórios com crianças pequenas”, afirmou.

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Quanto à dificuldade de absorção da demanda pelo PAI, a prefeita afirmou que a PJF tem buscado alternativas. “Uma delas, certamente, é se apoiar no Hospital Universitário. Seja a unidade do Dom Bosco, como talvez, de forma geograficamente mais próxima, o HU do Bairro Santa Catarina.” Segundo a prefeita, há leitos disponíveis nestas unidades, assim como na Santa Casa, quem podem vir a ser ocupados por crianças, que têm encontrado dificuldades em conseguir leitos no pronto atendimento quando necessitam de internação.

Situação pode piorar, alerta médico

Para o infectologista e pediatra Mário Novaes, o cenário atual não é novo, e as doenças respiratórias seguem aumentando tanto em adultos, quanto em crianças. No público infantil, entretanto, o recente e notável aumento, na avaliação do médico, também tem a ver com o retorno das atividades escolares presenciais e do convívio social entre as crianças. Novaes ainda explica que a situação pode piorar. “É claro que as doenças respiratórias estão aumentando e vão aumentar ainda mais com a chegada de estações mais frias”, alerta.

O aumento na demanda de atendimento em prontos socorros também está relacionada, avalia o especialista, com crescimento do número de pessoas que passou a recorrer ao SUS após a pandemia. “Essas pessoas estão recorrendo ao setor público, que não está dando conta de gerir a demanda”, analisa. No casos das crianças, o médico orienta que os pais ou responsáveis devem buscar atendimento médico quando a criança apresentar o problema de saúde e não estiver bem. “Sentiu que a criança está fora do seu estado geral, está debilitada, mal, tem que levar ao pronto atendimento”, orienta.

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