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Católicos celebram Quarta-feira de Cinzas respeitando o distanciamento social

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Os católicos celebraram, neste dia 17, a Quarta-feira de Cinzas, que marca o início da Quaresma. O período é considerado de recolhimento e oração e antecede a Semana Santa, em que a Igreja relembra a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.

Este ano, em razão da pandemia da Covid-19, as missas realizadas ao longo do dia tiveram que ser adaptadas. A imposição das cinzas aconteceu de forma diferente. Ao invés de os fiéis caminharem até o padre, foi o sacerdote, usando máscara, que circulou entre os presentes, a fim de preservar o distanciamento entre as pessoas. As cinzas foram depositadas nas cabeças dos fiéis, que também foram orientados ao uso da máscara.

Durante este tempo litúrgico, os católicos são convidados a rever sua vida cristã e a praticar três exercícios quaresmais: o jejum, a esmola e a oração.

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O período é considerado de recolhimento e oração e antecede a Semana Santa (Foto: Fernando Priamo)

“A Quaresma é a grande preparação para a festa da Páscoa, e as cinzas são símbolos importantes que caem sobre as nossas cabeças para nos chamar à conversão, à penitência, à oração. Este não é só um tempo litúrgico, mas um tempo de vivência integral, de profundidade espiritual”, destacou o arcebispo metropolitano de Juiz de Fora, Dom Gil Antônio Moreira, por meio de sua assessoria de comunicação. “As cinzas significam a destruição da matéria, portanto, simbolizam a destruição do pecado. Mas, para que nós sejamos perdoados, convertidos, é necessário que sejamos humildes e, assim, possamos recomeçar a nossa vida e celebrar a Páscoa daí a 40 dias com toda a intensidade da nossa alma”, completou.

Com o objetivo de viabilizar o recebimento das cinzas por mais pessoas, Dom Gil determinou que o rito seja realizado também nas celebrações desta quinta (18) e sexta-feira (19). Entre as orientações publicadas pela Arquidiocese de Juiz de Fora, esta a recomendação de que, “no contexto da pandemia que tem provocado restrição ao número de participantes presenciais nas igrejas, damos licença aos párocos e administradores paroquiais para realizarem o rito da imposição das cinzas, além da quarta-feira, também na quinta e sexta-feira seguintes. As missas sejam celebradas com o texto litúrgico de cada dia. As celebrações sejam multiplicadas para atender ao máximo de fiéis, em grupos que não excedam o limite determinado pelas autoridades de cada município. Os fiéis sejam orientados para o recolhimento e o silêncio próprios deste tempo e tenham o cuidado de não se aglomerarem na chegada e nem na saída das celebrações, como temos orientado desde o início da pandemia”, advertiu o texto “Orientações para o clero e o povo de Deus que caminha na Arquidiocese de Juiz de Fora”, publicado no site da instituição religiosa, na terça (16).

Confissões

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Ainda acerca dos cuidados contra o coronavírus, Dom Gil orientou que as confissões ocorram em espaços preferencialmente abertos, com distanciamento, com mútua cooperação entre leigos e os padres, e de forma breve. “Para se evitar aglomerações, não poderá, em nenhuma hipótese, haver mutirões de confissão”, pontuou.

Campanha da Fraternidade

A Quarta-feira de Cinzas também é marcada, em todo o Brasil, pela abertura da Campanha da Fraternidade, que, em 2021, será ecumênica e tem o tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”, e o lema é “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade” (Ef 2,14). A abertura oficial da campanha na Arquidiocese de Juiz de Fora foi realizada durante a missa das 10h, na Catedral Metropolitana, presidida por Dom Gil.

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Arcebispo se posiciona contrário a texto-base da campanha

No mesmo texto “Orientações para o clero e o povo de Deus que caminha na Arquidiocese de Juiz de Fora”, o arcebispo metropolitano de Juiz de Fora, Dom Gil Antônio Moreira, se posicionou contrariamente ao texto-base da Campanha da Fraternidade 2021, orientando que tal documento não seja utilizado pela “nossa igreja”, como ele pontuou. Todavia, Dom Gil não menciona trechos específicos do texto-base.

Em suas considerações, o arcebispo destaca que, de cinco em cinco anos, os bispos do Brasil, por votação da maioria em assembleia geral, decidiram pela realização de forma ecumênica da Campanha da Fraternidade, convidando cristãos não católicos a se unirem aos católicos para uma vivência fraternal. “Neste ano, houve uma grave falha com relação ao texto-base que tem provocado séria polêmica, por apresentar conceitos duvidosos em relação à doutrina social e à moral cristã, em sua redação e na sua subjacência, sendo a autora adepta de correntes morais não aceitas pela Igreja Católica e nem por grande parte dos nossos irmãos evangélicos. Após ler, ouvir e ver praticamente todos os posicionamentos prós e contra, em consciência, e para ser fiel à Igreja, oriento que o texto-base da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021 não seja utilizado em nossa Igreja Particular”, diz o texto assinado por Dom Gil.

No mesmo documento, o arcebispo destaca que essa decisão “não seja interpretada como posição contrária à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), da qual sou parte, e nem oposição ao legítimo diálogo ecumênico e inter-religioso, do qual sou adepto, fiel que sou ao Concílio Ecumênico Vaticano II e ao que diz o Catecismo da Igreja Católica sobre o ecumenismo”, afirma. Por meio do texto, ele ainda ressalta que “a explicação da polêmica como apenas questões entre conservadores e liberais não me parece séria. Há algo mais profundo na base da questão. Contudo, o tema e o lema da Campanha, independente do referido texto-base, são belos e devem ser acolhidos: Tema: Fraternidade e diálogo: compromisso de amor. Lema: Cristo é a Nossa Paz: do que era dividido, fez uma unidade. Sugiro para base de nossa reflexão quaresmal a Encíclica Fratelli Tutti e a Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma”, finaliza.

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Conic sugere leitura na íntegra do texto-base

O texto-base da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021 tem 80 páginas e tem como autoria a Comissão da Campanha de Fraternidade Ecumênica e Igrejas-membro do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic). A Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE) é uma promoção da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conic. Em seu site, o Conic sugeriu a leitura na íntegra do texto-base e esclareceu que circulou nas redes sociais vídeos atacando tal documento.

Entre as críticas levantadas, uma é a respeito de que o texto-base teria sido escrito por uma só pessoa, fato desmentido pelo Conic. Conforme o Conselho aponta, a redação foi resultado de um processo coletivo de construção, que iniciou no final de 2019. Teve participação direta de pessoas de diferentes áreas do conhecimento, em especial, sociologia, ciência política e teologia. A parte bíblica do texto contou com a colaboração de biblistas de diferentes igrejas cristãs.

Ainda de acordo com o Conic, depois de escrito, o texto-base foi amplamente discutido por uma Comissão Ecumênica formada por oito pessoas, sendo seis indicadas oficialmente pelas igrejas-membro do Conic, uma igreja convidada e um organismo ecumênico. A validação final foi da Comissão Teológica do Conic, integrada por teólogos e teólogas indicados pelas igrejas-membro do conselho, todas com conhecimento das bases confessionais de suas igrejas e dos documentos doutrinários.

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Ainda segundo a Conic, o texto-base apresenta um conteúdo qualificado e que ficará na história do movimento ecumênico, considerando que aborda de forma corajosa as desigualdades que excluem e segregam pessoas e comunidades.

“Como Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), reafirmamos o compromisso com os direitos humanos e conclamamos a todos e todas para um profundo engajamento na Campanha da Fraternidade Ecumênica. Que unamos nossas forças para a superação da cultura de ódio, impulsionada, em certos casos, por um discurso religioso distorcido. Que a cultura do conflito se transforme em cultura de amor, capaz de construir uma sociedade onde caibam mulheres com plenos direitos, a diversidade religiosa, a laicidade do Estado (que respeita todas as crenças), os direitos das pessoas LGBTQIA+ e de quem quer que tenha seus direitos restringidos”, ressaltou em seu site.

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