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Banda prestes a fechar contrato com gravadora

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Banda deve fechar contrato com grande gravadora
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Banda deve fechar contrato com grande gravadora

De um apelido brincalhão surgiu o nome que deve ganhar o país em 2013: Só Parênt. O Lucas é natural de Teófilo Otoni, na divisa com a Bahia, onde é comum chamar os companheiros de parente. E todos nós pegamos essa mania. Quando começamos a fazer som nos barzinhos, só para os amigos, as pessoas já diziam: ‘lá vem os parentes’. O nome surgiu daí, explica Gustavo Villanova, baterista do grupo. Formada ainda por Gegê (voz e violões), Lucas Ferraz (zabumba e voz), Arthur Vilas Boas (triângulo e voz), Douglas Montes (gaitas e voz) e Victor Rozeni (baixo), o Só Parênt conquistou Juiz de Fora com o forreggae, estilo musical criado e difundido da união de referências musicais dos integrantes, com predomínio do forró e do reggae.

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A receita deu certo. Das mesas de bar e festas com amigos, com cachê pago apenas em sorrisos e algumas cervejas, os parentes já gravaram um DVD ao vivo e se preparam para uma turnê na Europa e para colher os frutos de um possível contrato com uma grande gravadora nacional. Quem somos nós para falar de sucesso? Mas que estamos trabalhando cada vez mais para suprir ao máximo nossas exigências e a felicidade do nosso público, isso podemos falar, diz Lucas.

Tanto empenho e esforço não passam em branco, e o reconhecimento não vem só do público. O Só Parênt é um dos destaques na seção novos talentos no site do Jota Quest, que é atualizada de acordo com as indicações dos próprios músicos. Como fã que sou do Jota Quest, sempre acompanho o site deles e claro que meu sonho era ver o Só Parênt naquele espaço, revela Gustavo.

Com o primeiro trabalho em estúdio no forno, para ser lançado ainda este ano, os pais do forreggae devem alçar voos e sonhos cada vez mais altos em 2013. Mas os pés? Estes ficam no chão. Todo início tende a ser difícil, admite Lucas, em entrevista à Tribuna, publicada na íntegra abaixo, que também tem a participação de Gustavo e Douglas.

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Tribuna – Vocês já disseram que a banda surgiu para aliviar as tensões de um concorrido vestibular. Como foi o este início?

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Lucas – Éramos três universitários recém aprovados no vestibular de medicina da UFJF; amigos desde o pré-vestibular, que dividíamos a mesma república, a saudade de casa (já que não somos naturais de Juiz de Fora) e todo o convívio em si. Era quase aquela questão das alegrias e tristezas mencionadas numa cerimônia de casamento (risos). A música entra justamente aí porque era um dos nossos momentos de descontração e uma fonte constante de felicidade, espantava qualquer início de mau humor. Nos reuníamos para comemorar aniversários de amigos, em bares, em casas; fazíamos o som a que estávamos habituados em nossa república e que cada um trazia consigo na sua bagagem musical. A receptividade foi nos fazendo caminhar e culminou com o crescimento gradual da banda. Não quer dizer que éramos grandes músicos desde o início, com execuções impecáveis, mas que temos muitos amigos tolerantes! (risos)

– Então hoje em dia, ou vocês possuem muitos amigos ou a banda realmente estourou! Como foi o caminho até o sucesso atual?

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Lucas – Todo início tende a ser difícil. Tanto porque você é mais um desconhecido procurando um primeiro espaço, quanto pelo fato dos rendimentos financeiros nem passarem perto de suprir as necessidades daquilo que você emprega. Ou seja, tem que ser teimoso. Tem que fazer porque gosta. Tem que fazer porque te faz sorrir antes, no palco e depois. Aliando respeito ao público, às equipes técnicas e de produção aos estabelecimentos, você torna seu passo mais firme. Sorte é fruto do acaso, sucesso é fruto do trabalho. Quem somos nós para falar de sucesso? Mas que estamos trabalhando cada vez mais para suprir ao máximo nossas exigências e a felicidade do nosso público, isso podemos falar.

– Como surgiu o forreggae e como tem sido a receptividade do ritmo em Juiz de Fora ?

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Douglas – Para nós, o forreggae veio como um processo espontâneo de sinergia entre os integrantes, em que cada um interferiu com suas referências pessoais, e isso construiu nossa sonoridade. Temos a convicção de que se trata de um processo dinâmico, em que algo que foi primordial ontem se torna descartável hoje, ao mesmo tempo em que coisas não percebidas hoje, farão sentido amanhã. Com relação à receptividade, é tudo o que é novo causa estranhamento e curiosidade. Se você tiver persistência e entusiasmo com o trabalho para transformar o estranhamento em identificação, a curiosidade irá se incumbir de trazer mais pessoas para fazerem parte do seu público.

– O trabalho de vocês tem influências musicais diversas. Como vocês descreveriam o som do Só Parênt, tanto o autoral, quanto as releituras de outros músicos?

Douglas – Como sempre dizemos, o nosso trabalho percorre de Bob Marley a Luiz Gonzaga, sem deixar de fora outras nuances da música regional e popular brasileira. Inspirados por este alicerce, concebemos nossas canções, obviamente, as influências são multidirecionais e a cada momento nos apontam caminhos diversos ao trabalho. Creio que essa dinâmica é saudável e talvez mesmo necessária para a vitalidade da banda. Nossas releituras já nascem naturalmente com uma cara de Só Parênt. Já as autorais nascem de um processo participativo de composição, todos são instigados a contribuir em todas as etapas. Assim, as inspirações e impressões pessoais de mundo são compartilhadas, no intuito de buscar uma síntese do que pensa o grupo. Obviamente não existe consenso pleno nas letras, mas uma saudável sinergia de ideias e visões, trazendo o próprio conflito como fonte de criação. Em relação às temáticas abordadas, o amadurecimento de cada músico, o descortino de novas etapas na vida, trazem novos elementos para o universo das composições. De maneira geral, nossas canções abordam aspectos do cotidiano e da terra, passando por temas como diversidade cultural, família, amor, comportamento, com doses de crítica social e urbana, sempre com entusiasmo e alegria.

– Muitos músicos de Juiz de Fora afirmam que a receptividade de trabalhos autorais de bandas locais ainda é baixa na cidade. Segundo eles, o público é mais aberto a apresentações que tenham músicas de artistas nacionais/internacionais no repertório. Vocês concordam?

Douglas – Acho que esse não é um problema exclusivo de Juiz de Fora. Mas de fato, não é simples inserir repertório autoral no Brasil. Talvez em cidades mais cosmopolitas você possa ter um cenário pouco mais favorável. Vejo que, em paralelo com a fantástica autonomia criada pela nuvem virtual, onde é possível ouvir o que se quer a qualquer momento, a massificação e a reiteração musical nos meios tradicionais geram certa blindagem do público a novas experiências sonoras. Com isso, os ouvidos ficam condicionados a determinados sons, de modo que algo distinto levará mais tempo para se tornar palatável.

– No site da banda, uma turnê pela Europa é mencionada. Como surgiu essa oportunidade?

Gustavo – Depois de alguns anos tocando semanalmente, pudemos observar que em alguns meses o movimento de shows diminui. Aproveitamos esses meses de baixa para tirar nossas férias. Numa conversa de pra onde vou? e pra onde você vai?, surgiu uma ideia de conhecer a Europa. Como não nos separamos nem nas férias, um animou, outro animou, e por fim todos animaram. Claro, não poderíamos deixar de levar os instrumentos para fazer um som. Começamos a fazer contato com bares, escolas de dança e casas de show através de um amigo que já morou lá, e a brincadeira ficou séria a ponto de nosso DVD chegar às mãos de uma grande editora de Portugal, que lançou a proposta de o trabalho ser lançado por lá. A ideia é irmos em setembro de 2013.

– Como foi gravar o DVD com o Cultural lotado?

Gustavo – Confesso que ficamos bem surpresos com o que vimos, deu aquele frio na barriga! Às vezes, perdemos um pouco da noção do alcance da nossa música, só dá para ter ideia em momentos iguais àquele. Há mais ou menos um ano, o Fernando Anitelli, vocalista d’O Teatro Mágico e líder do grupo, estava de férias em Foz do Iguaçu, bem na divisa com o Paraguai, e lá ele viu um grupo de pessoas escutando e cantando nossas músicas. Ficamos muito felizes em ver que aquele momento mais que especial que tivemos no Cultural ecoou longe, muito longe … É formidável!

– Recentemente, o Jota Quest recomendou o Só Parênt aos fãs da banda. Como vocês recebem isso?

Gustavo – Como fã que sou do Jota Quest , sempre acompanho o site o grupo. Vi que eles dedicam uma parte do site para divulgar/indicar trabalhos de outras bandas e claro que meu sonho era ver o Só Parênt naquele espaço. Fiz o cadastro, mas durante uns oito meses não tive sucesso, somente uma resposta por e-mail dizendo que quem avalia e decide quais bandas irão entrar no site são os próprios músicos. Um tempo depois, o Grijó, um grande amigo nosso que fez parte da organização do último show do Jota Quest na Privilège, entregou nosso DVD para o produtor deles. Depois disso, recebi a notícia de que nosso trabalho estava sendo divulgado entre os novos talentos. Ficamos muito felizes, pois nos espelhamos muito na carreira que eles construíram com alegria e muita amizade.

– Quais são as perspectivas musicais do Só Parênt?

Gustavo – Já estamos em processo de gravação do nosso primeiro trabalho em estúdio. Com o DVD gravado no Cultural, chegamos a lugares onde nunca imaginávamos chegar.

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