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Situação de Chapéu D’Uvas será debatida na Câmara de JF

licitação represa

Localizada em Ewbank da Câmara, Barragem de Chapéu D'Uvas tem cerca de 183 milhões de metros cúbicos de volume total (Foto: Fernando Priamo/Arquivo TM)

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A situação da Represa de Chapéu D’Uvas será tema de audiência pública, na Câmara Municipal de Juiz de Fora, no dia 27 de setembro. O agendamento ocorre em meio à decisão da diretoria da Companhia de Saneamento Municipal (Cesama) de transferir a operação e a manutenção da barragem para a União. O debate ganhou novos contornos na noite de terça-feira (14), quando a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) anunciou o interesse em criar um consórcio intermunicipal para a gestão compartilhada do manancial.

A audiência pública foi proposta pela vereadora Cida Oliveira (PT) e pretende reunir estudiosos da área e representantes dos municípios de Antônio Carlos, onde está localizada a nascente; Ewbank da Câmara e Santos Dumont, que abrangem a represa; e Juiz de Fora, beneficiária dos recursos hídricos. “Entendo que precisamos trabalhar para preservar e recuperar nossos mananciais. O quadro que está colocado é da construção de um empreendimento imobiliário nas margens de uma represa extremamente importante, o que pode ocasionar danos permanentes para a barragem e para a população.”

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A Cesama é a atual responsável pela conservação e a segurança da barragem. Em ata da reunião realizada em 13 de agosto pela diretoria executiva da companhia, o relator Marcello Melo do Amaral informa a decisão unânime de “protocolar documento junto ao Patrimônio da União, com cópia para o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), para que a União assuma a operação e a manutenção da barragem de Chapéu D’Uvas”.

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A Tribuna questionou a assessoria do Ministério da Economia, que engloba a Secretaria de Coordenação e Governança do Patrimônio da União (SPU), sobre o recebimento do documento, mas não obteve retorno até o fechamento da edição. A reportagem também entrou em contato com as assessorias da Cesama e da PJF, na manhã de terça-feira (14), mas não recebeu respostas.

PJF propõe gestão compartilhada entre municípios

No início da noite de terça-feira, a PJF anunciou o interesse de criar um consórcio intermunicipal com a participação das prefeituras de Antônio Carlos, Ewbank da Câmara e Santos Dumont para a gestão compartilhada do manancial. O anúncio foi feito pelo diretor-presidente da Cesama, Júlio Teixeira, em vídeo publicado nas redes sociais da Prefeitura.

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No vídeo, Júlio explica que a companhia é responsável pela conservação e segurança da barragem, mas não pela fiscalização da ocupação no entorno da represa. “A Cesama tem como objeto social o abastecimento de água e o esgotamento sanitário. Ela não pode legalmente fiscalizar e nem multar.”

Em seguida, informa que a prefeita Margarida Salomão (PT) irá convidar os prefeitos de Antônio Carlos, Ewbank da Câmara e Santos Dumont para a realização de um consórcio intermunicipal que será responsável por fiscalizar e realizar “uma gestão integrada da Bacia da Represa de Chapéu D’Uvas”.

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A proposta de criação de um consórcio intermunicipal já havia sido apresentada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica dos Afluentes dos Rios Preto e Paraibuna (CBH Preto e Paraibuna), em 2019. Embora tenha sido aceita pelos prefeitos das quatro cidades, os estudos sobre a questão pouco avançaram. O Comitê também foi procurado pela Tribuna, mas não se manifestou até o fechamento desta edição.

A Cesama é a atual responsável pela manutenção e pela conservação da barragem, de onde sai, em média, 630 litros de água por segundo para tratamento e posterior distribuição para toda a cidade de Juiz de Fora; lago é 11 vezes maior que João Penido (Foto: Fernando Priamo/Arquivo TM)

Proteção ao manancial de Chapéu D’Uvas pode virar lei

Em tramitação na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o Projeto de Lei nº 3.081/2021 propõe a criação de uma legislação específica para a proteção do manancial de Chapéu D’Uvas. De autoria do deputado estadual Roberto Cupolillo (Betão, PT), a proposta elenca ações em diferentes âmbitos para assegurar a preservação dos recursos hídricos.

Por meio da assessoria, o deputado afirmou a necessidade de “estabelecer um sistema de gestão permanente dos usos do solo e dos recursos hídricos na bacia, de modo a promover sua recuperação, conservação e efetiva proteção”. Ele também destacou que, se aprovada, a Lei de Proteção da Bacia de Contribuição da Represa de Chapéu D’Uvas (BCRCD) será uma iniciativa “inédita em Minas Gerais”.

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Além de estabelecer as condições e os instrumentos básicos para assegurar e ampliar a produção dos recursos naturais da Bacia, Betão explica que o texto também pretende frear os efeitos da ocupação desordenada às margens da represa. “A cada dia tem avançando o crescimento de empreendimentos e de novas moradias. Algumas construções são de alta complexidade, e o resultado é que dos 48% de água que o Rio Paraibuna tem ofertado a Juiz de Fora, a maior parte fica contaminada em função do despejo de dejetos na represa. Isso tem que ser melhor acompanhado pelo Estado.”

No contexto em que o país vive a maior crise hídrica dos últimos 91 anos, segundo informações do Operador Nacional do Sistema (ONS), Betão avalia como “urgente” a criação de políticas para a proteção dos mananciais. O Projeto de Lei nº 3.081/2021 está no primeiro turno de avaliação pela Comissão de Constituição e Justiça. O texto ainda deve ser analisado pelas comissões de Minas e Energia e de Meio Ambiente.

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