As escolas públicas de Juiz de Fora conseguiram atingir a meta do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2011. Mas os números, divulgados na última terça-feira pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), revelam que as médias locais no ensino fundamental (4,1 e 5,6) ainda são menores do que as médias de Minas Gerais (4,4 e 6). Entre as 103 escolas públicas da cidade, que tiveram o indicador referente às séries iniciais do ensino fundamental publicado, 81 ficaram acima da meta. Entre elas estão o Colégio Tiradentes e a Escola Estadual Professor José Eutrópio, que alcançaram a maior nota local (7 pontos) nesse nível de avaliação, sem contar o Colégio de Aplicação João XXIII (que é federal e fez 7,5). A média de Juiz de Fora para a quarta série foi de 5,6, sendo que a meta era 5,2. Já entre as 91 instituições avaliadas que oferecem a oitava série (nono ano), 46 ficaram acima da projeção, e o município alcançou média de 4,1, sendo que a meta era alcançar ao menos 3,9. Entre os colégios públicos que tiveram os alunos avaliados na oitava série, os federais Colégio Militar (6,5) e João XXIII (6) ficaram com as maiores notas. Já entre as demais atingiram maior pontuação a escola estadual Mercedes Nery Machado (5,6) e a municipal Cosette de Alencar (5,5).
O Ideb foi criado pelo Ministério da Educação (MEC) como forma de avaliar (a cada dois anos) a qualidade da educação nas redes de ensino e nos colégios, a partir do acompanhamento de um indicador de rendimentos e da nota média padronizada (proficiência) alcançada pelos estudantes em avaliações como a Prova Brasil. A pontuação do Ideb varia de 0 a 10, sendo 6 a referência para uma instituição ou rede com qualidade adequada.
Comparando a pontuação atingida pelas redes públicas municipal e estadual na cidade, é possível verificar que, entre os alunos que cursavam a quarta série (quinto ano) durante a última avaliação, os das escolas estaduais atingiram desempenho melhor, 6,1, contra 5,2 das municipais. No entanto, se for analisada a evolução das duas redes desde que o Ideb começou a ser observado (ver gráfico), as duas cresceram na mesma proporção nos primeiros anos do ensino médio, sendo que a média dos colégios municipais já havia superado a meta traçada em 2009 e a dos estaduais superou pela primeira vez a projeção em 2011.
Já em relação ao desempenho dos estudantes da oitava série, as redes estadual e municipal atingiram notas próximas (4,1 e 4, respectivamente) e as metas são alcançadas desde a avaliação de 2007. No entanto, nesse nível de ensino, a diferença para a nota 6, considerada a mínima ideal pelo Inep/MEC, está ainda mais distante.
Salto
A secretária de Educação de Juiz de Fora, Eleuza Barboza, recebeu bem a notícia de que os colégios municipais atingiram a média tanto nos anos iniciais quanto nos finais do ensino fundamental. Segundo ela, o município alcançou o que era esperado, principalmente o salto entre 2005 (quando fez média 4) e 2011 (média 5,2) nas séries iniciais. "Enquanto, em 2007, 28% das nossas escolas atingiram a meta, no último Ideb foram 80%. Foi um crescimento muito positivo. Já a porcentagem de escolas com Ideb preocupante caiu de 47% em 2007 para 2% em 2011. Isso demonstra que as desigualdades entre as escolas está diminuindo."
Já em relação aos anos finais do ensino fundamental, Eleuza ressalta que a cidade segue a tendência nacional de ainda encontrar mais dificuldade de aperfeiçoamento. Ela cita que o município ainda possui alunos com muitos anos de reprovação e algumas defasagens no ensino que precisam ser superadas. "Precisamos intervir nesse grupo, tentando melhorar a condição."
O fato de a média municipal ter ficado abaixo da estadual é encarado com naturalidade pela secretária. "Nos anos finais, essa diferença é pequena, e, nos anos iniciais, o Estado (de Minas) iniciou intervenções há mais tempo. Além disso, a grande maioria das escolas que oferece essas séries é municipal, e nossas escolas estão mais presentes nos bairros, sofrendo mais interferências socioeconômicas. Mas nada disso deve ser encarado como justificativa. São problemas que precisam ser superados, pois todo aluno tem condições de aprender. A partir desses indicadores, vamos diagnosticar as maiores dificuldades."
Importância
De acordo com a coordenadora do Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (Caed) da UFJF, Lina Kátia Mesquita, destaca que o Ideb é importante justamente por permitir acompanhar o desenvolvimento das instituições e traçar planos. "Desde 2005, quando foi criado, é o principal indicador de qualidade da educação básica. Leva em consideração não só a proficiência em português e matemática, como a taxa de aprovação, que aponta a eficiência do fluxo escolar em todas as séries e leva em conta a progressão dos alunos."
A especialista afirma que o país tem motivos para comemorar os últimos dados divulgados, principalmente em relação aos primeiros anos do ensino fundamental. "De 2005 a 2011, tivemos uma progressão importante no Brasil, mas, quando nos voltamos para a avaliação feita com os alunos do nono ano (oitava série), deve-se ficar em alerta, pois a progressão foi pequena." Em relação ao ensino médio, Lina Kátia considera que a situação é alarmante. Segundo ela, o recado deixado pelo último Ideb é que "todos os jovens e crianças têm que estar na escola e aprender na idade certa, e que ter um indicador que motive discussões sobre a educação é fundamental para garantir o direito fundamental dos alunos, que é aprender. Mas todas as redes precisam continuar trabalhando para atingir o patamar ideal."
Colégio Militar e João XXIII se destacam
As escolas federais que oferecem a educação básica em Juiz de Fora mais uma vez se destacaram no Ideb. O levantamento de 2011 coloca o Colégio Militar (com 6,5 pontos) entre os dez mais conceituados de Minas Gerais na avaliação da oitava série, em comparação com as redes municipal e estadual. No entanto, o Inep alerta que, pelo fato de as instituições de ensino pertencentes à rede federal participantes do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) se submeterem à avaliação por amostragem (enquanto a Prova Brasil na qual as escolas municipais e estaduais são avaliadas é censitária), não é recomendado esse tipo de comparação. Também federal, o Colégio de Aplicação João XXIII atingiu boa pontuação tanto no Ideb da quarta quanto no da oitava série, garantindo índices de 7,5 e 6, respectivamente. As duas instituições mantiveram notas próximas às alcançadas nos anos anteriores em que o Ideb foi realizado.
Minas Gerais
A rede estadual de Minas Gerais foi a primeira a alcançar, nas séries iniciais da educação, média 6 no Ideb 2011, atingindo a nota recomendada como padrão mínimo de qualidade. A rede mineira superou o Ideb nacional (5) desse nível de ensino.
Já nos anos finais, apesar de o estado também ter conseguido atingir a meta, há menos motivos para comemoração. Levando em conta as instituições de ensino particulares e públicas, a média estadual foi de 4,6, quando a projeção estimada era 4,2. Já o Ideb nacional atingiu 4,1, ficando também acima da meta proposta, que era 3,9.
O grande desafio da educação brasileira, conforme já apontado por especialistas, é o ensino médio. Levando em conta apenas a rede estadual, as escolas se mantiveram na média desde 2007 e, na última avaliação, atingiram 3,7. Considerando todas as redes públicas e particular, Minas ficou abaixo da meta almejada, com 3,9 pontos quando o esperado era 4,1.