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Licitação busca empresa para realizar plano de ocupação da Represa Chapéu D’Uvas

licitação represa
Licitação tem o objetivo de regularizar ocupação em torno da represa e melhorar a qualidade da água (Foto: Leonardo Costa)
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A ocupação imobiliária desordenada no entorno da Represa Chapéu D’Uvas gera preocupações sobre os riscos para o abastecimento de Juiz de Fora há anos. Em busca de alternativas que visem à preservação das águas, a Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Agevap) abriu processo de licitação para a realização do “Plano de uso e ocupação da Bacia de Contribuição da Represa de Chapéu d’Uvas”. O certame está previsto para ocorrer no dia 12 de junho, e a empresa ganhadora deverá estabelecer diferentes cenários para organizar o zoneamento ecológico e econômico da bacia de contribuição, com o objetivo de diminuir a ocupação irregular em torno da represa e melhorar a qualidade da água. 

O presidente da Agevap, André Luis de Paula Marques, afirma que o cenário atual é preocupante. De acordo com ele, durante a realização de grupos de trabalho para a discussão do tema e após entrevistas com membros ativos na pesquisa e fiscalização da represa, foi constatado que existem diversos impactos ambientais devido ao avanço imobiliário e ao crescimento desorganizado da área. O plano vem com a finalidade de instituir estratégias para solucionar os conflitos existentes há décadas. O prazo estimado para elaboração do documento é de 15 meses, e o valor orçado para o projeto é de R$ 2.635.842,58, com recursos liberados pelo Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Ceivap)

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Utilização consciente da represa

“O plano busca ordenar o uso do território com a visão de utilização consciente dos recursos naturais e conservação da área. Portanto, assim que aprovado, dará respaldo às prefeituras e secretarias estaduais para atuar na fiscalização da área do entorno da represa, barrando possíveis novas ocupações e propondo uma solução para as ocupações já existentes”, esclarece Marques. 

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O presidente da Agevap também destaca que será preciso evitar novas ocupações para interromper a degradação da área. Além disso, outros problemas que necessitam de solução são o lançamento de esgoto direto na represa por parte das ocupações existentes, o planejamento da recuperação ambiental para evitar que desastres naturais aconteçam na região e o monitoramento da qualidade da água e de indicadores ambientais. 

Ao todo, estão previstos 11 produtos a serem entregues pelo plano. Entre eles, os que mais se destacam são: o levantamento topográfico; a modelagem matemática da erosão tanto marginal da represa quanto da bacia de contribuição; o plano de monitoramento da qualidade das águas da bacia e represa; o ordenamento do uso da água e do território; o zoneamento ecológico econômico e social; e a proposição de cenários para conter as ocupações, bem como soluções individuais de tratamento de esgoto para as residências estabelecidas. 

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Licitação adiada em apoio ao Rio Grande do Sul 

No dia 15 de março, o Edital da Concorrência Pública nº 02/2024 foi publicado com a previsão de realização da licitação no dia 9 de maio. No entanto, com as fortes chuvas que atingiram o Rio Grande de Sul e por solicitação de empresas gaúchas interessadas em participar do certame, que é realizado de forma presencial em Resende (RJ), o certame foi adiado. A nova data estipulada para a realização da licitação é o dia 12 de junho. 

A contratação levará em consideração os critérios de julgamento técnico e preço, sendo que a proposta técnica representa 70% da pontuação de julgamento, e o preço, 30%, conforme a Nova Lei de Licitações e Contratos. “Na proposta técnica, as empresas interessadas deverão demonstrar a experiência da empresa em trabalhos similares ao plano da represa Chapéu D’uvas, a experiência e a capacidade técnica de seus profissionais, bem como apresentar um plano de trabalho que demonstre o conhecimento do problema e sua metodologia para o desenvolvimento do plano”, explica o presidente da Agevap. 

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Ambientalista alerta que manancial é fundamental para o futuro de Juiz de Fora devido a sua capacidade de abastecimento. (Leonardo Costa)

Manancial é o futuro da cidade 

Para o vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica dos Afluentes Mineiros dos Rios Preto e Paraibuna, Wilson Acácio, o plano é fundamental para o futuro do manancial, que abastece cerca de 50% da região de Juiz de Fora, além de contribuir para a diluição da poluição do Rio Paraibuna. “Atualmente, ao redor da represa há uma ocupação totalmente desordenada. O que se vê são casas, mansões, construídas sem o menor critério, sem obedecer às legislações em vigor. O plano de ocupação vai fazer com que haja um ordenamento desse espaço.” 

Segundo Wilson, o manancial tem cerca de 143 milhões de metros cúbicos de água e abastece atualmente a casa de mais de 300 mil pessoas. “Não somos contra construções de casas, práticas de lazer ou outras atividades que a água fornece para a sociedade, mas ela tem uma prioridade, que é o abastecimento humano. Por isso, precisamos de critérios para ter águas limpas.” 

O ambientalista ressaltou que o processo de elaboração do certame contou com a participação de órgão públicos, privados e independentes, além da contribuição dos moradores da região. “Espero que a Cesama e a Prefeitura de Juiz de Fora olhem com atenção para o manancial para que sejam feitas ações significativas, pois Juiz de Fora depende e dependerá muito da represa.” 

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