Desde o registro do primeiro caso confirmado de contaminação pelo novo coronavírus em Juiz de Fora, no dia 14 de março de 2020, já se passaram 428 dias. O período, que representa pouco mais de um ano e dois meses, foi marcado por muita angústia, medo, incertezas e dor. A esperança também existiu, mas em pequenas doses, com o avanço ainda claudicante da campanha de vacinação no país. Em meio a este turbilhão de emoções, a pandemia não dá tréguas, e os números, por mais constantes que sejam, deixam marcas indeléveis em toda a cidade. Na última sexta-feira, 14 de maio, a cidade chegou à incômoda marca de mil óbitos registrados em quatro meses e meio de 2021. Foram 1.002 mortos, número 86% maior que as 539 vidas perdidas entre o fim de março e 31 de dezembro de 2020, no primeiro ano da crise sanitária.
Ante a triste marca, a Tribuna fez um levantamento de todas as 1.541 mortes registradas na cidade entre o dia 29 de março de 2020 e a última sexta-feira (14), com base nos boletins epidemiológicos da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). Os números de 2021 impressionam pelo volume e pelo crescimento dos registros em comparação ao ano passado, escalada que começou a ser observada ainda em dezembro de 2020. Contudo, é possível observar algumas semelhanças entre o primeiro e o segundo ano da pandemia na cidade.
O perfil de mortes por gênero é bastante similar de um ano para outro. A maioria das vítimas é do sexo masculino. Em 2020, eles responderam por 53,8% das mortes. Neste ano, até a última sexta-feira, este percentual estava em 52,1%.
No caso da média de idade das vítimas, a diferença de um ano para o outro também é muito pequena quando se olha o todo. No ano passado, a média etária das 539 vítimas mortes em decorrência da Covid-19 foi de 70,8 anos. Em 2021, com um volume consideravelmente maior de óbitos, tal média etária apresentou uma redução de pouco menos de dois anos, e corresponde a 68,6 anos até agora.
Média de idade das vítimas caiu quase nove anos
Todavia, quando analisado mês a mês em 2021, essa média etária das vítimas fatais da Covid-19 parece estar caindo de forma paulatina, o que coincide com dois fatores observados não só na cidade, como em todo país. Um deles é a campanha de vacinação, que já foi oferecida aos grupos etários acima dos 60 anos em Juiz de Fora.
Outro fator é o aumento no número de casos e óbitos entre pacientes jovens, como apontado pelo Boletim do Observatório Fiocruz Covid-19 na última semana de abril, tendência já observada em estudos anteriores. Na ocasião do estudo, o pesquisador Raphael Guimarães avaliou que o “rejuvenescimento” da pandemia pode estar ocorrendo devido a uma maior exposição dos jovens, conforme material divulgado pela Agência Brasil.
A frieza dos números mostra essa tendência de redução na média etária das vítimas da Covid-19 em Juiz de Fora. Embora os idosos ainda respondam pela maioria dos óbitos, a média de idade das vítimas cai mês a mês.
Em janeiro de 2021, por exemplo, Juiz de Fora registrou 201 mortes por Covid-19, com uma média etária das vítimas de 73,7 anos. Em fevereiro, a média caiu para 70,7 anos. Em março, para 68,2 anos.
Em abril, quando a cidade registrou a marca recorde de óbitos em apenas um mês, com 323 mortos em decorrência da doença provocada pelo coronavírus, a média de idade caiu ainda mais, chegando a 66,4 anos. Em maio, até a última sexta, esta média era ainda mais baixa, na casa dos 64,9 anos.
Cerca de 9% não tiveram comorbidades relatadas
Até o último boletim epidemiológico publicado pela Prefeitura na última sexta-feira, Juiz de Fora registrava um total de 1.551 óbitos. Com base no levantamento feito, caso a caso, pela Tribuna, em cerca de 9% dos registros não foram relatadas comorbidades das vítimas.
Com base em dados da Prefeitura, em 132 registros de mortes por Covid-19, as informações sobre as vítimas constavam como “sem comorbidades”. Em dois casos, o dado é de que ainda é aguardada a ficha para verificação de existência de comorbidades.
Por fim, em cinco situações, não há outros dados além do gênero, da idade e da data do óbito. Uma outra vítima ainda teve registrado como fator de risco o período de puerpério.