“Que esse seja um exemplo para que baste a violência que vem sendo tão visível em Juiz de Fora nos últimos tempos”, diz Amanda Ríspoli, filha e advogada de Geraldo Magela Baessa Ríspoli, morto aos 72 anos enquanto tentava apartar uma briga na Rua Eugênio Fontainha, no Bairro Manoel Honório, na Zona Leste de Juiz de Fora, em junho do ano passado. Na última semana, a juíza Joyce Souza de Paula definiu que o caso denunciado como homicídio qualificado irá a júri popular. Ainda conforme a decisão, o suspeito aguardará preso o julgamento, ainda sem data marcada.
Para a filha, que também advoga no caso do homicídio do próprio pai, a decisão coroou a “justiça de verdade” pela qual o pai, também advogado, sempre defendeu no decorrer da sua carreira de 40 anos. “Me sinto aliviada de saber que a pessoa que agiu de forma tao agressiva e injusta ceifando a vida de um homem bem intencionado, com dois socos extremamente fortes, receberá de populares uma sentença que demonstre o quanto foi reprovável a conduta perpetrada pelo mesmo”, manifesta Amanda.
Conforme os autos do processo, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MG) aparece como terceira parte do processo. Alexandre Atilio, presidente da subseção da OAB Juiz de Fora, informou que uma comissão foi criada para acompanhar o caso. “Trata-se de um ato de violência cometida contra um advogado que, inclusive, tentou apartar um discussão. O processo está em curso, sempre com respeito ao contraditório e à ampla defesa.”
A Tribuna tentou e não conseguiu contato com os advogados do réu. O espaço segue aberta às manifestações.
O caso
Na denúncia feita pelo Ministério Público são narrados os fatos que teriam acontecido na noite de 17 de junho de 2024 e culminado em uma briga. A situação, entretanto, não envolviam a a vítima de homicídio – que só teria ido apartar uma briga. Era por volta das 18h, quando um ex-funcionário de uma churrascaria no Manoel Honório teria iniciado um conflito com outro homem que ainda trabalha no estabelecimento. Isso porque, tempos antes, ele havia sido testemunha em favor da empresa em uma ação trabalhista movida pelo ex-colaborador.
Quando se encontraram, naquele dia, o suspeito teria ido confrontá-lo. O ex-funcionário agarrou o antigo colega de trabalho pela camisa, o que teria chamado atenção do advogado Geraldo, 72 anos. Ele tentou apaziguar os homens e, conforme a peça acusatória do MPMG, o homem agrediu o idoso com dois socos no rosto, que causaram uma queda e, posteriormente, traumatismo crânio-encefálico, levando-o a óbito
O ex-funcionário, que nesta medida se tornava o suspeito de matar Geraldo, tentou fugir, mas foi localizado pela Polícia Militar na churrascaria e preso em flagrante. Logo depois, ele teve a prisão convertida em preventiva durante audiência de custódia. A visão defendida pela promotoria é que o crime foi cometido mediante recurso que dificultou a defesa da vítima – com um porte físico mais frágil por conta da idade. Além disso, para o MPMG, o homicídio ocorreu por motivo fútil, já que a vítima foi morta tentando apaziguar uma desavença entre os homens.