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Média móvel de novos casos de Covid-19 cai 33% em JF

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A média móvel de novos casos de Covid-19 em Juiz de Fora apresentou uma redução de 33,3% nas duas últimas semanas. De acordo com a 25ª edição do Boletim Informativo Covid-19 da Plataforma JF Salvando Todos, divulgado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) nesta quarta-feira (14), houve uma desaceleração na taxa de crescimento do número de casos na cidade. O boletim aponta também aceleração no índice de óbitos, cuja média móvel subiu 34,9% nas últimas duas semanas.

O documento dos pesquisadores da UFJF usa como base as informações divulgadas pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) nos boletins epidemiológicos da Covid-19. Conforme os dados, em 15 de março, a cidade tinha 21.847 casos confirmados, número que subiu para 24.385 em 29 de março – ou seja, o crescimento foi de 11,6% em 14 dias. Já nas duas semanas seguintes, o município registrou 1.572 casos entre 29 de março a 12 de abril, elevando o total para 25.957 no dia 12, demonstrando aumento de 6,4%. Comparando as duas porcentagens é possível avaliar que houve redução na taxa de crescimento de novos casos.

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A análise da média móvel, que considera o número de casos registrados nos sete dias anteriores, também demonstra que houve redução. Em 29 de março, a média móvel era de 202,7 novos casos por dia. Já em 12 de abril, duas semanas depois, essa média estava em 135,3 casos. Ou seja, de 29 de março a 12 de abril, a média móvel caiu 33,3%.

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De acordo com o professor do Departamento de Estatística do Instituto de Ciências Exatas (ICE) da UFJF e coordenador da Plataforma JF Salvando Todos, Marcel de Toledo Vieira, apesar de o número de casos confirmados ter apresentado sinais de queda, ele ainda se encontra em um patamar elevado. Além disso, outros índices devem ser levados em conta.

“É importante ficarmos atentos ao número de casos suspeitos, uma vez que nem todas as pessoas são testadas, pois o mesmo apresentou aumento na semana passada em relação à semana anterior.” Assim, o acompanhamento deve permanecer nas próximas semanas para identificar se, de fato, há uma tendência de queda nas confirmações de contaminação pelo coronavírus.

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Óbitos

Apesar da diminuição na taxa de crescimento de novos casos, o município teve aumento da quantidade de novos óbitos nas últimas duas semanas. Conforme os dados dos pesquisadores, em 15 de março a cidade tinha 901 óbitos. O número, entretanto, subiu para 1.044 em 29 de março – um aumento de 15,9%.

Quatorze dias depois, em 12 de abril, foi verificado um novo aumento: a quantidade de óbitos chegou a 1.242 mortes, o que equivale a um acréscimo de 19% no número de vidas perdidas entre 29 de março e 12 de abril.

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Mais uma vez, aplicando a análise à média móvel de óbitos, é possível perceber que houve crescimento. A taxa considera o número de óbitos registrados em sete dias para definir a média de novas mortes diárias neste período.
De 29 de março a 12 de março, a média móvel cresceu 34,9%, pois passou de 12,9 para 17,4. Apesar disso, levando em consideração o crescimento nas duas semanas anteriores a 29 de março, o percentual de aumento tinha sido de 101,6%. Desta forma, os dados mostram que a quantidade de óbitos continua crescendo, mas em menor velocidade, conforme explica Marcel.

“O número de vidas perdidas alcançou, na semana passada, o maior número desde o início da pandemia, com 128 óbitos (em uma semana). A taxa de crescimento da média móvel foi de 34,9% e tinha sido de 101,6% duas semanas antes, o que pode estar sugerindo uma desaceleração da taxa de crescimento no número de vidas perdidas, mesmo estando no mais alto patamar desde o início da pandemia”, diz o professor Marcel.

“Será importante também acompanharmos esses números nas próximas semanas, uma vez que o número de casos está relacionado ao número de óbitos em duas a quatro, ou mais, semanas depois.”

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Maior taxa de letalidade

Apesar da diminuição dos índices, a cidade ainda tem uma taxa de letalidade pela doença maior do que a observada em Minas Gerais e no país. No dia 12 de abril, este índice estava em 4,78% no município. Na data de referência, a taxa de letalidade foi de 2,29% no estado e 2,62% no Brasil.

Disseminação do vírus teve nova alta

A disseminação do coronavírus em Juiz de Fora apresentou uma variação no período analisado pela Plataforma JF Salvando Todos, entre 29 de março e 12 de abril. Conforme apontado pelo boletim, o Número de Reprodução Efetivo (RT) – que indica a transmissão da doença por uma pessoa contaminada a outras – esteve abaixo de 1 entre os dias 1º e 11 de abril. Entretanto, a taxa foi para 1,28 no dia 12.

Quando o RT é superior a 1, significa que há a disseminação do vírus, considerando que cada paciente transmite a doença para, pelo menos, mais uma pessoa. Como destacado no informativo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que, para que a pandemia esteja sob controle, é necessário que este índice se mantenha abaixo de 1 por, ao menos, duas semanas. Conforme os pesquisadores, isto ainda não foi observado em Juiz de Fora, apesar de o RT ser melhor do que o apresentado em outras edições.

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Flexibilizações impactam nos dados

De acordo com Marcel, os números epidemiológicos ainda devem ser estudados para avaliar os efeitos no cenário da pandemia na cidade, diante das novas flexibilizações que devem ocorrer com a saída de Juiz de Fora da onda roxa do Minas Consciente. “Continuamos considerando que o cenário atual ainda inspira muitas preocupações. É necessária a ampliação do número de doses de vacinas oferecidas para a população, a ampliação das medidas de amparo social e econômico para pessoas em vulnerabilidade social, pequenas e médias empresas. Além disso, é importante que as pessoas saiam de casa apenas se realmente necessário, mantenham o distanciamento social, usem corretamente as máscaras de boa qualidade, mantenham a ventilação de ambientes fechados e continuem com as medidas de higienização”, destaca o professor da UFJF.

Nesta quinta-feira (15), o governador Romeu Zema (Novo) anunciou a saída da macrorregião Sudeste da onda roxa, onde Juiz de Fora se enquadrava até então. Como lembrado pelo coordenador da Plataforma JF Salvando Todos, Marcel de Toledo Vieira, os países que conseguiram controlar a pandemia adotaram determinadas medidas como maior rigor no controle de circulação de pessoas, ações de amparo social e econômico para os mais vulneráveis, bem como pequenas e médias empresas, e a própria vacinação. Entretanto, no Brasil, as medidas para o isolamento social, por exemplo, não têm se demonstrado suficientemente eficazes.

“Mesmo com um cenário ainda extremamente preocupante, dados do Google Mobility para Juiz de Fora indicaram que a adesão ao isolamento social apresentou tendência de queda nas últimas duas semanas”, diz o professor. “As medidas de amparo social e econômico tem sido muito tímidas e insuficientes no país, e a vacinação apresenta-se ainda em um ritmo lento, muito restrita a grupos prioritários sobretudo por conta do número de doses disponibilizadas até o momento”, destaca.

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