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JF tem 2 mortes por dengue grave

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Kit dengue está sendo distribuído no Centro de Hidratação, no PAM-Andradas (Fotos: LEONARDO COSTA/15-02-16)
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Kit dengue está sendo distribuído no Centro de Hidratação, no PAM-Andradas (Fotos: LEONARDO COSTA/15-02-16)

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Alunos da Escola Municipal Gabriel Gonçalves da Silva, no Ipiranga, realizaram protesto para mobilizar a população

Uma adolescente de 13 anos foi a segunda pessoa a morrer em decorrência da dengue hemorrágica, ou grave, na cidade. Dominique Marie Vieira Borges Varandas deu entrada na Santa Casa de Misericórdia no último sábado às 18h30, vindo a óbito às 20h55 do mesmo dia. A informação foi confirmada pela assessoria de comunicação do hospital e pela Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora. A segunda morte, que não foi divulgada para a imprensa na época, aconteceu no dia 23 de janeiro, quando uma idosa de 73 anos também faleceu na Santa Casa por esta modalidade da doença. Ela seria cardiopata. Há, ainda, um terceiro caso envolvendo um idoso de 69 anos, que, desde a última sexta-feira, está internado no Hospital Monte Sinai. A Secretaria de Saúde informou ontem que está acompanhando o quadro dele, que evoluiu para dengue grave. De acordo com a assessoria de comunicação do hospital, o estado de saúde é grave, sedado, instável.

A dengue na adolescente, segundo a Santa Casa, foi diagnosticada durante a sua internação e notificada para a Vigilância Epidemiológica do município. A Secretaria de Saúde disse que a jovem contraiu a doença na cidade e que, durante a tarde de ontem, uma equipe da pasta fez um bloqueio na Zona Sul, a cem metros da residência da adolescente. Desde 2014, o termo dengue hemorrágica foi substituído pelo Ministério da Saúde, passando a entrar nos registros da doença apenas como dengue grave.

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Segundo o pesquisador em Virologia do Laboratório de Imunopatologia da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Marco Antônio da Silva Campos, não existe hoje uma porcentagem de morte por dengue grave calculada, mas a probabilidade varia de acordo com fatores como idade, predisposição genética, imunidade do hospedeiro e, naturalmente, o tipo de vírus que infectou a pessoa. A complicação mais séria neste tipo de apresentação da doença é a síndrome do choque da dengue, quando há queda ou ausência de pressão arterial. “A pessoa apresenta um pulso quase imperceptível, inquietação, palidez e perda de consciência. Há registros de várias complicações, como alterações neurológicas, problemas cardiorrespiratórios, insuficiência hepática, hemorragia digestiva e derrame pleural”, afirma Campos.

Comoção e protesto
O sepultamento de Dominique Varandas aconteceu no último domingo, no Cemitério Parque da Saudade. O caso provocou forte comoção nas redes sociais. No Facebook, o pai da jovem, o professor de geografia Marcello Varandas, pediu orações pela filha. “É com um pesar incomensurável e com uma dor que está arrebatando o meu coração que eu informo que minha querida e amada filha, Dominique, está entubada no Centro de Terapia Intensiva (CTI) da Santa Casa, entre a vida e a morte, lutando para viver. Peço a todos as mais profundas orações”, pedia ele em uma das publicações na rede. Minutos depois, uma nova postagem confirmou o óbito da garota. “Lamento informar que minha filha acabou de falecer, ví­tima de dengue hemorrágica”.

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Além de professor no Colégio Machado Sobrinho, Varandas é vice-diretor da Escola Municipal Gabriel Gonçalves da Silva, no Bairro Ipiranga, Zona Sul. A entidade foi impedida de iniciar o ano letivo no último dia 2, devido a focos de Aedes aegypti encontrados nas imediações da escola. Na manhã desta segunda, os alunos realizaram um protesto pelo bairro para alertar a comunidade a respeito do mosquito, além de marcar o retorno às aulas na instituição.

Conforme explica a diretora da entidade, Cláudia Valssis, a morte da adolescente, que não era estudante da escola, ajudou a sensibilizar ainda mais os alunos para o combate ao mosquito. “Não podemos deixar que um ser irracional como o Aedes aegypti seja capaz de tirar a vida de um ser humano”, ressaltou. Em passeata, cerca de 200 alunos foram para as ruas com cartazes, faixas e bandeiras de conscientização. A escola atende alunos do 6º ao 9º do ensino fundamental. As aulas serão retomadas nesta terça.

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Ações

Após a confirmação das primeiras duas mortes por dengue na cidade, a Prefeitura informou que seguirá com ações de enfrentamento da doença. Nesta semana, os trabalhos com carro fumacê serão iniciados novamente, assim como a segunda etapa da “5ª Ação Contra a Dengue” realizada pela Guarda Municipal. Recebem o serviço, desta vez, as regiões do Morro do Imperador e dos bairros Bandeirantes e Recanto dos Lagos. O objetivo é retirar do meio ambiente materiais que podem acumular água e servir de criadouro para o mosquito transmissor da dengue, zika vírus e chikungunya.

Na primeira etapa, em janeiro, a equipe percorreu áreas de preservação ambiental nos bairros Pedras Preciosas e Terras Altas, a Reserva Biológica do Poço d’Anta e a Unidade de Conservação do Parque da Lajinha. Nestes locais foram retirados quatro sacos de cem litros de material plástico, 15 pneus e três galões. Além da eliminação dos possíveis criadouros, foi feita orientação aos moradores das regiões visitadas e captura de larvas para análise.

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Dificuldades para encontrar repelentes

O número cada vez maior de casos confirmados das doenças causadas pelo Aedes aegypti tem provocado uma verdadeira corrida em busca dos repelentes nas drogarias da cidade. A procura aumentou, principalmente, quando uma gestante foi confirmada com zika vírus em Juiz de Fora, em janeiro. De acordo com o último levantamento da Secretaria de Saúde, feito em 5 de fevereiro, o município tem 796 possíveis notificações confirmadas de dengue. Isso porque o zika vírus é investigado quando há suspeita em gestantes, enquanto que o chikungunya quando a sorologia para dengue é negativa. Uma nova atualização destes números deve ser divulgada ainda hoje. Até então, Juiz de Fora tem dois casos de zika vírus, sendo um importado, e um de chikungunya.

A Tribuna entrou em contato, na tarde de ontem, com três redes de drogarias instaladas na cidade. Nas três houve a confirmação de que os repelentes estão em falta. Quando os produtos chegam, esgotam-se das prateleiras em poucas horas. Na tarde de domingo, a jornalista Ana Cristina Oliveira foi a três estabelecimentos em busca do produto, e não encontrou. Em um deles, a orientação foi para deixar o telefone, para fazer reserva. O fotógrafo Marcelo Pereira, cuja esposa está grávida, disse que comprou dois frascos de repelentes há alguns dias, após procurar em uma drogaria e em uma loja de departamentos. Ele disse que em marcas mais procuradas para gestantes, como a Exposis, que tem efeito por mais tempo, a diferença de preço chama atenção. “Encontrei em uma farmácia de bairro pelo dobro do preço que habitualmente encontrava.”

A prática de reserva tem sido adotada em algumas drogarias, como a Pacheco da Avenida Rio Branco. Conforme a farmacêutica responsável, a reposição do estoque ocorre todos os dias, em quantidade que seria suficiente para atender a demanda dentro da normalidade. No entanto, os repelentes se esgotam em cerca de duas horas, e a reserva tem sido feita para gestantes. Na rede Pague Menos, a farmacêutica Thaís Vieira Soares, que atua na unidade da Avenida Getúlio Vargas, disse que todo o estoque se esgotou antes do carnaval, e poucas unidades chegam diariamente, o que não tem suprido a demanda. “Semana passada recebi mercadorias três vezes, e chegam cerca de cinco por vez. Vende tudo, muito rápido. As pessoas não estão nem se preocupando mais com a marca, por conta da dificuldade em conseguir os repelentes.” Situação semelhante é observada na Rede MG Farma, que atende a 61 drogarias na Zona da Mata, sendo 26 apenas em Juiz de Fora. A informação é que as distribuidoras não conseguem mais suprir os pedidos dos estabelecimentos.

Minas Gerais
Municípios da Zona da Mata estão entre aqueles que, proporcionalmente com o número de habitantes, têm mais casos de doenças causadas pelo Aedes aegypti. Nas dez primeiras colocações, conforme a Secretaria de Estado de Saúde, cinco cidades da região aparecem: na quarta colocação no estado está Visconde do Rio Branco, com 2,8% da população infectados, seguida de Guidoval, na quinta (2,6%); Guarani, sexta (2,4%); Divinésia, sétima (2,2%); e Além Paraíba, na décima (1,8%).

 

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