Em um momento em que o número de casos de Covid-19 vem aumentando em Juiz de Fora e no país, inclusive batendo recordes de casos em 24 horas no estado, as medidas de prevenção ao contágio pelo coronavírus são essenciais para prevenir a contaminação. Especialistas apontam que o avanço da vacinação e a diminuição do número de casos graves levaram a população a relaxar em relação às medidas, como uso de máscaras e higiene das mãos, mas alertam que é preciso intensificar os cuidados e evitar a exposição ao contágio, principalmente por conta da variante Ômicron, que apesar de ser aparentemente menos letal, tem uma capacidade de transmissão muito maior que a variante Delta.
Especialmente após as festividades de fim de ano, o número de confirmações da doença vem aumentando. A situação vista no país segue uma tendência mundial, já que nesta semana, 3,6 milhões de casos de Covid-19 foram registrados em apenas um dia, batendo um recorde em toda a pandemia. O mesmo aconteceu em Minas Gerais: 18.910 contaminações foram confirmadas entre quinta e esta sexta-feira (14), o maior número desde março de 2020, aumentando a preocupação com os índices de transmissão do coronavírus.
Para o infectologista Mário Novaes, os números apontam para um cenário de apreensão, e é necessário que a população volte a adotar hábitos mais restritivos para diminuir o contágio nesta nova onda de casos de Covid-19. “Se você não quiser que o cenário piore, você tem que fazer o possível para evitar um possível contágio e transmissão. Agora é a hora de voltar com o hábitos mais restritivos, com certeza”, adverte o médico.
Além disso, Novaes lembra ser fundamental a vacinação contra a Covid-19. “A primeira coisa que a população deve fazer é se vacinar e ir tomar todas as doses que estão disponíveis. É importante que as crianças também sejam vacinadas, porque elas também podem se contaminar e transmitir. Não há nenhum efeito adverso mais grave em crianças do que em adultos, mas é preciso que todos se vacinem”, destaca.
Máscara deve cobrir nariz e boca; N95 é a mais indicada
Apesar de o uso de máscaras ainda ser obrigatório e determinado por decreto municipal, parte da população não faz mais uso do item ou o utiliza de forma totalmente inadequada. Nas ruas, é possível observar aqueles que a colocam somente no queixo, ou, ainda, somente sobre a boca, deixando o nariz exposto à contaminação.
De acordo com o infectologista Mário Novaes, o equipamento de proteção ainda é fundamental para a proteção individual e deve ser utilizado em todos os ambientes. “O uso de máscara pela população é uma importante e eficaz medida para evitar a propagação do vírus. De preferência, quem puder comprar, que use a N95 (PFF2), em todos os locais, porque ela protege mais contra a variante Ômicron em relação aos demais modelos. Para se ter uma ideia, a variante Ômicron tem uma capacidade de propagação de seis a oito vezes maios que a capacidade de propagação da Delta”.
A máscara também deve ser usada de maneira adequada: cobrindo toda a região inferior do rosto, principalmente boca e nariz, e suas extremidades devem estar bem vedadas. A transmissão do coronavírus ocorre principalmente e facilmente por via respiratória facilmente transmitida de uma pessoa para outra. Portanto, é fundamental usar máscara, principalmente quando há contato próximo com outra pessoa. O médico lembra que o uso do item é uma medida de proteção individual e coletiva. “Devemos nos cuidar e também proteger o outro”.
Encontros devem ser evitados
Apesar do relaxamento do isolamento social, possibilitado pela vacinação da população, neste momento de maior transmissão, a orientação é para que se evite contatos desnecessários. “O que faz aumentar a transmissão da Covid-19 é aglomeração. Então, ela deve ser evitada”, enfatiza o médico, que é categórico ao dizer que precisamos sair de casa somente para o necessário. Na avaliação dele, encontros com amigos e reuniões em bares e festas são totalmente dispensáveis neste momento. “Nessas horas em que há maior relaxamento, ninguém vai para bar e fica de máscara. É preciso que a gente seja sensato. Se a pessoa não quer que o cenário piore, ela vai sair somente para o necessário”, reitera.
Mesmo reuniões familiares, que envolvam parentes para além do núcleo familiar, na opinião do médico, devem ser evitadas. “A transmissão ocorre nesses pequenos encontros. O número de casos está crescendo agora por conta das festas de fim de ano e dos encontros, a maioria, de família. E hoje você vê várias pessoas da mesma família infectadas. Ou seja, é preciso que esses encontros parem de acontecer, pelo menos por agora. Quanto mais a pessoa se reserva, melhor”.
O médico ainda lembra que se sair for inevitável, as pessoas devem tentar manter distância umas das outras, outra medida fundamental para diminuir o contato respiratório entre elas.
Assintomáticos transmitem
Diferente do que parte da população acredita, pacientes que estão com a Covid-19 mas não apresentam sintomas, os chamados assintomáticos, também transmitem o vírus. O risco, nesses casos, é que quem não manifesta sintomas tem mais probabilidade de sair sem máscara e sem tomar cuidado, achando, erroneamente, que não transmite o vírus. Portanto, é preciso que os cuidados sejam redobrados, como lembra o especialista. Ele cita que as vacinas têm se provado eficazes na diminuição de casos graves, mas não é possível arriscar, já que boa parte da população ainda não completou o esquema vacinal e está mais vulnerável ao vírus, assim como também têm aumentado os registros de reinfecção (mesmo em pessoas com as três doses da vacina contra a Covid-19). Além disso, a maior circulação do vírus, conforme lembra, pode acabar originando novas variantes do coronavírus. Os pacientes assintomáticos, assim como aqueles que apresentam sintomas, também devem fazer o isolamento domiciliar.
Aferir a temperatura na entrada de estabelecimentos pode ser importante
Para o médico infectologista Mário Novaes, além de medidas restritivas, a retomada de determinados protocolos podem ser importantes para diminuir a transmissão da Covid-19. Um deles é aferir a temperatura das pessoas na entrada de estabelecimentos. Atualmente, essa medida não é mais obrigatória em Juiz de Fora, conforme o Juiz de Fora Viva, programa municipal que estabelece regras e protocolos para o enfrentamento à pandemia. Entretanto, na opinião de Novaes, deveria voltar a ser.
“A variante Ômicron tem se manifestado com muita febre baixa. Então, deveriam medir a temperatura na entrada dos locais. Isso pode ajudar a evitar a proliferação da Covid-19, porque se a pessoa tiver com febre, a entrada dela não vai permitida. Então eu acho que isso pode sim ajudar”, avalia.
Outro protocolo que o infectologista aponta como necessário é a do “passaporte de vacinação”. Para o médico, a medida também é importante para evitar que pessoas totalmente desprotegidas circulem ainda mais pela cidade e coloquem a si mesmas e a demais pessoas em risco.