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Dia dos Professores: profissão é transmitida entre gerações

Dia dos Professores: profissão é transmitida entre gerações
(Fotos: Arquivo pessoal)
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O dia 15 de outubro é conhecido por celebrar uma das profissões mais importantes da sociedade: os professores. A nobre função de ensinar as pessoas é fundamental para que qualquer conhecimento seja adquirido – afinal, como diz o ditado: ninguém nasce sabendo. Inclusive, os próprios docentes precisam aprender a lecionar. Quando se tem um exemplo dentro de casa, o aprendizado fica mais simples.

Com o intuito de celebrar o Dia dos Professores, nesta terça-feira (15), a Tribuna conversou com duas mulheres que tiveram a oportunidade de seguir os passos dos próprios pais ao exercerem sua atual profissão. Cristiane Brasileiro Mazocoli, de 54 anos, dá aula há 32, assim como seu pai, Luiz Carlos Mazocoli (que trabalhou na função por, aproximadamente, 35 de seus 80 anos). Já Ligia Menezes do Amaral, 58, também acompanhou Lucas Marques do Amaral, 85.

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Cristiane, professora de Literatura Brasileira na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), que já trabalhou na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e na rede municipal da cidade, conta que o pai dava aula de Direito Internacional na UFJF, além de ser advogado. Muito por conta disso, desde o início de sua formação, pensou em se graduar em curso de licenciatura.

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“Sempre gostei muito do ambiente da escola. O familiar é mais restrito, enquanto o de ensino cria uma ponte para ver mais pessoas. É um local em que nos encontramos para aprender coisas novas. Vi meu pai dando aula algumas vezes, o que me influenciou em partes – juntamente às minhas professoras e ao fato de ser irmã mais velha: quando eu gostava muito de alguma coisa, queria mostrar para as minhas irmãs.”

Além disso, ela relata que Luiz Carlos ia sempre muito animado à universidade e gostava até mesmo de ler provas, já que dessa forma conseguia perceber o jeito de cada pessoa e pensar em como poderia intervir, enquanto professor, para ensinar da melhor forma. “Pensava em estratégias para atrair a atenção das pessoas, para dialogar e não se exibir”, destaca.

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Ligia é professora da Faculdade de Medicina da UFJF, e também foi médica do Hospital Universitário por 29 anos. “Desde que me entendo por gente, meu pai já era professor da Faculdade de Farmácia da UFJF. Me lembro de, ainda bem pequena, vê-lo entrar em casa com uma pilha de provas para corrigir e de como eu me achava importante ao dizer aos colegas do colégio que meu pai era professor”, afirma.

Além do pai, ela conta que teve outras professoras durante sua trajetória que também a influenciaram, assim como suas tias, que deram aula de Matemática e Francês. Na época de escola, já era totalmente encantada com a docência. Ao brincar com bonecas, eu as dispunha em roda e dava aulas para elas. Me formei no longo curso de Medicina e tive dois filhos, então o sonho foi adiado por um longo tempo. Quando eles cresceram e já estava estabelecida como médica pneumologista, dei prosseguimento”, relata.

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Após dar aulas em uma faculdade particular e perceber o quanto a atividade era mesmo gratificante, Ligia teve a oportunidade de prestar um concurso para uma vaga no Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina. Conforme ela, o pai sempre foi dedicado à vida acadêmica e sua mãe chegou a dar aulas como professora substituta também. Com isso, eram comuns as conversas sobre a profissão em sua casa – um ambiente de grande privilégio, onde o estudo e a leitura eram muito estimulados.

Sentimento compartilhado entre professores

Segundo Cristiane, a profissão é uma âncora para seu pai, que permite que até hoje ele se expresse e entenda as coisas, já que está com problemas neurológicos, por conta da Covid-19. “Mesmo assim, ele me pergunta sobre as aulas. O nosso interesse compartilhado pela docência ainda é uma razão para conversa até hoje. A cabeça dele se acende nesses momentos, e nossa conexão se reafirma quando o assunto é esse. É impressionante para mim, que vi muita coisa da cabeça dele sendo afetada nos últimos anos, a linguagem estar 100% preservada – o que neurologistas afirmam ser característico de professores.”

Ligia também ressalta que dividir a profissão com o pai é um sentimento de troca de experiências, mas, sobretudo, de alegria compartilhada. “Hoje meus dois filhos, em profissões diferentes da minha e do meu pai, também consideram o exercício da docência. É como uma paixão que atravessa gerações em nossa família. Acredito que se algum de nós não tivesse vivido a profissão como uma grande oportunidade e com alegria, esse ciclo teria se interrompido ao longo do tempo.”

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* sob supervisão da editora Gracielle Nocelli

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