Ícone do site Tribuna de Minas

Polícia Civil conclui inquérito sobre morte de advogado que teve corpo jogado no rio

corpo capa
luciano vidal olavo
Delegado Luciano Vidal apurou que jovem de 20 anos foi quem marcou encontro con intuito de roubar a vítima (Foto: Olavo Prazeres)
PUBLICIDADE

A Polícia Civil concluiu, na última semana, o inquérito que apurava a morte do advogado e policial militar reformado Carlos de Oliveira Barros, 75 anos, cujo corpo teria sido jogado nas águas do Paraibuna e ainda não foi encontrado. O relatório final trouxe à tona uma reviravolta no caso, com a presença de novos elementos, entre eles, a real motivação para o crime: latrocínio – roubo seguido de morte. Ao contrário do que se pensava, a vítima não foi ao Parque das Torres por livre vontade, mas sim atraída por um dos assassinos. Além disso, foi atestada a participação de outras duas pessoas no episódio violento, um adolescente, 17, e a mãe do jovem de 20 anos suspeito de executar a vítima.

Os dois jovens de 20 e 21 anos, presos temporariamente no Ceresp, foram indiciados por quatro crimes pela execução do idoso, morto com golpes de tijolo, pedra e machado. A pena da dupla pode chegar a 39 anos de reclusão. A Polícia Civil informou nesta sexta-feira (16) que a prisão temporária da dupla foi convertida pela Justiça em preventiva. Eles então seguem detidos na unidade prisional.

PUBLICIDADE

As investigações confirmaram que o suspeito mais novo tinha uma dívida de R$ 300 com o policial militar reformado, referente a honorários advocatícios, conforme a polícia já havia divulgado. Porém, conforme apurou o delegado Luciano Vidal, o mesmo suspeito de 20 anos ainda teria uma dívida com outro homem, que seria traficante do Bairro Parque das Torres, Zona Norte, e estaria sendo ameaçado por ele. Ao contrário da hipótese inicial de que o idoso foi morto porque teria ido ao bairro cobrar a dívida de R$ 300 do suspeito, as investigações concluíram que foi o próprio suspeito quem atraiu a vítima até o Parque das Torres, dizendo que pagaria a dívida referente aos honorários.

PUBLICIDADE

Ficou apurado, portanto, que o jovem de 20 anos teria marcado o encontro, na verdade, com o intuito de roubar a vítima, matá-la em seguida e usar o produto do roubo para quitar sua dívida com o suposto traficante. “Ele pensou que Barros seria uma vítima em potencial para ser roubado, por ser idoso e ter carro. O crime foi arquitetado dias antes. A ideia deles era roubar o carro do advogado, mas no dia do crime ele foi para o bairro de Uber. Como já estava tudo tramado, eles seguiram com o plano e roubaram tudo que o idoso tinha”, disse Vidal.

Segundo o delegado, foram identificadas diversas ligações do jovem de 20 anos para a vítima. “Uma testemunha que estava com o advogado antes do crime confirmou que quem ligou para a vítima foi a mãe do rapaz. Foi ela, inclusive, quem recebeu o idoso no imóvel onde ocorreu o crime. Esta mesma testemunha estava no Uber e viu a suspeita. Este fato também foi confirmado pelos indiciados, que afirmaram que a mulher pensava que Barros apenas seria roubado”, comentou.

PUBLICIDADE

Por este motivo, a dupla presa responderá por latrocínio, que é o roubo seguido de morte. Os jovens de 20 e 21 anos roubaram celular e carteira do advogado. A mãe do preso de 20 anos foi indiciada por roubo qualificado em concurso de pessoas. A pena máxima pode chegar a aproximadamente 13 anos. Um homem que comprou o celular do advogado foi indiciado por receptação. O aparelho foi vendido logo depois e recuperado pela Polícia Civil.

Adolescente de 17 anos esteve na cena do crime

Os suspeitos responderão ainda por ocultação de cadáver e fraude processual, pois teriam voltado até o local do crime, no dia seguinte, para eliminar os indícios do crime. Os dois jovens também foram indiciados por corrupção de menores. Segundo a Polícia Civil, um adolescente de 17 anos esteve na cena do crime. Após investigações, foi possível apurar que o jovem também estaria na residência onde o advogado foi morto e teria ajudado a iluminar o local com o celular. Ele responderá por ato infracional análogo aos crimes de latrocínio e ocultação de cadáver. “Além de iluminar o local, que estava muito escuro, o adolescente ainda teria tirado uma foto do jovem de 20 anos com o cadáver do advogado. A imagem foi apagada. A perícia da Polícia Federal tentou recuperar a foto, mas não foi possível”, acrescentou Vidal. O adolescente e a mãe de um dos envolvidos aguardam em liberdade a decisão da Justiça.

PUBLICIDADE

Ainda segundo o delegado, a prótese dentária, a pedra que teria sido utilizada na agressão e um chinelo do suspeito de 20 anos foram encaminhados para Belo Horizonte para exame de DNA. A prótese também foi levada ao Instituto Médico Legal (IML), junto com um raio-x do dente da vítima. O inquérito foi remetido à Justiça na última sexta-feira (9).

Reconstituição

A Polícia Civil fez a reconstituição do crime, que teria ocorrido no dia 2 de janeiro. Os suspeitos detalharam todos os passos de execução. Segundo as investigações, as ações tiveram início do lado de fora do imóvel onde vivia o jovem de 20 anos, na Avenida Atlântica. O advogado chegou ao local de Uber e teria aguardado o rapaz por horas. Foi ao lado do portão de entrada do imóvel que o idoso teria sido surpreendido pela dupla com uma “gravata”. Segundo a polícia, os suspeitos contaram em depoimento, e reafirmaram durante a reconstituição, que arrastaram o homem para os fundos da casa, que margeia o Paraibuna. Eles então reconstituíram as agressões, usando pedras, tijolos, viga de ferro e machado. Logo em seguida, foi mostrado como o corpo foi arrastado pelo chão de terra e jogado no rio. Foram feitas buscas, mas o cadáver não foi encontrado pelos Bombeiros.

PUBLICIDADE
Sair da versão mobile